quinta-feira, 24 de março de 2016

Plano de fuga?



Nos últimos momentos da vida política brasileira, o ex-presidente da República petista tem sido alvo de atribulado corre-corre nos meios de comunicação, tendo como principal ingrediente o seu envolvimento com possível beneficiamento de recursos provenientes do clamoroso esquema de corrupção com origem na Petrobras, com destaque para as reformas em imóveis supostamente do usufruto dele e da sua família.
          Fala-se também na falta de legitimidade para os repasses de recursos para empresas em nome dele, que não teriam correspondidos à efetividade das palestras por ele administradas, dando a entender que há contratações forjadas.
Para complicar o cenário de turbulência, logo em seguida à condução coercitiva do petista para prestar depoimento na Polícia Federal, o Ministério Público de São Paulo pediu à Justiça a prisão dele, que teve como imediata consequência a sua nomeação, pela presidente da República, para o cargo de ministro da Casa Civil, com o exclusivo propósito de conceder-lhe foro privilegiado, com as investigações e o julgamento sobre ele passando para a alçada do Supremo Tribunal Federal, fato que que propiciou a deflagração de verdadeira guerra na Justiça.
A situação referente à nomeação dele para esse cargo se encontra sub judice, porque a Excelsa Corte de Justiça a suspendeu sob a alegação de que se trata de manobra para obstaculizar a ação da Justiça, principalmente porque o foro privilegiado garante ao petista salvo conduto das garras do juiz de Curitiba, que já demonstrou ser implacável com as pessoas envolvidas em atos de corrupção, embora ele tenha negado a sua inocência quanto às acusações de ter sido beneficiado com recursos, em forma de benfeitorias em imóveis que podem ser dele.
Quando se imaginava que não poderia haver mais crises envolvendo o ex-presidente, além dos casos acima, porque ele poderia resolver essas questões tranquilamente, como fazem as pessoas em pleno gozo de seus direitos políticos e civis, defendendo-se à luz do ordenamento jurídico, já que ele vem garantindo que é inocente das acusações, mas a bomba aparece agora com a descoberta pela revista VEJA de que ele, de forma engenhosa, vem tramando espetaculoso plano de salvo conduto, ou seja, de fuga do país.
A ideia bem bolada teria sido a surpreendente fuga do Brasil, envolvendo pedido de asilo em uma embaixada, que seria imediatamente executada no caso da sua prisão decretada pela Justiça.
O enredo, antes inimaginável, se encaixaria numa trama que teria como fio condutor o bem arquitetado plano secreto destinado a tirar o ex-presidente do Brasil, caso sua prisão seja decretada, por meio de asilo em uma embaixada, preferencialmente a da Itália, depois de negociada forma especial de salvo-conduto no Congresso Nacional, para permitir seu deslocamento dentro do país, até o aeroporto, sem ser detido, e, de lá, ele se destinaria ao país do asilo.
À toda evidência, caso a notícia em comento tenha fundo de verdade, o ato em si do pedido de asilo tem o condão de confirmar a prática das irregularidades atribuídas ao ex-presidente, que poderia muito bem, ao invés de fugir pelas portas dos fundos do Brasil, defender-se com fundamento na ampla defesa e no contraditório, à luz do Estado Democrático de Direito, que se opera plenamente no Brasil, mas, nas condições de efetivado o asilo, o ex-presidente estaria abrindo mão de provar a sua inocência perante a Justiça, contrariando a sua decantada índole de homem mais honesto do país e ainda passando para a história como aquele que não teve a nobreza de se defender das acusações sobre apropriação indébita.
É lamentável que homem público da maior relevância política, que teria se notabilizado no auge da carreira política por seus feitos na área social, inclusive com reconhecimento internacional, arquitete fugir do país como um cachorro sarnento, quando deveria ter a dignidade de responder e se defender com a nobreza das pessoas honradas as graves acusações sobre a prática de irregularidades, em harmonia com suas declarações de ser a pessoa mais honesta do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de março de 2016

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