sábado, 26 de março de 2016

Acentuada indignidade


Já contado com a debandada do PMDB do seu governo, a presidente da República decidiu, em grau de último recurso, apostar na negociação dos cargos de primeiro e segundo escalões como como moeda de troca, ou seja, será promovido verdadeiro balcão de negociata, para atrair o apoio das alas partidárias que ainda não perceberam a realidade dos fatos degenerativos e resistem em aderir ao desembarque.
As conversas foram intensificadas pela petista, que começou a contatar com parlamentares e líderes partidários, na tentativa da efetivação de negociações com aliados para ouvir suas demandas em torno de cargos no governo, tendo como recompensa o apoio e a fidelização incondicionais ao Palácio do Planalto, como forma de garantir a permanência da petista no cargo presidencial.
O principal foco das investidas palacianas ainda é o PMDB, que detém a maior bancada nas duas Casas do Congresso Nacional e tem ensaiado o desembarque do governo, mas alguns parlamentares são altamente seduzidos pela vaidade dos cargos na Esplanada dos Ministérios.
Já se sabe que o afastamento por parte dos peemedebistas é considerado como verdadeiro "tiro de misericórdia" em contribuição à queda do governo, haja vista que também deverá servir de fio condutor e de inspiração para a debandada de outros partidos da base aliada, que deverão tomar o mesmo caminho dos peemedebistas, principalmente na perspectiva de melhores dias quanto à imediata formação do novo governo, caso se efetive o afastamento da petista do Palácio do Planalto.
A estratégia do governo é atrair os ministros do PMDB para próximo da presidente, com a finalidade de mostrar que a decisão pela debandada da legenda não será unânime, porque muitos parlamentares permanecem com espaço assegurado na Esplanada dos Ministérios.
A presidente já deu seu recado sobre o plano a ser executado, ao dizer que "Nós queremos muito que o PMDB permaneça no governo. Tenho certeza de que meus ministros têm compromisso com o governo. Vamos ver quais serão as decisões do PMDB e respeitaremos tal decisão".
Em seguida à fala da petista, alguns ministros do PMDB, em defesa dos cargos que ocupam, engrossaram o coro contra possível desembarque do partido, com afirmação ameaçadora como essa: "Eu pergunto: e os mais de 1.000 cargos que o PMDB exerce no governo hoje? Como é que farão? Irão esvaziar também? Irão levar o debate político ao extremo de paralisar o país ou vamos agir com responsabilidade diante de um momento tão duro que o país passa?".
Em que pese a presidente do país lutar desesperadamente para conquistar apoio à sua permanência no cargo, é absolutamente inconcebível que administração que tenta se passar por séria e responsável fique cooptando apoiadores à sua causa em troca de cargos públicos.
Trata-se de atitude da maior insensibilidade administrativa, porque os cargos públicos devem ser preenchidos exclusivamente por meio da comprovação do requisito do mérito, da capacidade técnico-profissional, como forma de corresponder às expectativas de qualificação satisfatória para a prestação de serviços dignos à população, que, na atualidade, padece justamente diante dos crônicos e permanentes arranjos protagonizados pelo governo, para resolver questões de interesse pessoal, como nesse caso do impeachment contra a presidente, que tudo vem sendo feito, com uso da máquina pública, para satisfazer interesse pessoal da petista.
À toda evidência, essa forma já consagrada do “toma lá, dá cá”, em que a presidente nomeia parlamentares para cargos de ministros, em troca de apoio político no Congresso, representa indiscutível cometimento de indignidade e desonestidade por ambas as partes, uma vez que a máquina pública é envolvida e prejudicada seriamente pela precariedade dos serviços públicos prestados à população, que continuarão sendo de péssima qualidade, à vista das mazelas visivelmente constatadas na saúde, na educação, na segurança pública, nos transportes, no saneamento básico, na infraestrutura e nos demais setores que envolvam a prestação de serviços da incumbência do Estado, conforme a generalizada insatisfação dos brasileiros, que são afetados pela incompetência administrativa do país.
Diante de mais esse lamentável episódio de nomeação de parlamentares para cargo públicos, em inescrupulosa e imoral troca de apoio político, fica a firma convicção de que o governo já acabou há bastante tempo e a premente necessidade de mudança da administração do país, como forma da sua moralização, eficiência e competência, quanto à execução das políticas de governo, que terá o compromisso com o estrito respeito aos princípios da ética, moralidade, legalidade, probidade, honestidade e dignidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de março de 2016

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