Não
bastassem as completas barbárie e destruição protagonizadas no âmbito do
presídio de Natal (RN), agora a onda de protestos e ataques criminosos começou
dentro de cidades do estado, com incêndio em dezenas de veículos, como micro-ônibus,
ônibus, carros do governo do estado, delegacias, prédios públicos etc., que
foram alvos das incontroláveis fúria e irracionalidade da criminalidade.
Por
enquanto, não há notícia sobre a existência de pessoas feridas ou atingidas
pelo vandalismo que se apodera de vez de cidades sitiadas e sem autoridades,
onde os bandidos, sem a menor causa a justificar sua fúria, dão as ordens e
afrontam o Estado Democrático de Direito.
Agora,
pasmem, em pleno horror disseminado pela criminalidade, o secretário de
Segurança Pública do estado disse que está sendo investigado se os ataques têm
relação com a crise no sistema penitenciário do estado, a par de informar que "Pessoas já foram presas", sem adiantar
a quantidade dos detidos.
A
maioria dos ataques aconteceu no exato instante em que a Polícia Militar promovia
a remoção de 220 presos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz para presídio do
interior do estado, que também passa por processo de rebelião, cujo estopim
pode explodir a qualquer momento.
Na
avaliação das autoridades do estado, a remoção dos presos faz parte da
estratégia negociada de se reiniciar a retomada do controle do presídio, que vem sendo
administrado tranquilamente por facções criminosas, enquanto o poder público
apenas assiste a distância o desenrolar das táticas e estratégias adotadas soberanamente
pelos comandos das citadas facções.
A
situação se agrava à medida que surge incêndio e violência contra o patrimônio
público e privado e praticamente nada tem sido feito para coibir com eficiência
a desordem dentro e fora do principal presídio, que continua sendo administrado
sob as ordens das lideranças das facções, que não respeitam nada e ainda
ameaçam até o governador do estado, com morte.
Esse
estado caótico não passa de enorme piada, porque isso nada mais é do que a
inversão da ordem pública, ou seja, a completa desordem, onde os bandidos
demonstram exatamente a autoridade contrária que deveria ser feita pelas
autoridades incumbidas de zelar e manter a segurança pública, que simplesmente
foi ultrajada e humilhada pela ilimitada ousadia das facções, que desafiam o
poder público e impõem a sua vontade por meio da incontrolável destruição,
inclusive mortes.
Agora,
essa história de se apurar se os ataques têm relação com a crise carcerária representa ingenuidade gigante e sem paralelo, dando a entender que as
autoridades estão de brincadeira diante de situação tão séria e grave, que
jamais se cogitaria em sequer imaginar em absurdo dessa magnitude, quando o
estado de calamidade exige a efetivação de medidas duras contra os bandidos, tanto
os presos como os soltos, que infernizam a vida dos cidadãos de bem que ainda são
obrigados a manter os falidos sistemas de segurança pública e carcerário nessa
verdadeira pindaíba, à vista da fragilidade de seus comandantes.
Enquanto
as autoridades pretendem investigar a real motivação sobre tamanha desordem da
tranquilidade pública - com a cidade sendo literalmente incendiada e dominada pela bandidagem -, para se saber se os ataques bárbaros têm alguma relação com
as rebeliões do presídio, coisa que qualquer bebezinho já sabe, a cidade
continua tragada por incêndios nas barbas das ditas “autoridades”, que demonstram
estar nas nuvens, à procura de avião perdido no espaço daquele estado, sem
enxergar o perigo de ele ser naufragado pela indiscutível força das
facções criminosas.
É
preciso encarar os problemas com maturidade e responsabilidade cívicas, como
forma de coibir com medidas firmes, competentes e à altura da truculência exposta pela
criminalidade, não permitindo que a força do “poder paralelo” do Brasil imponha
a sua vontade de destruição e contestação contra as verdadeiras autoridades
legalmente constituídas, que precisam demonstrar a real razão da sua
existência nos termos do ordenamento jurídico, que não pode ser menosprezado
por bandidos, que devem ser tratados exatamente nos termos preconizados nos
Códigos próprios com base nos quais eles tenham sido condenados por seus crimes
horrorosos.
É
bastante deprimente que o sistema carcerário tenha chegado ao nível tão insustentável
de credibilidade e deficiência, quando as autoridades permitiram que os comandos
das facções sejam consultados, inclusive envolvendo negociações para se viabilizar
a execução de medidas que dizem respeito exclusivamente à competência do Estado, uma vez que
o preso tem apenas que cumprir a sua pena, sem qualquer participação na gestão
dos presídios.
Com
isso, fica evidente a degradação do sistema carcerário, que não tem autonomia
nem autoridade para executar suas políticas, sob pena da ocorrência de
rebeliões incontroláveis e violentas, à vista de dezenas de mortes ocorridas a
todo instante, em razão exatamente da sua má administração.
Com
absoluta certeza, as medidas para a destruição da ordem pública, emanadas pelas
lideranças das facções criminosas - que jamais deveriam existir - são claras demonstrações
da inversão do sentido de segurança pública preconizado na Carta Magna, por não
haver dúvida de que "quem manda no sistema carcerário do Brasil são os
chefes dessas facções”, por terem o poder de negociar com as
autoridades sobre tudo, inclusive quanto à remoção de presos para
outros presídios, o que constitui verdadeiro absurdo que o seu funcionamento
possa ter a intercessão de bandidos, quando a sua administração deve ser feita
exclusivamente pelo Estado, que tem a competência constitucional para tanto. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 19 de janeiro de 2017
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