O presidente nacional do PT afirmou, em nota, que está
perplexo diante dos fatos que embasaram a prisão pelo Supremo Tribunal Federal do
líder do governo no Senado Federal, por entender que “Nenhuma das
tratativas atribuídas ao senador têm qualquer relação com sua atividade
partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado. Por isso mesmo, o PT
não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade.”.
Finalizando, o presidente do PT ressaltou que irá
convocar “em curto espaço de tempo”
reunião da Comissão Executiva Nacional para adotar as medidas que a direção da
legenda julgar “cabíveis”, em relação
ao senador.
O
senador petista foi preso pela Polícia Federal sob a alegação, segundo os
investigadores da operação, por tentar ter atrapalhado as apurações em curso na
Operação Lava-Jato.
De acordo com ministro do Supremo Tribunal Federal, a
Procuradoria Geral da República afirmou, em documento enviado à corte, que o
senador teria oferecido o valor de R$ 50 mil mensais a um ex-diretor da
Petrobras, que se encontra preso, para ele não fechar acordo de delação
premiada ou, se o fizesse, não citasse o nome do senador, além de ter fornecido
opção de rota de fuga para o ex-diretor fugir para a Espanha, via Paraguai.
Embora coerente com a sua índole de não assumir
publicamente seus erros e suas falhas, é extremamente lamentável que o PT
demonstre total desprezo com relação a um de seus expoentes filiados, numa
atitude de completo abandono e irresponsabilidade, dando a entender que o fato
em si é problema do senador e, por isso mesmo, ele se vire e procure se
explicar, evidentemente sem comprometer o partido, que já se encontra
encalacrado até o talo e não tem mais espaço para mais complicação.
É evidente que o senador cometeu crime grave, tanto
que a sua prisão, além de preventiva, foi considerada inafiançável, fato que
caracteriza violação da legislação pátria, mas o PT poderia ter demonstrado, ao
menos, um pouquinho de compreensão por pessoa que até então gozava de excelente
conceito no âmbito do partido e do governo, tanto que era líder dele e ainda
desempenhava seu mandato com reconhecida dedicação.
A nota do PT foi verdadeira lição de incompreensão para
com grande “cumpanhero” que teria sido muito mais importante para o partido se
ele apenas tivesse o mínimo de coerência de proceder como tem feito normalmente
com os demais criminosos do partido, que estão presos, a exemplo do último
ex-tesoureiro, que, mesmo encalacrado com a corrupção até o talo, foi defendido
pelo partido.
Por seu turno, causa perplexidade a defesa do senador
ter manifestado inconformismo em relação à prisão em causa, tendo questionado,
pasmem, o fato de que as denúncias tenham sido originárias de um delator já
condenado, como se isso fosse motivo capaz de invalidar verdades sobre fatos irregulares
efetivamente acontecidos, e também a imposição de prisão a senador da
República, que sequer teria sido acusado formalmente.
É verdade que a Carta Magna não ampara a prisão de
detentor de mandato parlamentar, medida essa que deveria ter sido respeitada
como garantia da firmeza do Estado Democrático de Direito, caso a situação do
senador não tivesse se tratado de flagrante de crime continuado, que é
considerado como inafiançável, e ele foi incurso justamente nessa terrível
situação, fato que afasta qualquer possibilidade de alegação de abuso de
autoridade e muito menos de falta de amparo legal.
A prisão de um senador é motivo de imenso constrangimento
para as pessoas honradas e se traduz em situação bastante delicada, por causar inevitável
desmoralização de respeitável instituição centenária da República, cujos
integrantes, em princípio, deveriam gozar das maiores honradez e estima por parte
da sociedade.
O partido do governo já não tem sido capaz de
surpreender mais ninguém, porque a todo instante é preso um de seus importantes
membros, mostrando a sua exagerada capacidade criativa na “arte” e
“engenhosidade” da corrupção, cuja essencialidade ganhou corpo e materialidade
nos famigerados escândalos do mensalão e do petrolão, mantidos graças à
persistência dos “guerreiros do povo brasileiro”, como são saudados os heróis
do partido, responsáveis pela dilapidação do patrimônio nacional.
O Brasil precisa, com urgência, promover lipoaspiração
da bandidagem existente na política e no meio empresarial, na tentativa de se
recriar mentalidade sadia, voltada para o culto à moralidade e à probidade na
administração pública, sob pena de a corrupção se infiltrar e se alastrar de
forma incontrolável nela, porque a sua ação deletéria age exatamente onde menos
se espera, inclusive no âmago da administração pública, como nesse último caso
envolvendo exatamente o líder do governo no Senado Federal, local que, em
princípio, seria absolutamente impensável para a sua incidência, por se
imaginar que a Câmara Alta seria modelo de dignidade e de honestidade e não de
local apropriado para a disseminação de desonestidade contra a nação. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de novembro de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário