O
governador de Minas Gerais fez uso de helicóptero oficial do estado para buscar
o filho em condomínio turístico e luxuoso, onde ele teria passado as festas de entrada
do ano-novo.
Diante
da enorme repercussão negativa, o governador tentou explicar o injustificável,
ao afirmar que teria viajado com a intenção de passar o dia com o filho, que
havia comemorado a virada de ano na casa de amigos, mas o passeio foi interrompido
sob a justificativa de que o filho não estaria se sentindo bem.
São
palavras do governador mineiro: “Ainda no
voo de ida, ele (o filho) comunicou-se
comigo, dizendo que não se sentia bem, e perguntava se não me incomodaria
voltar mais cedo com ele para BH, em vez de almoçar lá. Obviamente, eu
concordei e voltamos juntos, logo após o pouso, ainda pela manhã. Ou seja,
nenhuma novidade, nada ilegal ou irregular”.
O
político disse que os ataques contra ele fazem parte de “campanha insidiosa” de pequeno setor da oposição.
Já
a assessoria do governo mineiro afirmou que o Decreto 44.028/2005, assinado
pelo seu antecessor, prevê “a utilização
de aeronave oficial por parte do Chefe do Executivo em deslocamentos de
qualquer natureza. Desde 2005, portanto, e com respaldo legal daquela norma,
são registrados voos em aeronaves oficiais nos deslocamentos de governadores mineiros
acompanhados de familiares”.
Embora
o estado esteja comprovadamente falido, conforme decreto assinada pelo
governador, chancelando calamidade financeira, ele continua torrando dinheiro
público e dando péssimo exemplo de gestão, com a aquisição de duas aeronaves,
no custo superior a R$ 22 milhões, o que certamente irá agravar ainda mais as
finanças do estado.
A assessoria
de imprensa do governo mineiro explicou que os referidos helicópteros serão
alocados ao Gabinete Militar do governador e usados para missões de
segurança pública e defesa civil, porém as aeronaves também ficarão à
disposição do “comandante petista”, ou seja, simplesmente potencializando as
fartas e abusivas mordomias com o dinheiro dos contribuintes.
Trata-se
de gigantesca incoerência protagonizada pelo governador mineiro, que recém decretou
estado de calamidade das finanças do Estado, em razão da grave crise econômica,
mas ele continua abusando dos cofres públicos como se nada estivesse
acontecendo de anormal, usufruindo, sem o menor pudor, as benesses e as
mordomias dispendiosas e extravagantes custeadas pelo erário, em total desprezo
justamente à crise econômico-financeira do Estado.
Ao
que tudo indica, pelo visto, a calamidade financeira somente tem validade para
a população, porque o aperto ainda não chegou no âmbito do palácio
governamental, cujo titular não tem sensatez e sensibilidade para compreender
que, se há crise, ela abrange o conjunto do estado, independentemente da
existência ou não de norma disciplinando o uso de aeronave oficial, porque
tomar a norma criada por seu antecessor, adotada em época quando não havia
crise econômica como ocorre agora, para justificar ato insano, já diz
exatamente o nível da mentalidade do político.
O
mais grave ainda é a insensibilidade dele de interpretar as críticas como sendo
"campanha insidiosa", quando o mínimo que se pode compreender nesse
episódio é que o governador demonstrou muita falta de humildade para
compreender o verdadeiro significado do que seja realmente interesse público,
objetivo principal que justifica a destinação dos recursos arrecadados dos
bestas dos contribuintes.
Na
verdade, a existência de políticos com mentalidades segundo as quais ele é o
próprio poder tem como responsável o povo, que os elege para mantê-los exercendo
cargos públicos eletivos, ou seja, os acertos e os abusos cometidos por eles
têm o respaldo do povo, que os escolhe pelo sufrágio universal para representá-lo.
À
luz dos fatos indiscutivelmente deletérios, já passou do tempo para a aprovação
de normas prevendo o afastamento sumário de representantes eleitos pelo povo, quando
eles cometerem insanidades com recursos públicos, a exemplo do uso de bens
públicos para fins particulares, além da obrigação do ressarcimento do dano
causado ao erário.
Convém
que o povo se conscientize, o mais urgente possível, de que a escolha de seus
representantes precisa ser bastante criteriosa, estudada e avaliada, sob os
prismas do caráter e, em especial, da capacidade de gerir recursos públicos, de
modo que sejam exigidos deles sensatez e sensibilidade político-administrativas
capazes de se evitar confusão entre o público e o privado, de entender que suas
causas jamais prevalecerão sobre o interesse público e de compreender que a
dimensão da real crise econômico-financeira do erário é matéria que abrange
inclusive as absurdas e injustificáveis mordomias e as benesses palacianas, com
embargo dos projetos pessoais políticos de poder e de dominação. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 9 de janeiro de 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário