quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Mobilização nacional

Segundo a revista VEJA, é realidade que o cerco tenho sido fechado contra o principal político brasileiro, tendo em conta o mar de denúncias que vêm robustecendo a ideia de que, no embalo do tão propalado período de bonança, reinava também o submundo das tramas e ações completamente dissonantes com os princípios da dignidade e da civilidade que devem nortear a gestão pública. 
O impeachment da presidente, que também marca, de forma melancólica, o término da era petista no poder, fatalmente contribuiu para ressuscitar muitos casos escabrosos e insepultos, com poder de envolvê-lo inapelavelmente, em razão de sua forte liderança na vida política do partido.
Já tendo se tornado réu em cinco processos e indiciado no famigerado petrolão, o político deverá ser investigado também pelo ressurreto mensalão, depois de ter sido acusado, na delação do ex-senador petista, sob o fato de ter participado de esquema armado para comprar o silêncio do empresário operador do esquema de subornos descoberto em 2005.
O ministro que cuida do relato da Operação Lava-Jato, no Supremo Tribunal Federal, determinou o envio do caso à Justiça Federal no Distrito Federal, para a apuração dos fatos, e compartilhado com o inquérito em andamento na Corte apelidado de “quadrilhão”, que escarafuncha todo o esquema de corrupção na Petrobras.
Por haver elo entre o político e o PT, esse caso se torna a vez inicial em que o petrolão se encontra com o mensalão numa mesma investigação.
Por meio de solicitação dirigida ao STF, os investigadores da Lava-Jato solicitaram a apuração do relato feito pelo ex-senador, no que pertine à “participação de personagens centrais do Partido dos Trabalhadores, entre os quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro Antonio Palocci e Paulo Okamotto, nas tratativas voltadas ao pagamento de valores ilícitos para manter o silêncio de Marcos Valério, no denominado caso do ‘mensalão’”.
O ex-senador contou que, quando presidia a CPI dos Correios, foi procurado pelo operador do mensalão, que ameaçava entregar o PT se o partido não pagasse a dívida de R$ 220 milhões, referente aos recursos utilizados para comprar o apoio de parlamentares durante o governo do político. O assunto, que já era de conhecimento do japonês amigo do político, braço-direito dele, foi levado pelo ex-senador até o ex-presidente, que teria ficado transtornado, mas, alguns dias depois, de acordo com o ex-senador, o ex-ministro da Fazenda garantiu que resolveria o imbróglio, tendo ficado sabendo que as empreiteiras do petrolão ajudaram a comprar o silêncio do citado operador.
O político também está sendo investigado em outra frente do mensalão, em razão de depoimento prestado ao Ministério Público Federal, em 2012, no qual o operador de esquema criminoso acusa que a empresa Portugal Telecom saldou dívida de US$ 7 milhões de campanhas do PT, por meio de transação realizada por fornecedores da companhia de telecomunicações sediados em Macau, cujas operações irregulares teriam sido comprovadas por documentos contendo dados de contas bancárias fora do país, que teriam sido utilizadas pelo partido, para quitar despesas das eleições de 2002 e 2004.
É evidente que não se pode, desde logo, afirmar que o político seja o principal responsável por esse verdadeiro mar de lama fétida que infestou a administração do país, mas certamente muito pouco da podridão que ainda vem exalando com intensidade nos dias atuais jamais teria acontecido sem o conhecimento dele, que sempre bradava que seria capaz de fazer o diabo para manter seu partido no poder, a exemplo de discurso proferido em apoio à reeleição da sua pupila, que foi defenestrada do Palácio do Planalto justamente porque passou por cima das normas jurídicas pertinentes à administração orçamentário-financeira, tendo sido enquadrada no crime de responsabilidade, com sede na Carta Magna.
A legislação pátria até que poderia ser mais autêntica em preservação do patrimônio dos brasileiros, ao estabelecer penas severas para aqueles que traíram os interesses nacionais, ao empregarem mecanismos contrários aos princípios da moralidade e da dignidade, em evidente lesão ao patrimônio dos brasileiros, a exemplo dos fatos objeto das apurações em comento, que precisam ser investigados com abrangência e profundidade, de modo que a verdade seja finalmente revelada, para o fim de, se for o caso, desmascarar todos aqueles que tiveram o despudor de se autodenominar o suprassumo da honestidade, quando os fatos podem apontar graves irregularidades, tendo a sua participação.
Com a mudança de governo, os brasileiros anseiam por que haja verdadeira mobilização nacional, no sentido de que todas as denúncias sejam apuradas e, se for o caso, os culpados possam responder por seus pecados, como forma de se passar o país a limpo e que os resultados das investigações sirvam não somente de instrumentos indispensáveis ao ressarcimento dos danos causados ao erário, mas de lição para a formação de homens públicos imbuídos do verdadeiro espírito de moralidade, honestidade e dignidade, como se exige que a administração pública possa ser cuidada e zelada com estrita fidelidade aos saudáveis princípios de bons exemplos de sinceridade, competência e probidade com a coisa pública. Acorda, Brasil! 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 12 de janeiro de 2017

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