quinta-feira, 31 de março de 2016

Instabilidades tupiniquins


A presidente brasileira afirmou ter ficado "estarrecida" com trecho do relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a economia do país, tendo criticado a parte em que o órgão previu a "continuidade da situação crítica no Brasil".
Tudo isso somente porque o FMI piorou a perspectiva de queda da economia brasileira, em 2016, e informou que não vê mais retomada do crescimento em 2017 – como era previsto pela entidade, em outubro último.
Na realidade, no entendimento do FMI, a piora na economia brasileira irá contribuir como peso muito incômodo sobre a economia mundial, como um todo.
A presidente não se conteve e disse que "Eu fiquei recentemente estarrecida com uma frase que li no relatório do FMI. Nós sabemos que o FMI fala muita coisa. No último relatório dele, avaliando a economia internacional, ele diz que três fatores são muito relevantes no atual cenário e explica as dificuldades que o mundo enfrenta: a diminuição do crescimento da China, instabilidade no Oriente Médio, e o terceiro era a continuidade da situação crítica no Brasil".
A petista estranhou que o FMI tivesse se imiscuído em assuntos pertinentes à instabilidade política e às investigações a cargo da Operação Lava-Jato, quando, no entendimento dela, o fundo deveria analisar apenas a situação da economia, que é a especialidade dele e nunca outros assuntos exclusivamente da administração interna de cada país.
Na avaliação da petista, "Ao que ele (FMI) atribuía a situação crítica do Brasil? Não era da economia, eram duas coisas. Instabilidade política e o fato de as investigações quanto à Petrobras terem prazo de duração maior e mais profundo do que eles esperavam, e que isso seriam os dois principais fatores responsáveis pelo fato de eles terem de rever posição do FMI, em relação ao crescimento da economia no Brasil".
Contrapondo às críticas do FMI, a presidente afirmou que tem certeza de que o Brasil vai alcançar a estabilidade política e terá tranquilidade para retomar o crescimento econômico, tendo afirmado que, "Na democracia, é absolutamente normal que a oposição critique, que qualquer um critique, se manifeste, divirja do que está acontecendo. Isso é normal, mas nós não podemos aceitar que as questões essenciais para o país não sejam objeto de ação conjunta para voltarmos a gerar emprego e renda. Faremos nossa parte".
Em conclusão, a presidente afirmou que "Nós assegurarmos, reformamos para melhorá-los e preservá-los. Vamos voltar a investir no Brasil e vai voltar a crescer. Temos fundamentos sólidos mesmo diante de uma crise. (...) Nós não vamos parar com a inclusão social e não vamos parar de dizer que a educação é uma questão central".
Em que pesem as críticas do FMI terem sido abrangentes e realistas, por que feitas sobre fatos do cotidiano brasileiro, que, no conjunto, têm tudo a ver com o contexto conjuntural, com reflexo no desempenho da economia do Brasil e mundial, a petista não teve a humildade para entendê-las como contribuição ao país por parte de quem realmente tem condições e autoridade para se manifestar com isenção e conhecimento de causa, que, aliás, nem precisa ter muito conhecimento para opinar sobre a situação de extrema penúria e precariedade que se encontra o país tupiniquim, em que muitos fatores estão contribuindo para a regressão do desenvolvimento econômico, principalmente pela degeneração das políticas de governo, que não conseguiram evitar a recessão e suas consequências maléficas para os brasileiros.
Agora, na verdade, não é a presidente que deveria ficar estarrecida com as críticas ponderadas do FMI, que são justas e acertadas sobre o estado deplorável da situação ética, moral, política, econômica e administrativa, mas sim os brasileiros honrados e responsáveis pela manutenção do Estado, que não merecem tanta omissão do governo e falta de iniciativa para combater, com determinação, eficiência e efetividade, as graves crises contribuíram para quebrar, por completo, a economia brasileira.
A presidente ainda fala em recuperação da situação crítica e dramática pela qual ela conduziu, de forma cruel, o Brasil, sem apresentar nenhuma medida capaz de reverter as enormes dificuldades, porque praticamente tudo permanece como sempre, salvo a apresentação de pacote de ajustes fiscal e econômico, tendo no seu bojo medidas para penalizar os já sacrificados brasileiros, a exemplo do aumento de tributos e da recriação da impopular e abominável CPMF, que, se aprovada, irá incidir desde a produção até o consumo, onde todos serão sobrecarregados no bolso, inclusive a pobreza que o governo tanto diz que protege, mas não a poupa quando o assunto diz respeito à tributação, para apenas tapar o rombo das contas públicas, que deveriam ser saneadas com medidas de austeridade, por meio da racionalização e aperfeiçoamento da máquina pública.
Os brasileiros precisam se conscientizar, com o máximo de urgência, sobre a necessidade de exigir qualificação dos homens públicos no sentido de entenderem que as críticas sobre as dificuldades do país têm a finalidade de contribuir para que o governante seja despertado para a premência de medidas capazes de corrigi-las, por meio de ações efetivas e eficientes. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de março de 2016

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