O
principal político brasileiro disse, durante encontro com militantes do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que vai voltar a ser
presidente da República e, em tom de ameaça, asseverou: “Se preparem, porque, se necessário, eu serei candidato. Se
eu for candidato, é para a gente ganhar as eleições. Nós vamos voltar a
governar este país”.
A
plateia que o ouvia usava bonés vermelhos com a inscrição “Estamos com Lula” e gritavam “Brasil
pra frente, Lula presidente”.
Ao
ensejo, o político também afirmou que espera receber desculpas daqueles que o
acusam agora por crimes de corrupção. Ele afirmou que “A única coisa que eu peço a Deus é que essas pessoas, quando chegarem à
conclusão de que não tem nada contra mim, peçam desculpas”.
Na
avaliação dele, o ódio construído contra seu governo está prejudicando o Brasil,
porque “Não é possível que o ódio que
eles têm de mim faça com que prejudiquem o país”.
No
discurso, ele aproveitou para também criticar a gestão do governo federal,
ao dizer que “O que está acontecendo no
Brasil é algo anormal. Esse país não pode sair da alegria, do otimismo e da
esperança que estava para a desgraça que estamos vivendo hoje”.
O
político acusou o presidente do país de entregar a Petrobras a multinacionais e
destruir as políticas de valorização nacional da empresa e ainda defendeu que o
governo federal precisa voltar a fazer investimentos diretos e a bancar
financiamentos a pequenos empresários e consumidores através dos bancos
públicos.
O
ex-presidente disse ainda que durante este ano vai andar pelo país para
recuperar a imagem do PT e a sua própria imagem, tendo reafirmado que a legenda
está sendo criminalizada pela mídia e Justiça.
O
presidente nacional do partido disse que “O
PT ainda não tomou a sua decisão, embora sinta que é aspiração nacional que o
presidente Lula retome o governo do país através de eleição direta”.
Até o momento, o importante político tupiniquim é réu em
cinco processos judiciais, sendo três deles no âmbito da Operação Lava-Jato –
dois dos quais estão com o juiz responsável por essa operação, alvo de
constantes e ácidas críticas do político e de seus advogados, que o consideram
parcial.
O político também é réu em ações decorrentes das operações
Zelotes e Janus e apenas uma condenação, em segunda instância, pode torná-lo
inelegível para retorno ao Palácio do Planalto, na próxima eleição presidencial.
É
bastante estranho que o político tenha acusado o governo atual de ter entregue
a Petrobras a empresas multinacionais e ainda de destruir suas políticas de
valorização, como se os governos petistas tivessem sido capazes de defender o
patrimônio da petrolífera, conquanto o petrolão e a marca avassaladora da
degeneração daquela empresa, em plenos governos petistas, mas o político e seu
partido não tiveram a menor sensibilidade para assumir a culpa por inominável e
trágica situação que causou imensurável prejuízo aos interesses nacionais.
Também é
impressionante como alguém pode concluir que o retorno do petista à Presidência
do país seja aspiração nacional, dando a entender que os brasileiros não tenham
a menor capacidade nem condições para aquilatar os estragos causados pelos
governos petistas ao país, cujas gestões não podem ser avaliadas exclusivamente
pela distribuição de renda, que sequer excedera a incumbência constitucional do
Estado de dar assistência às pessoas carentes, na forma de programa de Estado e
não de governo, como assim tenha sido sempre tratado.
Os
referidos governos precisam ser avaliados pelo conjunto da obra, principalmente
por sua completa omissão com relação aos demais programas de governo, que foram
relegados a planos secundários, a exemplo das reformas estrutural e conjuntural
e da priorização das políticas de desenvolvimento socioeconômicas, permitindo
que o país se distanciasse das demais nações que se adaptaram à evolução
mundial.
Enquanto
o país deixou de ser modernizado e de ter entrado para história, com a
utilização de mecanismos de valorização e priorização das políticas capazes de
contribuir para o desenvolvimento socioeconômico, os governos petistas têm
histórico de alianças espúrias, que se uniram à banda podre da política, para a
formação de alianças de governabilidade, onde havia a prevalência do loteamento
de órgãos e entidades públicos, em troca de apoio no Congresso Nacional e na
sustentabilidade à perenidade no poder, cujo resultado foi a destruição da
eficiência da administração do país, conforme demonstram os serviços públicos
prestados à população, reconhecidamente de péssima qualidade.
Foram nos
governos petistas que floresceram os famigerados e escandalosos casos de
corrupção denominados de mensalão e petrolão, sendo que este representa o mais
perverso caso de aparelhamento em uma empresa estatal, que teve por
consequência a gigantesca destruição do seu patrimônio, cujos efeitos
devoradores ainda continuam repercutindo intensamente, à luz das investigações
da Operação Lava-Jato, que já envolveu importantes políticos, executivos,
empresários e outros assemelhados criminosos, que desviaram bilhões de reais de
seus cofres.
Também é
herança de governos petistas a terrível recessão econômica, que se arrasta por
dois longos anos, trazendo no seu bojo alarmante onda de desemprego nunca vista
na história republicana, além da falta de investimentos na produção.
É muito
difícil compreender como pode haver aspiração nacional para o retorno ao
governo de pessoa que não consegue se defender na Justiça senão acusando a
polícia, os investigadores e o juiz que cuidam das investigações das denúncias
objeto da transformação dele em réu, sob a prática de graves crimes de
corrupção passiva, lavagem de dinheiro, tráfico de influência, formação de
quadrilha, além das suspeitas de enriquecimento ilícito.
Até o
momento, o político apela no sentido de que os casos de investigação e
denúncias contra ele não sejam tratados como ódio ao seu governo e que as
pessoas, reconhecendo a inocência dele, embora sem que ele se esforçasse ainda em
apresentar as defesas pertinentes, acompanhadas das provas juridicamente
válidas, em contestação aos fatos denunciados, peçam desculpas a ele, dando a
entender que há processos contra ele de vitimização, ódio e injustiça, tudo por
conta da tentativa do seu afastamento do Palácio do Planalto.
Por
seu turno, o alerta do petista tem toda pertinência, no sentido de que os
brasileiros se preparem, tendo em vista que o seu retorno ao Palácio do
Planalto é motivo de muita preocupação, à vista do mar pútrido que ainda perturba
a consciência cívica dos brasileiros, diante dos resultados das investigações
sob a incumbência da Operação Lava-Jato, que acenam para gigantesco esquema
criminoso de desvio de dinheiro dos cofres da então maior empresa estatal
brasileira, que se encontrava sob a gestão do governo de então, sendo que o principal
envolvido, segundo os procuradores do Ministério Público Federal, é o
ex-presidente, que seria o general da quadrilha que saqueou a Petrobras, de
forma abusiva.
Há
realmente motivos de temor e preocupação, diante dos fatos já investigados, que
demonstram a robusteza das provas encontradas nas transações fraudulentos,
conforme a condenação de diversos importantes políticos, empreiteiros,
executivos e outros inescrupulosos criminosos assemelhados, além da transformação
de outros poderosos políticos em réu, entre os quais o próprio político, que,
ao invés de ficar ameaçando usar seu poder para voltar à Presidência da
República, deveria justificar e esclarecer, com provas juridicamente aceitáveis,
como forma de contestação, os fatos já denunciados e aceitos pela Justiça.
À
luz do bom senso e da racionalidade, em face da dinâmica dos acontecimentos,
quando os fatos ainda se encontram completamente anuviados e carregados de
suspeitas sobre a prática de graves atos irregulares, convém que os políticos
já transformados em réus tenham a dignidade de, antes de pretender assumir
importantes cargos públicos, cuidar de limpar seus nomes junto ao poder
Judiciário, como forma imprescindível de prestação de contas sobre seus atos,
mesmo que se sintam injustiçados, porque não tem como haver aspiração nacional
maior do que a necessidade da comprovação da inocência perante a Justiça, que tem
o poder constitucional de julgar os atos infracionais. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 14 de janeiro de 2017
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