segunda-feira, 28 de março de 2016

O trabalho dignificante


Talvez seguindo o magnífico exemplo do relator do famigerado caso do mensalão, que prestou importante trabalho de inovação do Judiciário, ante a inusitada tentativa de se aplicar punição a corruptos de colarinho branco, quando antes isso era quase impossível, ante a prevalência da influência política sobre o sistema de então, eis que surge novo paladino brasileiro que tenta, com determinação, liderança e altruísmo, livrar o país do câncer da corrupção que usurpou os poderes constitucionais e desencadeou violento terremoto político, tendo por base a chamada "República de Curitiba", de onde partem as principais decisões objetivando a moralização da administração pública.
A maior e mais competente operação anticorrupção que já aconteceu no país, sob a batuta de juiz que ganhou fama nacional por comandar com muita competência, coragem e destemor as investigações sobre o bilionário esquema de desvio de dinheiro da Petrobras, que foi integrada por importantes empresários, executivos e políticos.
Já são contabilizadas mais de cem condenações e dezenas de fases de investigações, apreensões e buscas de documentos e elementos relacionados ao escândalo, tendo passado pelo crivo do juiz a avaliação sobre ex-diretores da petroleira, donos das maiores empreiteiras do país e políticos da maior relevância, inclusive o até então todo-poderoso e intocável ex-presidente da República petista, que protagonizou o maior alvoroço depois de ter sido conduzido, de forma coercitiva, para prestar depoimento à Polícia Federal.
Abismado depois de seu depoimento, o petista esbravejou dizendo "Eu, sinceramente, tô assustado com a República de Curitiba. Porque a partir de um juiz de primeira instância, tudo pode acontecer neste país".
O juiz de Curitiba é doutor e professor universitário, com curso de formação na respeitada Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, sendo considerado "Um magistrado tecnicamente preparado, com uma capacidade de trabalho extraordinária e experiência em processos de grande magnitude".
O atual astro da Operação Lava-Jato tem fascinação por decifrar os caminhos do dinheiro sujo, pois sempre mostrou seu encantamento pela histórica Operação Mani Pulite (mãos limpas), responsável pela desarticulação da complexa e bem organizada rede de corrupção na Itália, que teve atuação na década de noventa.
Quase como vaticínio, o juiz fez esboço, em artigo publicado em 2004, sobre os meandros dessa operação, como se tivesse adiantando a arquitetura e os caminhos para estruturar os trabalhos por meio dos quais o levaria ao mundo da fama, com o seu talento para comandar as estratégias necessárias à obtenção das colaborações premiadas de delatores ou a divulgação de informações à imprensa, como poderosas armas utilizadas para a contabilização de resultados altamente positivos, que ainda estão em pleno curso, com perspectivas ainda para importantes revelações.
Um advogado extremamente insatisfeito com a atuação do juiz pontificou que "Moro instituiu a prisão preventiva como regra, enquanto em qualquer país civilizado é a exceção". Esse fato dá a exata dimensão do tamanho do incômodo que o juiz causa aos investigados, que concordam com a delação premiada, na tentativa de se livrar do cárcere o quanto antes, principalmente porque tem sido a única maneira de se desgarrarem dos calcanhares do citado juiz.
Não há a menor dúvida de que o juiz de Curitiba foi alçado ao nível de verdadeiro cavaleiro solitário da Justiça, que luta de peito aberto contra os construtores do mar de lama que se encontra o país, com a revelação da podridão emergida dos esquemas de ladroagem arquitetadas e executadas por mentes doentias do PT, PMDB e PP, que aparelharam a estatal para desviar dinheiro para seus cofres, conforme mostram os fatos investigados e dados a público.
Em momento de rara manifestação de sua discrição, o juiz declarou sentir-se "comovido" depois que os mais de três milhões de brasileiros que protestaram nas ruas, declarando irrestrito apoio ao seu brilhante e importantíssimo trabalho à frente da Operação Lava-Jato.
Diante do descalabro, da incompetência generalizada do governo, conforme atestam, em especial, os resultados econômicos, que contribuem para a firme e progressiva retração do país, os brasileiros têm muito motivo para apoiar, por todos os meios e formas, a atuação destemida, impoluta e altamente favorável aos interesses dos brasileiros do juiz de Curitiba, que vem demonstrando enorme vontade para passar este país a limpo, principalmente com a sua moralização, que poderá ser efetivada com a prisão de bandidos empresários, executivos e políticos, não muito acostumados com medidas duras que somente acontecem nos países sérios e evoluídos democraticamente. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
          Brasília, em 28 de março de 2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário