Pouco importa que, na última reforma promovida pelo
governo, tenha havido benefício ao partido com a distribuição de sete
ministérios, o PMDB trabalha para se distanciar da atual gestão, como forma de se
diferenciar, em especial, das deficientes e desastradas políticas econômicas,
que tanto atemorizam os brasileiros.
A desvinculação da aliança existente entre o PMDB e o
governo poderá ser iniciada no congresso do partido, marcado para o próximo dia
17, onde ele pretende anunciar o primeiro grande gesto público para implementar
essa medida, que objetiva pressionar a presidente acerca do seu gesto “heroico”.
A iniciativa do PMDB tem muito a ver com a necessidade
do partido não participar das eleições municipais de 2016, como o preferencial aliado
do PT e principal sócio das crises econômica e política, fato bastante difícil
de ser removido em um passo de mágica, ante os momentos de glória que ambos
passaram abraçados, colhendo os louros das vitórias políticas.
Demonstrando certa esperteza política e estratégica, o
PMDB argumenta, de forma muito mais evasiva do que técnica, que o governo teria
feito previsões "equivocadas"
sobre o futuro da economia, e, por isso, não pode responsabilizar fatores
externos pela atual crise.
Sem pretender assumir transparência sobre a atitude do
partido, um cacique peemedebista, que integra o governo, disse que o objetivo
do partido é apresentar "... programa
para disputarmos as eleições de 2016 e 2018. Mas também precisamos ter um
programa para o caso de termos que assumir o poder".
Com vistas a se evitar possíveis retaliações do Planalto,
peemedebistas da ala do governo, a par de evitar discutir a matéria de maneira ostensiva,
alegam que o congresso do partido não irá decidir sobre a manutenção ou
rompimento oficial do partido com o governo, cuja definição nesse sentido
poderá ocorrer em março próximo, na convenção nacional do partido.
A organização do congresso do partido e a redação do
seu texto-base, que tem o título "Uma
ponte para o futuro", ficaram sob os cuidados de um ex-ministro
peemedebista que hoje é crítico à política econômica do governo. Ele disse que
"Queremos não só unificar o partido,
mas reunificar o país. O compromisso do PMDB não é com A, B ou C (partido
ou governo) é com o Brasil. Para
reunificar, só com um programa de intervenção na vida econômica e social".
Um velho cacique do partido disse que a crise
econômica está se tornando "incontrolável"
e a situação é "explosiva".
"Temos que ter a dimensão da gravidade.".
O PMDB pode encenar tudo que
possa imaginar, mas não tem como deixar de ser eterno cúmplice na trágica
situação que o país se encontra, completamente atolado e patinando no lamaçal
da incompetência administrativa. Ou seja, enquanto os ventos das bonanças
baforavam as suas portas, o partido era todo apoio ao governo, mas bastou a
presidente conduzir o país para a recessão e o desastre para ele cuidar de se
afastar do poder, embora não tenha a sensibilidade para entregar os ministérios
e as empresas estatais, fato que demonstra incoerência de quem pretende
conquistar independência.
Não há a menor dúvida de que a
avaliação do PMDB, exatamente neste momento de terríveis crises que destroçaram
o governo, as estruturas das instituições públicas e o país, somente confirma a
índole oportunista do maior partido brasileiro, que esteve sempre integrado ao
governo, participando de forma efetiva da direção de ministérios e empresas
estatais, enquanto a situação administrativa da nação se encontrava fora de
controle, como agora, em que seus planos de usufruto das benesses do poder e
dos tráficos de influência estão sendo ameaçados pela situação periclitante do
governo petista.
A decisão de se afastar do governo faz parte de clara
estratégia do PMDB de não associar a bancarrota da administração do país também
à sua imagem de aliado preferencial da presidente, como se ele somente tivesse
participado das bonanças e benesses oferecidas pelo poder.
É evidente que o PMDB jamais
se moveria do seu cômodo acento na Esplanada dos Ministérios, comandando
importantes pastas e estatais, com influência nas decisões do governo, caso não
houvesse o caos na administração do país, que teve, indiscutivelmente, a sua efetiva
contribuição, que jamais será esquecida pelos brasileiros, por ter sido o
partido que soube, como ninguém, aproveitar as oportunidades propiciadas pelo
poder.
Urge que os brasileiros se
conscientizem sobre o verdadeiro idealismo dos partidos políticos tupiniquins,
que sempre se preocupam em defender suas ideologias programáticas, em
detrimento dos interesses da população, que, lamentavelmente, tem sido apenas
instrumento para promover a ascensão deles ao poder. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de novembro de 2015
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