De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, a polícia do Reino Unido, compreendendo Inglaterra e Gales, bateu o “alarmante”
recorde de morte de cinco pessoas, no período de nove meses do ano de 2016,
comparativamente aos dez anos anteriores, quando, em 2006, houve a morte de
seis pessoas pela polícia daquele reino.
É importante se repetir a referida estatística de
que é verdade o recorde de mortos pela polícia inglesa, em nove meses de 2016,
que foi de apenas cinco pessoas, sendo superado pelo recorde de 2006, de seis
pessoas.
Agora, pasmem, no Brasil, no mesmo período de nove
meses, a média diária é de nove pessoas, ou seja, a polícia mata nove pessoas
por dia, o equivalente a 1.350 contra apenas cinco, no Reino Unido, no mesmo
período.
Por sua vez, no Brasil, no mesmo período, foram
mortos 393 policiais, pouco mais de um por dia, o que demonstra que o nível de
violência, em ambas partes, já ultrapassou a tolerância de civilidade, já atingindo o nível de barbaridade.
À toda evidência, a situação revela completo caos,
em termos de humanização e civilidade, porque prevalece a intolerância generalizada,
dando a entender que não se trata de se combater a violência, mas sim de
perseguição que tem por escopo qualquer coisa, menos a preservação da vida,
diante da alarmante quantidade de mortos, como se o país estivesse em permanente
estado de guerra.
Outra comparação que representa abismo
civilizatório, conforme dados levantados pelo UNODC (Escritório da Organização
das Nações Unidas para Droga e Crime), relativos a 2012, dá conta de que, no
país tupiniquim, há 21 homicídios para cada 100 mil habitantes, que são 20
vezes mais que o 1,2/100 mil do Reino Unido.
Conforme conclusão de entidade que cuida de
levantamentos sobre violência armada, "De
uma perspectiva britânica, os níveis brasileiros de homicídios são quase iguais
aos de uma zona de guerra".
Outra conclusão foi de que, "Ao contrário do Brasil, o Reino Unido não
tem uma cultura endêmica de armas nem tem problemas profundamente arraigados
com gangues de drogas nem policiais pesadamente armados nem um legado de
brutalidade policial e mortes extrajudiciais".
O contexto atual não poderia ser mais desanimador,
ao se verificar que o Institute for Criminal Policy Research, um projeto ligado
à Universidade de Londres, concluiu que o Brasil deixou o quinto lugar para ser
o líder no ranking de maior número de presos por habitante na América do Sul,
no período de apenas cinco anos.
Com base em informações do UOL, o Brasil tinha
496.251 presos em 2010, o que representa a média de 253 detentos para cada 100
mil moradores, enquanto o relatório de 2016 mostra que houve crescimento da
média em 20%, passando para 301 detentos para cada 100 mil habitantes, cuja
totalização de presos, em 2016, foi quantificada em 607.731.
O estado deprimente e caótico dos presídios, representado
por essa incontrolável onda de massacres, com dezenas de mortes executadas com
extrema truculência, muito bem retrata a degeneração do estado civilizatório,
que não poderia resultar em algo tão desastrado, ante a superlotação dos
presídios, que ainda são dominados por perigosas e agressivas facções
criminosas, em evidente afronta às autoridades e o ordenamento jurídico do
país.
É evidente que as estatísticas referidas acima já
foram superadas em índices cada vez mais preocupantes, conquanto a
criminalidade, no país tupiniquim, se aperfeiçoou e se expandiu em nível
insuportável, enquanto a segurança pública ficou ainda mais medíocre e
impotente para agir e combater as quadrilhas e facções criminosas, que vêm se
fortalecendo e se agigantando em escala progressivamente inversa às forças de
segurança, que perdem capacidade e condições para combater a violência, em
razão da falta de priorização das políticas públicas, à vista do estado de
insuficiência, despreparo e investimentos, para possibilitar o enfrentamento da
criminalidade, muito bem equipada e reforçada com a ajuda das organizações do
submundo do crime.
Como
se sabe, diante das fragilidades do poder público, em 2006, o governo de São
Paulo abaixou-se até o chão para fazer acordo com a facção criminosa, como
condição para ser arrefecida a violência que destruía a cidade industrial.
Não
há dúvida de que existe o risco de as facções criminosas, que dominam os
presídios, estenderem suas bárbaras ações para aterrorizar as ruas e a
sociedade de bem, transformando o país em verdadeiro barril de pólvora, com a
iminência de explosão a qualquer instante.
A
verdade é que a indiscutível falta de estado, compreendo governo e autoridades
suscita a presença de alguém - no caso, o crime organizado - em condições de
assumir esse importante papel na sociedade, só que à sua maneira própria de
criminalidade, em conformidade com as suas conveniências e normas de conduta.
Urge
que a sensatez e a responsabilidade cívica sejam incutidas nas autoridades
públicas, a se exigir a sua conscientização sobre a real gravidade que impera
na segurança pública, a exemplo da cristalina demonstração de força das facções
criminosas, que já dominam amplamente os presídios, onde as ordens são por elas
emanadas e cumpridas prontamente, inclusive pelas autoridades, diante da
imperiosa necessidade da promoção de efetivas medidas capazes de se evitar que
a terrível encruzilhada de submissão imposta ao poder público, nos presídios,
não ultrapasse seus muros, sob pena de a generalização do caos ali instalado
passe a imperar também nas ruas, à vista da impotência das autoridades
públicas, que já demonstraram completa incapacidade para impor o poder
institucional, deixando a sociedade perplexa, amedrontada e insegura. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 30 de janeiro de 2017
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