quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A reafirmação do comodismo


O PMDB se reúne, em congresso promovido por uma fundação a ele vinculada, para discutir propostas de superação da crise econômica e alternativas às políticas do governo petista, que tem a sua participação como principal sócio, por ocupar sete ministérios e a Vice-Presidência do país.
O presidente da fundação disse que “As pessoas estavam com medo de que o congresso (do partido) fosse para afirmar posição contrária ao governo. Não estamos nessa. Não podemos ser cúmplices de uma crise tão profunda que atormenta a sociedade brasileira. Não aceitamos a camisa de força que querem nos impor de transformar o ano de 2015 inexistente na vida do país”.
Embora reforce o entendimento de que o caráter do congresso é apresentar propostas ao país e não discutir a aliança com o PT, ele reconhece que, “em algum momento, vai se discutir isso”.
Na verdade, a expectativa inicial era que o encontro fosse um congresso deliberativo em que pudessem ser decididas questões como o desembarque do governo federal, pretendidos por muitos peemedebistas.
Há ala da legenda que defende o fim da aliança com o PT, mas esse assunto ficou fora da pauta oficial. Não obstante, é certo que não faltou ataques aos petistas, principalmente no discurso de um deputado do PMDB-RS, que afirmou que a aliança com o PT é "um problema", tendo defendido abertamente o impeachment da presidente da República. Ele propôs que o estatuto partidário pregue a adoção de um sistema parlamentarista.
O parlamentar gaúcho disse que "Essa aliança está sendo um problema. Vocês querem continuar juntos? Vocês querem esse modelo baseado em consumo interno? Querem aliança com países bolivarianos? Não acredito. Estamos à beira de uma depressão, Se não houver essa mudança em três, quatro, cinco meses, só vai piorar. Ou vocês acreditam em mudanças com o sistema que lá está no Palácio do Planalto? A solução agora para a crise é o afastamento da presidente Dilma por impeachment.".
O líder do PMDB no Senado Federal disse que "O momento do país é extremamente delicado. Houve uma opção de não fazer um movimento de poder decisório, porque a fundação é de estudo técnico e proposições. Ela não tem poder deliberativo. O nosso raciocínio partidário é que esse não seria o momento adequado do anúncio de uma ruptura. Ninguém sabe, com essa crise toda, de que forma isso tudo evoluiria dentro do congresso. Se evoluiu, então, para essa coisa da fundação. É uma situação delicada, com o governo em baixa".
Um deputado federal pode ter sintetizado o verdadeiro sentimento oportunista do partido, ao afirmar que o “espírito da base era transformar” a relação com o PT, mas, após a reforma ministerial, que ampliou o espaço do PMDB para o comando de sete pastas, a situação mudou.
Já outro parlamentar disse que "Como deputado que quer o rompimento com o PT, eu queria que fosse um congresso com a ruptura. Era um congresso e ficou uma convenção. Mas foi uma atitude de cautela para não colocar mais querosene".
Com a cara do oportunismo próprio do partido, um senador, que tem um irmão muito bem empregado como conselheiro da Itaipu Binacional, criticou as mudanças defendidas pela fundação e defendeu a aliança do PMDB com o PT e o governo, demonstrando, sem o menor pudor, sua total cumplicidade com o desastre administrativo e a destruição do país, mesmo por que não poderia ser diferente.
Diante da aliança com o governo petista, não há dúvida de que o PMDB, mais cedo ou mais tarde, há de colher fruto bastante amargo, porque a sua cumplicidade nas travessuras e ruindades na gestão dos recursos e das políticas públicos é patente e indissociável, inclusive quanto aos atos maléficos da corrupção e do desgoverno, porque eles se confundem, não importando quando seja o seu afastamento da aliança tão questionada, por ter tido o respaldo do fisiologismo e do oportunismo como marcas indeléveis da pobreza da administração do país, que tanto desagrada os brasileiros, que já sentenciaram que a presidente do país tem o pior desempenho de todos os tempos, ficando a sua a imagem completamente comprometida pelo desastre das políticas públicas.
Na realidade, o PMDB se reúne simplesmente para reafirmar a sua índole de partido oportunista, no dizer de um peemedebista de que a concessão dos ministérios aplaca a fúria da agremiação em direção ao rompimento da aliança com o PT, dando a entender perfeitamente a parte antiética do fisiologismo ideológico, que não pode abri mão das benesses do poder, que disponibiliza nomeações de milhares de apaniguados e facilita o tráfico de influência para a resolução dos interesses pessoais e partidários.
Os fatos mostram à saciedade a imoralidade da aliança por pura conveniência política, sendo que apenas alguns parlamentares, muito pouco mesmo, atrevem-se a contrariar o pensamento que sempre prevaleceu e se adensou nas entranhas da agremiação de participar da administração do país para se beneficiar das facilidades do poder.
A gigantesca dificuldade do PMDB é como subsistir sem ministérios. Com certeza, esse terrível vácuo de poder deve atormentar profundamente quem não tem experiência fora do governo. O que fazer com o batalhão de desempregados, ávidos por cargos públicos mantidos sem o menor esforço e sem necessidade de qualificação?
O oportunismo e o fisiologismo são a garantia e a segurança do governo de que o maior partido da aliança jamais cometerá suicídio político, mesmo que a desgraça seja a fiel companheira de governo sem rumo nem perspectiva.
Os brasileiros precisam se conscientizar sobre os malefícios causados ao país e povo pela forma oportunista e antipatriótica como partidos políticos formam aliança de governabilidade, tendo como finalidade o exclusivo usufruto de vantagens propiciadas pela farta distribuição de cargos públicos e possiblidade do aproveitamento do tráfico de influência para o saneamento de situações pessoais e partidárias, em claro detrimento do interesse público, que fica prejudicado diante da precariedade dos serviços públicos, notadamente da sua péssima qualidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de novembro de 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário