“A farda não
abafa no peito o cidadão”. Marechal Osório
Um famoso jornalista declarou, a par de se
apresentar como democrata, liberal e civilista, que “Gente armada não pode fazer proselitismo político, nem a favor de quem
gosto nem contra quem não gosto. Numa conversa com militares da reserva, o
general convocou o ‘despertar de uma luta patriótica’ e falou o seguinte sobre
a hipótese do impeachment de Dilma: ‘A mera substituição da presidente da
República não trará mudança significativa no status quo”. Mais: ‘A vantagem da
mudança seria o descarte da incompetência, má gestão e corrupção’. Para o
militar, ‘a maioria dos políticos de hoje parecem privados de atributos
intelectuais próprios e de ideologias, enquanto dominam a técnica de apresentar
grandes ilusões’”.
No seu artigo, o jornalista ressaltou que
“Em que país democrático do mundo um
general da ativa, com tropas sob o seu comando, emite opiniões dessa natureza?
Resposta: em nenhum! Eu posso até concordar cem por cento com ele no mérito,
mas eu não envergo aquele uniforme, não carrego aquelas insígnias, não posso
dar ordem de ataque a ninguém. Gente armada não tem de ficar emitindo opinião
política. Ponto final...”.
Os comentários feitos pelo
general, como visto acima, representam simplesmente as verdades que certamente muitos
brasileiros teriam dito ou gostariam de dizer, sem a menor censura, se o Brasil
fosse um país sério, porque as verdades precisam ser ditas com as palavras que
reflitam exatamente a realidade dos fatos e por alguém que tenha competência e
autoridade para tanto.
A Carta Magna brasileira é
sábia, por assegurar aos brasileiros, sem especificar ou exigir condição alguma,
liberdade de pensamento e de expressão sobre os fatos que ocorrem no país,
principalmente em se tratando de ideia construtiva com a finalidade de contribuir
para o aperfeiçoamento democrático, onde o cidadão possa se expressar com
liberdade e de acordo com o seu pensamento.
Ao censurar com punição as
palavras do general, o governo nega o direito do brasileiro de exprimir sua
opinião sobre a atual realidade brasileira, principalmente sobre a atuação da
presidente da República, no atual contexto, que tem a desaprovação de mais de
70% dos eleitores entrevistados, dando a entender que a administração do país
precisa mudar o quanto antes, sob pena de a destruição do patrimônio dos
brasileiros ainda ser da maior perversidade e gravidade, e ainda de difícil
recuperação.
O país é considerado
paupérrimo de pensamento e de ideias quando seus filhos, inteligentes, capacitados
e intelectuais, com ampla visão de nacionalidade, políticas estratégicas e segurança
nacional, não tenham o direito de opinar sobre a realidade dos fatos nacionais,
que são notórios, palpáveis e cristalinos, porque a omissão se torna
prejudicial aos interesses nacionais.
Por sua vez, a imprensa, reconhecida
como quarto poder da República, não contribui para o aperfeiçoamento da
democracia quando concorda com atitude visivelmente de cunho repressor,
intimidativo e punitivo, pelo simples fato de alguém se pronunciar e dizer a
verdade em recinto restrito, como forma de dizer à tropa que o governo não
tolera ouvir a verdade sobre a vida nacional, sob pena de exoneração do cargo
ou até mesmo de punição exemplar à tropa, uma vez que a disciplina da caserna
exige que ao militar não se apliquem os saudáveis princípios constitucionais de
liberdade de expressão, apenas aplicáveis aos felizardos civis, em clara
negação ao consagrado princípio democrático, que se alicerça na igualdade de
direitos e de obrigações, também com respaldo na Lei Maior do país.
Que país é esse, que nega a
liberdade de expressão aos seus cidadãos, não importando a sua condição de ser
civil ou militar, quanto mais quando a Constituição brasileira não faz
distinção quanto aos direitos, que são extensivos a todos?
Em nenhum lugar do mundo
civilizado se nega o sublime direito de se expressar em nome de causa justa, em
sintonia com a verdade, quando menos para se afirmar algo que os brasileiros, em
expressiva maioria de 70%, gostariam de dizer o que o general disse e além do
que foi dito, no sentido de concitar os cidadãos para a premência da
conscientização sobre a terrível gravidade da situação do país, que atravessa
difíceis crises política, econômica, administrativa e democrática, graças à
incapacidade administrativa e gerencial que se instalou, de forma inusitada e
destrutiva, nos palácios da República.
Os brasileiros anseiam por que
os princípios democráticos sejam aprimorados de verdade, sob o prisma dos
ditames constitucionais, assegurado o direito à igualdade para os cidadãos, na
forma mais sublime da liberdade de expressão, como paradigma de tolerância,
compreensão e aceitação quanto aos pensamentos relacionados com os fatos de
interesse nacional. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de novembro de
2015
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