domingo, 20 de março de 2016

A busca da moralidade


Não há dúvida de que o conjunto das obras arquitetadas e protagonizadas pelo petista-mor, conforme os levantamentos mostrados pelas investigações da Operação Lava-Jato, robustece os elementos probantes à indispensabilidade da prisão dele, à vista das informações disponíveis neste momento, que foram reforçadas pelas graves denúncias feitas pelo senador ex-líder do governo, que teria dado importantes informações sobre a conduta delituosa do ex-presidente, inclusive com a afirmação de que ele teria sido o mentor de pagamentos ilícitos a ex-diretor da Petrobras, que se encontra preso, fato que representa tentativa de atrapalhar as investigações, com vistas ao silêncio de testemunhas detentoras de informações relevantes.
Em situação idêntica a essa, o citado senador foi para a prisão, em ato inédito na história republicana, por ter ficado patente que ele pretendia prejudicar as investigações, fato que representa crime permanente, a justificar a prisão em flagrante, como efetivamente aconteceu.
A condução coercitiva do petista, reforçada pelas busca e apreensão de equipamentos e documentos, com vistas ao levantamento de pistas para o prosseguimento das investigações, serviu de verdadeiro teste sobre a reação dele ao cerco que se formou no sentido de se mostrar que ninguém pode se esconder por trás do seu legado político e muito menos de que o exercício do poder possa imunizá-lo eternamente.
Em que pese ter perdido parcela expressiva do enorme crédito de popularidade, o petista ainda continua sendo símbolo para toda a geração que o apoiou por muito tempo, para o bem e para o mal, mas a Justiça precisa cumprir a sua missão de fazer o que é obrigada a fazer, sem levar em conta o grau da autoridade ou a popularidade de pessoas denunciadas e investigadas, como forma de aperfeiçoamento da democracia, que se consolida com a observância do salutar princípio da transparência.
Não há desconhecer que o ex-presidente foi transformado em símbolo político, como importante líder não só do petismo como da esquerda brasileira, que o venera como sendo a cara das reformas políticas geradas desde 2003, especialmente com a estratégica distribuição de renda, que, inegavelmente, tem viés populista e eleitoreiro e tem servido para justificar, de forma equivocada, que as investigações sobre denúncias contra ele são forma de “vingança” política, como se o governante que cumpriu apenas o seu papel de administrar o país possa se escudar em seus atos para ficar imune às investigações indispensáveis ao esclarecimento e à verdade sobre fatos denunciados, dando a impressão de que ele teria se tornado insuspeito e acima das leis do país, que não tendo obrigação de prestar contas sobre seus atos praticados como homem público, que tem o dever constitucional e legal de mostrar à sociedade a lisura sobre eles.
À luz da verdade e da razoabilidade, não há motivo algum para se classificar de vingança contra o petista a maneira de haver investigações regulares sobre fatos denunciados, cuja autoria vem sendo atribuída a ele, os quais agora eles têm o peso das denúncias do ex-líder do governo de sua sucessora, que também era importante membro do partido governista, fato que constitui prevaricação por parte da Polícia Federal se deixar de investigá-los.
Não há dúvida que existe clima de muito ódio contra o ex-presidente, que é mostrado em repulsa ao ideário petista, que não esconde de ninguém que trata o país como sendo seu território, cujas instituições vêm sendo usadas como monopólio petista, à vista da sua nomeação para o cargo de ministro da Casa Civil, que tem por exclusiva finalidade salvar a sua pele das garras do juiz de Curitiba, que tem sido implacável contra os terríveis esquemas de corrupção, a exemplo do que poderia ter sido o seu o último alvo o petista, que foi salvo momentaneamente da prisão graças à citada nomeação, que implicou a conquista do foro privilegiado.
É inacreditável que ainda tenha gente neste país que defende político com histórico monstruoso de fatos dignos de investigações e de esclarecimentos, que são representativos e capazes de levá-lo para a prisão, imediatamente, em se tratando de envolvido pé rapado, linguajar popular.
Este país não pode evoluir nunca para o tão ansiado estágio de desenvolvimento, de evolução com essa gente que ainda tem a indignidade de defender político envolvido em atos suspeitos de irregulares, que fica zombando das autoridades constituídas e das medidas policiais e judiciais pertinentes às investigações sobre fatos com fortes suspeitas de irregularidades, dando a entender que ele está acima de todos e das leis do país.
Ao invés de ter a humildade de se dignar a esclarecer os fatos, o petista fica com sarcasmo contra as autoridades que tiveram coragem de enfrentá-lo em condições de igualdade, sem rebaixá-lo à real situação de investigado pelo tanto de casos suspeitos de irregulares, à vista dos expressivos repasses de recursos, mais de 40 milhões de reais a título de palestras promovidas pela autoria de iletrado, como ele próprio se autointitula, com muito orgulho.
Não chega a ser surpresa que os fatos tenham acontecido com tamanha facilidade, que sabidamente eles fluíam graças às influências junto ao poder, para a liberação de financiamentos para a execução de obras no estrangeiro, com a concessão de recursos do BNDES, que, de forma inexplicável, escassearam ou deixaram de existir depois das graves denúncias, fato que pode demonstrar a patente ilicitude dos repasses a título de pagamento de palestras, a evidenciar as suas inutilidade, dispensabilidade e ilegitimidade.
Os brasileiros precisam se conscientizar sobre a urgente necessidade de moralização do país e da sumária eliminação da vida pública dos homens públicos com a índole dos políticos que estão sendo investigados por atos de corrupção explícita, mas que ainda têm a indignidade de achar que seus atos são normalíssimos e apenas fruto da sua dedicação às causas da pobreza e do país, quando os fatos mostram outra realidade bem diferente daquela defendida por eles, em total inversão de valores de boas condutas que devem imperar nas práticas político-partidários.
O Brasil precisa ser passado a limpo, com urgência, com a reformulação dos princípios da ética, moral, legalidade, dignidade e honestidade que vêm sendo disseminadas por maus homens públicos, de modo que possa ser extirpada do quadro político a escória representada pela bandidagem que campeia nas atividades político-partidárias, como forma de possibilitar a retomada das boas condutas, a limpeza moral e da dignidade na administração do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
          Brasília, em 20 de março de 2016

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