domingo, 6 de março de 2016

A "limpeza" estratégica


Nas busca e apreensão promovidas no Instituto Lula, os Policiais Federais constataram que houve completa "limpeza" antes da deflagração da Operação Aletheia, em atendimento à 24ª fase da Operação Lava-Jato, dando a entender que houve vazamento de informação sobre o trabalho pertinente.
A aludida operação teve por principal alvo o ex-presidente da República petista, razão pela qual era importante a apreensão de computadores e arquivos no cumprimento do mandado pertinente, com vistas às análises de pretendidas. A força-tarefa concluiu que "O instituto foi 'limpo' antes das buscas. Alguém se precaveu, escondendo o que podia".
Ressalte que, em casos análogos na Operação Lava-Jato, esse tipo de obstrução às investigações já serviu de fundamento para que os investigadores pedissem a prisão preventiva do investigado, a exemplo do que aconteceu com um ex-diretor da Petrobras, que teria pedido às filhas para sumir vasta documentação existente nos escritórios, fato que motivou, de forma justificada, que a Polícia Federal pedisse a prisão dele, que teve o acolhimento da Justiça. Do mesmo modo, um operador também foi preso quando foi localizado vídeo em que a mulher dele saía pelos fundos da casa, pouco antes da chegada dos policiais, carreando material relevante para a investigação.
O ex-presidente foi obrigado a prestar depoimento, mediante mandado de condução coercitiva, em razão das fortes suspeitas de que ele teria sido favorecido com dinheiro desviado da Petrobras, conhecido pelo esquema nada republicano do petróleo, que causou um dos piores rombos financeiros da história brasileira, a ponto de transformar a estatal em uma das últimas empresas no ranking mundial, bem além das quatrocentas empresas, quando antes desse lastimável episódio ela representava simplesmente a 12ª empresa, como potência econômica respeitável, por sua eficiência e seu eficiente desempenho no ramo petrolífero.
Era evidente que as investigações sobre as suspeitas das atividades do petista estavam em fase bastante avançada, diante dos fatos relevantes que as ensejaram, notadamente com as reformas em imóveis sob o usufruto dele, em que pese não haver registro como sendo eles da sua propriedade, mas isso é somente um detalhe, porque as empreiteiras jamais iriam promover benfeitorias em imóveis, com as extravagantes finesses se não esteve por propósito agradar autoridade de relevância nacional e internacional, que tem sido cortejada com exagerados mimos próprios do mundo empresarial, que não esconde de ninguém a forma espúria da celebração de contratos com a administração pública.
À toda evidência, o escândalo do petróleo revelou, de forma sobeja, que não resta dúvida, diante da robusta comprovação material e testemunhal, que as empreiteiras conseguiram desviar montanhas de dinheiros para políticos, partidos políticos e diretores da estatal, numa verdadeira sangria de recursos dos brasileiros, tudo com o beneplácito de autoridades públicas, que promoveram a seu talante o aparelhamento da estatal com partidos e pessoas ajustados à maior roubalheira que se tem conhecimento da história republicana, cujas falcatruas estão mostrando o péssimo nível dos homens públicos tupiniquins, que se beneficiam indevidamente de recursos públicos, mas ainda têm a indignidade de tentar se passar por pessoas imaculadas, com conduta ilibada, quando os fatos põem por terra toda espécie de arrogância e prepotência que não mais existe nas piores republiquetas, onde o patrimônio da população é preservado da sanha dos políticos inescrupulosos.
O fato é que a Polícia Federal planejava, há algum tempo, a realização, a qualquer momento, de busca e apreensão de material para os devidos exames sobre a regularidade das atividades empresariais do petista, mas a constatação da “limpeza”  de seu principal escritório é muito grave, pelo fato de que a retirada de equipamentos e documentos conspira contra a finalidade da comprovação de lisura e legitimidade das operações pertinentes ao patrimônio dele, dando a entender que pode haver algo errado ou suspeito de irregular, que jamais poderia ser acessado pela força-tarefa da competente Operação Lava-Jato, o que valeria como verdadeiros arquivo e armazenamento de provas contra o petista, evidentemente na suposição da existência de irregularidade, que, ao contrário, a “limpeza” estratégica em comento não teria acontecido, ficando preservado o ambiente, por não haver motivo para a retirada de documentos, computadores e demais objetos desfavoráveis ao investigado.
A “limpeza” em referência somente comprova a possível insensatez de alguns homens públicos, que não se cansam de falar da boca para fora que são a prova de honestidade, mas na hora de comprovar o que afirmam são capazes de omitir os elementos probantes, em clara demonstração de pura hipocrisia, em negar por atos suas palavras, à vista dessa constatação pela Polícia Federal, que tem se tornado praxe em relação aos fatos acontecidos com a maioria das investigações envolvendo políticos, que sempre os negam, embora as evidências os desmentem inapelavelmente.
Os brasileiros precisam se mobilizar, com urgência, contra os falsos homens públicos que garantem absoluta honestidade na vida pública, quando os fatos falam por si sós, ao mostrarem que a realidade tem sido implacavelmente contrária às alegações sempre destituídas da legitimidade e da dignidade que devem integrar o autêntico compromisso no desempenho das funções públicas, em estrita defesa das causas públicas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de março de 2016

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