Pagamento sob suspeita

Conforme reportagem publicada pela revista VEJA, o condutor das últimas grandes vitórias do PT pode ter que se explicar à Justiça, em razão de ele ter entrado nas investigações da Operação Lava-Jato, sob a suspeita, a partir da análise de contas mantidas em paraísos fiscais, de ter recebido pagamentos por via irregular, mediante contas secretas no exterior.

Autoridades suíças, em harmonia com a cooperação prestada às investigações sobre as irregularidades na Petrobras, forneceram informações ao Brasil, que se encontram no Departamento de Recuperação de Ativos (DRCI), do Ministério da Justiça, dando conta de que o marqueteiro petista teria recebido secretamente dinheiro do esquema por meio de contas mantidas no exterior.

Segundo a notícia divulgada pela revista, existe a possibilidade de que dinheiro desviado irregularmente da Petrobras teria sido usado para pagar, no exterior, despesas de campanhas do PT.

A revista VEJA confirmou junto a três investigadores da Operação Lava-Jato que o marqueteiro do PT é figura central de importante polo de apuração de ilícitos, tendo um dos investigadores afirmado que "nunca antes a Lava-Jato chegou tão perto do Palácio do Planalto".

Não há a menor dúvida de que a inclusão do marqueteiro petista no rol dos suspeitos tem potencial devastador sobre os fatos objeto da aludida operação, por mostrar, caso seja verdadeira a notícia, a forma inescrupulosa como foram aplicados recursos dos brasileiros.

O presente episódio pode repetir situação ocorrida com o marqueteiro do PT antecessor do atual, que admitiu à CPI dos Correios que teria recebido, também no exterior, pagamento pelos serviços prestados durante a eleição do ex-presidente da República petista.

Agora, no auge do petrolão, o atual marqueteiro, investigado por motivos semelhantes ao caso passado, comandou as campanhas vitoriosas da presidente do país, em 2010 e 2014, tendo se destacado na última, por ter encenado uma série de lamentáveis mentiras sobre a realidade brasileira, que foram capazes de mudar os rumos da campanha em favor da petista, cujas inverdades se revelaram tremenda cafajestice contra dignidade profissional.

Com relação aos fatos noticiados pela VEJA, o marqueteiro, a par de confirmar possuir contas e movimentações financeiras no exterior, por força de serviços prestados fora do país, e de negar quaisquer irregularidades, disse que os fatos em tela "São especulações tão irrealistas e genéricas que não tenho nem o que comentar".

O marqueteiro se disse vítima de disputa política, afirmando que "Sou o profissional brasileiro de marketing político com maior presença internacional, e, na minha área específica, provavelmente o empresário que mais paga impostos no Brasil. Qualquer ilação - ou desvio interpretativo desta realidade - constituem erros graves ou distorção motivada por interesses políticos". 

A propósito da última campanha presidencial, impende frisar que profissional de marketing, como todos os trabalhadores, deve prezar pela verdade e ética, evitando enganar ou induzir pessoa a prestar informações inverídicas ou irreais, sob a produção de ideias artifícios, sem o menor escrúpulo, com essa finalidade, tendo por escopo a obtenção de vantagens por meios ilícitos, que foram dignos de repúdio por parte dos cidadãos decentes e sensatos.

          Embora as investigações sobre a notícia em causa ainda estejam em fase embrionária, tudo indica que, caso sejam confirmado os fatos, o PT não muda o modus operandi de seus procedimentos, quando o pagamento aos marqueteiros do partido é feito no exterior com dinheiro cuja origem tem sido questionada, além da possível burla à legislação trabalhista, uma vez que os serviços foram prestados no país.

No caso do marqueteiro do PT, somente pelo fato de ele ter levado a presidente do país a mentir descaradamente, por meio de propaganda enganosa e contrária aos princípios ético e moral, já era motivo mais do que suficiente para a aplicação de sanção exemplar e pedagógica, de modo a servir de lição para que degradantes casos semelhantes nunca mais aconteçam, como forma de se contribuir para o aperfeiçoamento da democracia e da disseminação da verdade.

Não é justo que se faça, desde logo, juízo de valor sobre possível irregularidade praticada pelo PT e marqueteiro da candidata petista, exatamente por falta de provas consistentes sobre o recebimento de pagamento por procedimento secreto, sem o devido respaldo legal, em conta no exterior, mas a sociedade tem o direito de conhecer o resultado das investigações, à vista do possível envolvimento de recursos públicos no caso.

Não obstante, à vista do que ele foi capaz de idealizar e arquitetar monstruosas mentiras e inverdades sobre a administração do país, em especial sobre as contas públicas e a economia, e ainda contra candidatos de oposição à petista, com vistas à destruição da honra e da credibilidade deles, em benefício da candidata representada por ele, convém que os atos pertinentes aos pagamentos por seus trabalhos na campanha presidencial devam ser devidamente investigados, para que seja mostrada a verdadeira origem do dinheiro, tendo em vista que as desleais campanhas publicitárias em favor da petista deixam enormes dúvidas quanto à gigantesca capacidade que ele tem de distorcer a realidade dos fatos, obviamente por conveniência pessoal ou partidária, em detrimento da honestidade e da dignidade que devem prevalecer nas atividades públicas e sociais. Acorda, Brasil!

          ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 09 de novembro de 2015