Segundo
a revista VEJA, é realidade que o cerco tenho sido fechado contra o principal
político brasileiro, tendo em conta o mar de denúncias que vêm robustecendo a
ideia de que, no embalo do tão propalado período de bonança, reinava também o
submundo das tramas e ações completamente dissonantes com os princípios da
dignidade e da civilidade que devem nortear a gestão pública.
O
impeachment da presidente, que também marca, de forma melancólica, o término da
era petista no poder, fatalmente contribuiu para ressuscitar muitos casos escabrosos
e insepultos, com poder de envolvê-lo inapelavelmente, em razão de sua forte
liderança na vida política do partido.
Já
tendo se tornado réu em cinco processos e indiciado no famigerado petrolão, o
político deverá ser investigado também pelo ressurreto mensalão, depois de ter
sido acusado, na delação do ex-senador petista, sob o fato de ter participado de
esquema armado para comprar o silêncio do empresário operador do esquema de
subornos descoberto em 2005.
O
ministro que cuida do relato da Operação Lava-Jato, no Supremo Tribunal
Federal, determinou o envio do caso à Justiça Federal no Distrito Federal, para
a apuração dos fatos, e compartilhado com o inquérito em andamento na Corte
apelidado de “quadrilhão”, que escarafuncha todo o esquema de corrupção na
Petrobras.
Por
haver elo entre o político e o PT, esse caso se torna a vez inicial em que o
petrolão se encontra com o mensalão numa mesma investigação.
Por
meio de solicitação dirigida ao STF, os investigadores da Lava-Jato solicitaram
a apuração do relato feito pelo ex-senador, no que pertine à “participação de personagens centrais do
Partido dos Trabalhadores, entre os quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, o ex-ministro Antonio Palocci e Paulo Okamotto, nas tratativas voltadas
ao pagamento de valores ilícitos para manter o silêncio de Marcos Valério, no
denominado caso do ‘mensalão’”.
O
ex-senador contou que, quando presidia a CPI dos Correios, foi procurado pelo operador
do mensalão, que ameaçava entregar o PT se o partido não pagasse a dívida de R$
220 milhões, referente aos recursos utilizados para comprar o apoio de
parlamentares durante o governo do político. O assunto, que já era de
conhecimento do japonês amigo do político, braço-direito dele, foi levado pelo
ex-senador até o ex-presidente, que teria ficado transtornado, mas, alguns dias
depois, de acordo com o ex-senador, o ex-ministro da Fazenda garantiu que
resolveria o imbróglio, tendo ficado sabendo que as empreiteiras do petrolão ajudaram
a comprar o silêncio do citado operador.
O
político também está sendo investigado em outra frente do mensalão, em razão de
depoimento prestado ao Ministério Público Federal, em 2012, no qual o operador
de esquema criminoso acusa que a empresa Portugal Telecom saldou dívida de US$ 7
milhões de campanhas do PT, por meio de transação realizada por fornecedores da
companhia de telecomunicações sediados em Macau, cujas operações irregulares
teriam sido comprovadas por documentos contendo dados de contas bancárias fora
do país, que teriam sido utilizadas pelo partido, para quitar despesas das
eleições de 2002 e 2004.
É
evidente que não se pode, desde logo, afirmar que o político seja o principal
responsável por esse verdadeiro mar de lama fétida que infestou a administração
do país, mas certamente muito pouco da podridão que ainda vem exalando com
intensidade nos dias atuais jamais teria acontecido sem o conhecimento dele,
que sempre bradava que seria capaz de fazer o diabo para manter seu partido no
poder, a exemplo de discurso proferido em apoio à reeleição da sua pupila, que
foi defenestrada do Palácio do Planalto justamente porque passou por cima das
normas jurídicas pertinentes à administração orçamentário-financeira, tendo
sido enquadrada no crime de responsabilidade, com sede na Carta Magna.
A
legislação pátria até que poderia ser mais autêntica em preservação do
patrimônio dos brasileiros, ao estabelecer penas severas para aqueles que
traíram os interesses nacionais, ao empregarem mecanismos contrários aos
princípios da moralidade e da dignidade, em evidente lesão ao patrimônio dos
brasileiros, a exemplo dos fatos objeto das apurações em comento, que precisam
ser investigados com abrangência e profundidade, de modo que a verdade seja
finalmente revelada, para o fim de, se for o caso, desmascarar todos aqueles que
tiveram o despudor de se autodenominar o suprassumo da honestidade, quando os
fatos podem apontar graves irregularidades, tendo a sua participação.
Com
a mudança de governo, os brasileiros anseiam por que haja verdadeira
mobilização nacional, no sentido de que todas as denúncias sejam apuradas e, se
for o caso, os culpados possam responder por seus pecados, como forma de se
passar o país a limpo e que os resultados das investigações sirvam não somente
de instrumentos indispensáveis ao ressarcimento dos danos causados ao erário,
mas de lição para a formação de homens públicos imbuídos do verdadeiro espírito
de moralidade, honestidade e dignidade, como se exige que a administração
pública possa ser cuidada e zelada com estrita fidelidade aos saudáveis princípios
de bons exemplos de sinceridade, competência e probidade com a coisa pública. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 12 de janeiro de 2017
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