A
Polícia Federal encontra cofre do ex-presidente da República com joias e obras
de arte de valores incalculáveis, que estava localizado em sala em agência do
Banco do Brasil, em cujo acervo patrimonial é representado por 23 caixas
lacradas desde janeiro de 2011 e inclui crucifixo que havia desaparecido do Palácio
Planalto.
A
sala-cofre guarda valioso acervo sob a responsabilidade da esposa e do filho
mais velho do ex-presidente, que até o momento da revelação do seu paradeiro,
não havia nenhuma previsão de sua retirada do local, que o mantém sob verdadeiro
transtorno para o banco oficial, que, há muito tempo, não trabalha com de
depósito e bens alheios.
No
total, foram contabilizados 133 itens, incluindo joias e obras de arte que o
ex-presidente recebeu, a título de presente de outros governantes, enquanto
estava no cargo presidencial, ou que foi simplesmente levado dos palácios,
graças à vontade presidencial, a exemplo de um crucifixo que ficava na sala de
despachos.
A
surpreendente descoberta foi imediatamente comunicada pela Polícia Federal ao
juiz federal que comanda a Operação Lava-Jato, em relatório que inclui fotos do
local e de algumas peças do acervo.
Entre
os itens encontrados no cofre está o crucifixo barroco que a coluna Radar havia
se referido, devido à sua importância como arte sacra que teria sido esculpida
por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, considerada desaparecida do Palácio
do Planalto desde a mudança do petista de lá, sob a alegação, segundo se
comenta, que se tratava de obra particular.
O
cofre localizado no Banco do Brasil foi encontrado mais por acaso, por pura
sorte, pela força-tarefa da Operação Lava-Jato, que, nas buscas na residência
do ex-presidente, em São Bernardo do Campo, no dia em que ele foi conduzido, de
forma coercitiva, para depor na Polícia Federal sobre fatos relacionados ao
desvio de propina da Petrobras, os agentes depararam com documento que fazia
referência ao aludido cofre, o qual serviu de pista para devido pedido de
autorização ao juiz para que a busca se estendesse até o Banco do Brasil.
Chegando
no banco, a Polícia Federal se deparou com precioso acervo que não pertence ao
ex-presidente, mas sim aos brasileiros, por constituir bens públicos da União, uma
vez que muitos deles ou estavam tombados em nome do patrimônio nacional ou
foram recebidos por meio das relações diplomáticas, oferecidos por governos estrangeiros
ao presidente brasileiro e seus antecessores, fato esse que representa ineditismo
e parecer apropriação indevida de bens alheios, o que pode caracterizar, no
caso, crime contra a administração pública.
Segundo
relato da Polícia Federal, subscrito por um delegado, "Foram encontradas nas caixas de papelão, de
modo geral, peças decorativas, espadas, adagas, moedas, canetas e
condecorações", cujo acervo foi ilustrado e documento com fotos das
peças do acervo.
O
relatório esclarece que "as caixas
foram depositadas no dia 21 de janeiro de 2011”, com a indevida e
injustificável informação de que, pasmem, os bens pertenciam à Presidência da
República, mas, na verdade, eles estavam sob o domínio do ex-presidente.
Desde
aquela data até agora, o cofre presidencial estava ali guardado, cujo material
não foi mexido, movimentado ou alterado.
A
Polícia Federal relatou também que não há custo de armazenagem para o
responsável pelo material, à vista da informação de que se trata de bens da
Presidência da República, possivelmente com clara finalidade de não ser cobrada
a devida e justa taxa pelo armazenamento de aluguel do cofre, como ocorre
normalmente com as transações bancárias privadas, fato que também caracteriza
crime de falsidade ideológica, duplamente qualificada, porque realmente os bens
pertencem à União e não ao petista, uma vez que ele cuidou de transportá-los de
forma indiscutivelmente irregular e ainda os guarda como se eles pertencessem
ao Estado, mas, mais cedo ou mais tarde, os bens seriam de propriedade do
definitiva do petista.
A
propósito dos bens em apreço, a Polícia Federal investiga a localização de
material que teria desaparecido dos Palácios da Alvorada e do Planalto, logo
após o petista tê-los deixado, com, pelo menos, onze carretas recheadas e
abarrotadas de bens da União, que foram distribuídos no sítio de Atibaia, no
depósito da transportadora e no cofre do Banco do Brasil, em clara demonstração
de que a ganância por eles não teve limite.
A
alegação do ex-presidente para a retirada do material da União foi a mais
grotesca que se poderia imaginar, sob o argumento de que os demais
ex-mandatários brasileiros também praticaram procedimento análogo, seguindo a
surrada e inverossímil tentativa de respaldar seus lamentáveis erros com possíveis
semelhantes falhas praticadas por outrem.
É inconcebível que o ex-ocupante do principal cargo
da República tenha a insensatez e a insensibilidade de levar consigo bens
indiscutivelmente pertencentes ao patrimônio dos brasileiros, uma vez que os
presentes recebidos por mandatários, no exercício do cargo, a exemplo que fazem
os países civilizados e desenvolvidos, devem ser integrados ao acervo
patrimonial da União, porque o presidente somente a representa.
Trata-se, sem a menor margem de dúvida, de mais uma
audaciosa ação protagonizada pelo homem público que tenta se passar por o
cidadão mais honesto dos brasileiros, mas muitos de seus atos repudiam os mais comezinhos
princípios republicanos, que deveriam ser evitados, por fugirem do modelo de
dignidade a ser seguido pelos homens de bem. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de março de 2016
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