sábado, 19 de março de 2016

Explicações ridículas


Em duro editorial publicado pelo The New York Times, o jornal dos Estados Unidos da América houve por bem classificar como "ridículas" as explicações da presidente brasileira sobre a escolha do ex-presidente da República petista para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil.
Entre outros motivos, a presidente justificou a decisão pelo fato de o petista ser negociador talentoso para ajudar o Brasil a enfrentar a crise, conquanto o jornal americano disse que a petista se encontra agonizante e "luta por sobrevivência política", mas que "supreendentemente, parece ter achado que tinha capital político de sobra", quando fez a questionada escolha.
Com o título "A crise política no Brasil se aprofunda", o editorial do Times também conta que a estratégia da petista cresceu, de forma alarmante, a insatisfação popular e levou milhares de pessoas às ruas, no último domingo, para pedir a saída dela do cargo de presidente e a prisão do ex-presidente, a par de apoiar os trabalhos da Operação Lava-Jato, que é liderada por juiz que não teme as fortes intimidações dos políticos e empresários corruptos e delinquentes, que foram capazes de protagonizar o maior escândalo da história republicana e ainda planejar artifícios para dificultar as investigações e a limpeza moral da administração do país.
No entendimento do Times, o ato da presidente teve o condão de criar outra crise de confiança em seu próprio julgamento. O texto ainda reforça esclarecimentos de que o ex-presidente está sendo investigado por possível crime de enriquecimento ilícito e que pessoas muito próximas a ele, como o ex-ministro da Casa Civil, encontram-se presas, por crimes de lavagem de dinheiro e de corrupção passiva, entre outras delinquências contrárias à civilidade.
O texto ainda enfatiza que o objetivo da nomeação em causa era de blindá-lo das investigações da Operação Lava-Jato, que tem sido implacável com os bandidos que dilapidaram o patrimônio da Petrobras, por meio do desvio de recursos para alimentar cofres de partidos como o PT, PMDB e PP, além de bolsos de políticos e servidores da estatal, com a marca da pura bandidagem.
Segundo o jornal, o ex-presidente e a atual mandatária do país tentam, de toda maneira, atrasar, pelo máximo prazo possível, as investigações sobre os fatos denunciados e eventual julgamento dele, por meio da medida que o torna ministro, abrigando-o por baixo das saias do Palácio do Planalto, com a conquista do igualmente ridículo foro privilegiado, que jamais deveria existir para ninguém, porque  se trata de diferenciar os cidadãos que a Constituição, que é a lei maior do país, estabelece que todos são iguais perante a lei, em condições de direitos e obrigações.
Não é prudente nem lícito que alguém tenha o direito de se posicionar acima dos demais cidadãos do país, em grau de prerrogativa que somente existe nos países totalitários com nível baixo de desenvolvimento democrático, onde os amigos do rei são agraciados com deferências especiais, a exemplo do que está acontecendo com o ex-presidente, que não tem a dignidade de se defender, moto próprio, das acusações da prática de atos irregulares, em que pese se considerar o homem mais honesto da face da terra, em desprezo às pessoas efetivamente honradas e honestas, que não se gabam de realmente ser virtuosas e probas.
Os brasileiros precisam se conscientizar, à vista da sua obrigação cívica e patriótica, de que a República brasileira foi transformada, de forma irresponsável e inconsequente, em gigantesco departamento de propriedade dos petistas, com a exclusiva finalidade de solucionar seus faraônicos problemas de corrupção representados pelo mensalão e petrolão e de atender às suas conveniências na perenidade do poder.
Com certeza, nem nas republiquetas, os mandatários teriam a insensatez e a insensibilidade de dá guarida e tentar blindar homem público alvo de investigações por suspeitas da prática de atos irregulares, porque isso representa medida de extrema afronta à dignidade do povo e aos princípios da moralidade, legalidade e probidade, que não podem ser ignorados nem mesmo nas republiquetas.   
O que se percebe com o ato de extrema generosidade da presidente brasileira é a progressiva degeneração dos saudáveis princípios da administração pública, que não deveriam ter sido ultrajados, na forma como foi, para beneficiar quem quer que seja, mesmo quem foi presidente do país, porque o ato em si representa indiscutível privilégio que não pode ser concedido, à luz dos princípios da civilidade e da razoabilidade. 
Os brasileiros precisam se mobilizar, com urgência, em compreensão de que a administração do país vem sendo explorada em benefício de grupos políticos, que aproveitam a fragilidade da formação cultural da população para solucionar as questões relacionadas aos interesses e às conveniências pessoais e partidárias, os quais devem, o mais rapidamente possível, ser exortados da vida pública, como forma de moralização que tem sido imperiosamente necessária no momento de graves crises criadas pela própria governante, visivelmente culpada por tal estado de degeneração, conforme a classificação de ridículas as explicações da presidente para ato representativo da desmoralização do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 19 de março de 2016

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