O ex-presidente da República petista disse, em
entrevista, não temer ser investigado nem preso, à vista dos fatos objeto da
Operação Lava-Jato ou da Zelotes, ambas sob a incumbência da Polícia Federal,
do Ministério Público Federal e da Justiça Federal.
Ele disse que "Não temo ser preso porque eu duvido que alguém nesse país, do pior
inimigo meu ao melhor amigo, do empresário pequeno ao grande, que diga que teve
uma conversa comigo ilícita".
Na opinião dele, as investigações sobre o seu ex-chefe
de gabinete e seu filho são "coisas
normais de um país democrático" e que são possíveis graças à
independência dada pelo seu governo para a Polícia Federal e o Ministério
Público Federal. O ex-presidente repetiu ainda o velho discurso de ser filho de
mãe que morreu analfabeta e que lhe deixou o patrimônio de "poder andar de cabeça erguida".
O petista afirmou que "Combater a corrupção é obrigação, não é mérito", ao lembrar
que, desde o auge da crise do mensalão, ele adotou o discurso de se investigar
e punir quem quer que seja. Em que pese ser favorável às investigações, ele
lamentou a existência da "República
da suspeição", em que as pessoas, segundo ele, são condenadas pela
opinião pública pelo simples levantamento de suspeitas.
Ele também foi enfático, quando disse que "As instituições, que são fortes e poderosas,
têm que ter responsabilidade, cuidar para não criar uma imagem negativa de uma
pessoa sem ter provas. Nem tudo que o
delator fala tem veracidade. É preciso que não se dê um voto de confiança ao
bandido e um voto de desconfiança ao inocente".
O ex-presidente ressaltou que, ao longo de seu
governo, desconhecia o esquema de corrupção na Petrobras e, em tom irônico,
afirmou que "Não fui alertado pela
gloriosa imprensa brasileira, pela Polícia Federal, pelo Ministério Público. E
olha que sou o presidente que mais visitou a Petrobrás. Nunca ninguém me disse
que tinha corrupto na Petrobras. Essas coisas você só descobre quando a
quadrilha cai.".
O ex-presidente adiantou que estar disposto a se
candidatar à Presidência em 2018, para defender o projeto de governo das
gestões petistas: "O que é
importante é que você defenda um projeto político, como nós defendemos, que
incluiu milhões de brasileiros, participando da economia e participando da
distribuição de renda neste país. Para defender esse projeto, se eu perceber
que ele vai correr risco, não tenha dúvida de que eu estou disposto a ser
candidato".
Quanto ao possível estelionato eleitoral cometido pelo
PT, durante a campanha de 2014, para reeleger a presidente do país, o petista disse
não saber se o governo federal "tinha
clareza" que as medidas discutidas no pleito seriam tão diferentes das
que acabaram sendo adotadas após as eleições, tendo afirmado que "Depois da campanha, percebeu-se que estava
saindo mais dinheiro do que entrando", ou seja, à vista da forma
evasiva como discorreu sobre tão importante tema, ele acaba, de forma
implícita, admitindo o crime de estelionato eleitoral, pela afirmação de algo
que viria a ser contrariado com medidas efetivas e prejudiciais ao interesse dos
brasileiros.
O ex-presidente reconheceu que o governo federal
cometeu erros, citando o caso da falta de aumento do preço da gasolina, em
2012, para fazê-lo somente de uma vez, mais tarde. Ele também considerou
erradas tantas desonerações de empresas.
No entendimento do ex-presidente, qual
seria o sentido da palavra "ilícita", quando ele até hoje declara que
o mensalão não existiu e ninguém do partido dele foi punido com expulsão,
conforme previsão estatutária para casos que tais, mesmo tendo havido
condenação de filiados ao partido pelo Supremo Tribunal Federal, por comprovado
crime de corrupção? Fica muito difícil se avaliar o comportamento político de
quem já demonstrou, ao longo da sua trajetória de homem público, bastante
incoerência, sempre no sentido de favorecer as suas ideologia e conveniência
pessoais ou partidárias, em detrimento dos interesses públicos.
Em momento algum, o petista tem a humildade de
reconhecer qualquer desvio de conduta, por minimamente que seja, no seu
governo, em que pesem tantas irregularidades ocorridas dentro do Palácio do
Planalto, a exemplo do mensalão e do petrolão, respectivamente chefiado pelo
ex-ministro da Casa Civil e comandado por pessoas designadas pelo governo para
a direção de cargos de direção da Petrobras, tudo na proximidade do petista,
mas é evidente que ele jura que nada sabia sobre os estragos causados ao
patrimônio dos brasileiros.
Também não faz o menor sentido o ex-presidente ficar
criticando e censurando a atuação da Polícia Federal, do Ministério Público e
da Justiça Federal, por cumprirem com eficiência e fidelidade suas funções institucionais,
bem assim os delatores, que têm obrigação de dizer a verdade sobre os fatos
ocorridos, sob pena de invalidar suas informações casos não as comprovem, com
vistas ao benefício do prêmio pelas delações deduzidas na Justiça.
O fato de o petista afirmar que desconhecia o esquema
de corrupção na Petrobras e também de não ter sido alertado sobre a roubalheira
na estatal, ou até mesmo de dizer que não sabia de nada, não o exime nem o
culpa pelos casos delituosos, mas não se pode negar que ele foi incapaz de
invitar que a corrupção se alastrasse de forma monstruosa sobre o patrimônio da
principal empresa brasileira e, ainda sob a orientação e responsabilidade do
governo dele, tiveram início muitos investimentos para a construção de
refinarias com fins eleitoreiros, que causaram gigantescos prejuízos ao
patrimônio da estatal, diante da constatação da inviabilidade econômica dos
empreendimentos, a exemplo dos projetos do Maranhão e do Ceará, que foram
suspensos, à vista da constatação dos estrondosos prejuízo e fracasso
financeiros.
Esses fatos por si sós já seriam mais do que
suficientes para ensejar que o petista nunca mais nem pensasse em se candidatar
a cargo público eletivo, diante de tantos malefícios que a sua gestão foi capaz
de causar ao patrimônio dos brasileiros, em que pese ele ainda se vangloriar de
ter contribuído para incrementar a distribuição de renda no âmbito das famílias
carentes, fato que se trata de realidade brasileira que poderia ser igualmente
atendido por qualquer governo mediano, que teria certamente a preocupação de
cuidar das demais políticas nacionais, como forma de contribuir para o
desenvolvimento do país.
É evidente que o ex-presidente sempre faz questão de
ressaltar as melhorias da população, em face da distribuição de renda,
consistente no Bolsa Família, que não deixa de ser importante programa
governamental, mas ele também sempre omite, sabiamente, as precariedades na
prestação dos serviços públicos, que já era ruim e foi drasticamente piorada no
seu governo e no da sua sucessora, conforme atesta, de forma reiterada, o
Índice de Desenvolvimento Humano, que mede os níveis de qualidade de vida e
mostra as terríveis deficiências na educação, saúde, segurança pública, sendo
consideradas de péssima representatividade pelo desempenho do governo petista,
conforme afirmam os fatos do dia a dia, além das demais mazelas nos
transportes, na infraestrutura, no saneamento básico e em todos os setores de
incumbência do Estado, que foi totalmente desestruturado por falta de reformas,
como meios necessários ao acompanhamento da evolução e do desenvolvimento da
ciência e da tecnologia, tão bem harmonizadas nos países com o mínimo de
civilidade.
O ex-presidente, embora tente demonstrar ser pessoa
normal, deixa muito clara a sua coerência com a posição de todo-poderoso, assim
reconhecido por seus admiradores, por não ter a serenidade de compreender a
exata dimensão da importância das investigações das instituições competentes
sobre fatos irregulares no governo petista, dando a entender que tudo vem sendo
feito para prejudicar as suas realizações, que são consideradas, por ele, como
as mais perfeitas e extraordinárias, a justificar a sua imunidade com relação
aos casos irregulares surgidos no governo petista.
O petista menospreza radicalmente os princípios
democrático e republicano quanto à obrigação de se submeter, na forma mais
ampla possível, à norma da transparência ínsita nos homens públicos, que têm o
dever de prestar contas sobre seus atos, inclusive tendo a humildade de entender
que as investigações são respaldadas no ordenamento jurídico do país e visam à
restauração da verdade sobre fatos inquinados de irregulares, independentemente
das pessoas envolvidas, até mesmo de ex-presidentes, seus familiares, amigos e correligionários,
se for o caso, porque a sociedade precisa conhecer a regularidade ou não sobre
eles, por haver o envolvimento de recursos públicos.
Compete ao ex-presidente e aos acusados a apresentação
de elementos e provas contrárias às denúncias, como forma de comprovação da
verdade, em contestação às alegações, pois não fica bem para ele, como ex-mandatário
do país, tentar, apenas com palavras vazias e destituídas de consistência,
desmerecer as delações e os trabalhos realizados no âmbito da Operação
Lava-Jato, que têm sido modelo de seriedade e de competência jamais visto na
história deste país, sem o que não se teria chegado ao fundo do poço na
Petrobras, porque o governo nada fez para apurar e punir os facínoras que
dilapidaram o patrimônio da estatal.
Concita-se ao ex-presidente da República petista a
fazer autoavaliação sobre a sua atuação no governo, de modo que a
conscientização sobre a realidade dos fatos, compreendendo não somente a
inclusão social, como o importante programa Bolsa Família, mas levando-se em
contra o conjunto das políticas públicas de incumbência do Estado moderno,
abstraindo-se as vaidades e idiossincrasias, irá se permitir o vislumbrar de
horizonte bastante diferente do que vem sendo projetado como tendo sido operado
verdadeiro milagre no país, quando os fatos mostram o que realmente vem
acontecendo de trágico para os interesses dos brasileiros, diante das políticas
retrógradas e obsoletas adotadas pelo governo, que somente privilegiaram
parcela de ações sociais que são importantes, mas o desprezo aos programas
essenciais ao desenvolvimento nacional foram capazes de contribuir para a má
qualidade dos serviços públicos e o distanciamento dos salutares benefícios dos
desenvolvimentos econômico, político, social e democrático, alcançados por países
comandados por estadistas com vasta visão sobre as ansiedades da população. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 10 de
novembro de 2015
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