terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A contribuição pelo esfarelamento

O principal político brasileiro se reuniu com as bancadas do seu partido na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, com o propósito de tentar frear ensaiada “debandada” dos parlamentares da legenda.
A preocupação do líder-mor do partido, segundo a coluna Painel da Folha de São Paulo, é de “agir como um ímã” para evitar que o partido acabe se “esfarelando”, em pouco tempo.
Embora o partido já tenha sido considerado o maior de esquerda no país, na atualidade perdeu sua hegemonia e seu brilho a partir das investigações da Operação Lava-Jato, principalmente com a exposição de nomes importantes de seu quadro, como o ex-presidente da República, que já se tornou réu em cinco processos e responde na Justiça por vários crimes.
O referido fato foi marcante para a desestruturação do partido, que ainda teve a corroboração extremamente negativa do impeachment da então presidente do país, cuja desgraça atingiu seu ápice com o avassalador resultado das eleições municipais, cujo rolo compressor do tsunami foi capaz de enfraquecer e definhar de vez os ânimos de seus integrantes, que já estavam frangalhos.
A direção nacional do partido, em conjunto com suas lideranças, se articula entre a militância para que a fragilização não se amplie ainda mais e possa ter reflexo bem maior na redução do número de parlamentares nas bancadas do Congresso.
Amigos da intimidade do político-mor acreditam que a discussão sobre a sucessão deve ser ainda mais interna, para não fragilizar o partido, enquanto um deputado afirmava, na surdina, que “Neste momento de fragilidade, se o partido ficar parado, a tendência é que haja dispersão”.
Diante das circunstâncias, com a acentuada divisão de opiniões entre os partidários, muitos se preocupam com a capacidade eleitoral do partido, que perdeu, de forma fragorosa, as últimas eleições municipais, ficando sem representatividade nos principais redutos do partido, exatamente em razão da poderosa influência das investigações da Operação Lava-Jato, que trouxe à tona o mar pútrido de sujeira com o envolvimento de exponenciais políticos do partido, que teriam trabalhado para que a agremiação fosse beneficiada com dinheiro proveniente da roubalheira, conquanto tudo isso seja tratado, pelo partido, como sendo normal e legítimo, não aceitando nenhuma forma de deslize, embora os fatos não deixem a menor dúvida sobre o avassalador mar de lama muito bem representado pela corrupção com a marca da estrela vermelha.
À luz de tudo que já foi revelado pela diligente e eficiente Operação Lava-Jato, é precisa ter muito amor a um partido que não teve o menor escrúpulo para se envolver nos piores esquemas de corrupção da história brasileira, tendo conseguido quebrar o Brasil, mediante a fragilização de suas estruturas não somente morais, mas principalmente econômicas, com o peso dos rombos das contas públicas, a forte recessão e o alarmante desemprego, permitindo que o país de distanciasse do caminho do desenvolvimento socioeconômico.
Além de ter deixado o horroroso rastro de destruição dos princípios da administração pública, as principais lideranças do partido resistem em não assumir a culpa pelos estragos e prejuízos causados ao país e ao seu povo, dando a entender que a roubalheira, a desmoralização e a degeneração dos princípios da gestão competente e eficiente estão absolutamente em conformidade com os padrões de normalidade e ninguém deve ser responsabilizado pelos monstruosos e irreparáveis danos causados à nação.
Causa perplexidade essa forma explícita de extremados insensatez, insensibilidade e desamor ao país e aos brasileiros para continuar filiado à agremiação não somente fragilizada e enfraquecida diante dos reiterados escândalos perpetrados por sua ganância política de dominação das classes política e social e de perenidade no poder, mas, sobretudo, pelos estragos causados ao patrimônio dos brasileiros, que jamais será recuperado, diante da imensurável irresponsabilidade na condução dos negócios e destinos do país.
O certo é que, de forma estratégica e meticulosa, o partido conseguiu implementar eficiente estratagema para desviar toda dinheirama que a Operação Lava-Jato já levantou e mostrou para o mundo muitos protagonistas e beneficiários, entre os quais o próprio partido que, para espanto geral, ainda continua existindo e tentando se manter em plena atividade política, em que pese a visível demonstração de toda ruindade que já poderia ter sido feita contra os interesses nacionais, ante os incalculáveis prejuízos causados à população.
Por certo, se a roubalheira do petrolão tivesse ocorrido em um país sério, civilizado e cônscio da sua responsabilidade pública, não somente o partido como todos os envolvidos nos atos e esquemas irregulares já não mais estavam em atividade e muito menos tentando se reorganizar e se consolidar, na tentativa de continuar como agremiação política, eis que o péssimo e degenerativo exemplo de sua atuação, à luz dos esquemas criminosos de corrupção tornados públicos, já seria mais que suficiente para que o seu fim contribuísse para sepultar triste história da política brasileira e servir, no mínimo, de lição para que casos análogos a esse jamais viessem a ocorrer.
É lamentável que partido com deplorável currículo contra os interesses dos brasileiros ainda tente se reestruturar para continuar em atividade, tendo como liderança exatamente os mesmos políticos acusados de participação nos esquemas criminosos, quando a sua efetiva contribuição para o país seria mesmo o seu desaparecimento, enquanto seus atuais integrantes terem a dignidade de assumir suas culpas pelos estragos causados ao país e de jamais se apresentarem como representantes do povo.
Os brasileiros anseiam pela completa renovação dos quadros políticos e apresentação de novas gerações de homens públicos que tenham mentalidade sadia e realmente disposta a defender exclusivamente os interesses dos brasileiros, com embargo da participação política daquelas que contribuíram para a destruição dos desejos de progresso em todos sentidos da população, que esperava que o país pudesse se desenvolver e se transformar em grande potência, não fossem o malogro e o fiasco da gestão naufragada pelo fragoroso impeachment, em razão do enquadramento da então mandatária do país no crime de responsabilidade, em flagrante afronta aos princípios da administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 3 de janeiro de 2017

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