Com
base no acompanhamento que fiz do importante trabalho realizado por Bonifácio
Fernandes, farmacêutico prático de excelente qualidade, até os meus 17 anos, quando
deixei Uiraúna (PB) no início dos idos de 1966, confesso meu apreço e minha gratidão
à sua pessoa, por ter presenciado o quanto ele compreendia como ninguém a
dimensão da ansiedade do seu semelhante, sempre quando ele mais precisava da
sua presença, como verdadeiro médico da família.
Ele
sempre comparecia na hora da dor e tinha forma peculiar de atendimento, com
presteza e o máximo de atenção e compreensão, servindo a todos sem imposição de
condições, nem mesmo financeiras, porque para ele o que importava mesmo era
sentir-se realizado em poder prestar assistência ao seu próximo, com boa
vontade e muita disposição.
Com
toda certeza, qualquer homenagem que se pretenda dedicar a Bonifácio representa
apenas o merecido reconhecimento a uma pessoa muito especial, cujo gesto tem apenas
o propósito de agradecimento, por parte daqueles que foram atendidos por suas
mãos abençoadas e caridosas e tiveram a felicidade de ter convivido com ele e
de ter sido beneficiados pela sua magnânima bondade.
Seguindo
essa linha de pensamento, há pouco tempo eu publiquei meu 19º e o dediquei a
Bonifácio, como homenagem e prova da minha amizade e do meu reconhecimento à
sua importância social e também do meu eterno preito de gratidão, pela bondade
prestada por ele à minha família (em especial), aos uiraunenses e à população
de cidades vizinhas.
Trata-se
de homenagem que sempre faço nos meus livros às pessoas queridas e merecedoras
de reconhecimento público, que meu coração as tem como preciosidade da minha
existência e merecem o meu sincero reconhecimento, motivo pelo qual faço questão
de dedicar meu trabalho literário a elas, como forma de sincera homenagem.
Para quem
não teve a oportunidade de ler a aludida dedicatória, aproveito o ensejo para
transcrevê-la a seguir:
"DEDICATÓRIA
Eu dedico este livro, com
gratidão e muita satisfação, à memória do saudoso amigo Bonifácio Fernandes,
por ele ter sido exemplo de ser humano, que soube amar seu semelhante, no
extremo da expressão deste verbete, tendo se dedicado diuturnamente à prática
de farmacêutico amador, com a maior competência somente comparável aos melhores
médicos atuantes nas cidades do interior, cujos atendimentos aos doentes e
necessitados sempre se processavam com as máximas espontaneidade, competência e
bondade, satisfazendo plenamente as carências dos serviços médicos de então,
que eram supridos normalmente por meio da sua voluntariedade e do seu coração
bondoso que a todos atendia com muita eficiência e eficácia, motivo pelo qual a
importância do seu incansável trabalho é lembrada e enaltecida pelos
uiraunenses que tiveram as bênçãos de Deus de terem sido atendidos por aquele
que fez com muito amor divinal às vezes de médico operoso, sem nunca ter
estudado medicina, mas ele foi certamente responsável pelo lenitivo de
sofrimentos e salvamento de vidas humanas.".
Quando
tomou conhecimento da citada mensagem, Vescijudith, filha de Bonifácio, a agradeceu,
dizendo que “... Realmente, ficou linda
sua dedicatória. Você estava muito inspirado...”.
Em
resposta, eu disse a ela que “... eu quis
apenas demonstrar, com palavras, o meu sentimento pelo inesquecível Bonifácio,
que se transformou em verdadeiro exemplo para as pessoas de minha infância...fico também muito feliz e emocionado em
saber que meu gesto agrada o sentimento de pessoas queridas... mesmo porque se trata de justa homenagem a
pessoa que fez por merecê-la, que poderia até ter sido mais ampla, embora eu
tenha ido além do padrão adotado nos demais livros já publicados.”.
Em
seguida Vescijudith escreveu para mim o seguinte texto: “Nossa! Seu gesto me fez chorar de alegria, de saudade, de uma explosão
de sentimentos bons. Agradeço imensamente sua consideração e reconhecimento.
Meu Pai, realmente, foi uma pessoa do bem, que nos deixou esse legado de amor
ao próximo. Está linda a dedicatória, perfeita!...”.
Agora,
por ocasião do recebimento do livro em apreço, Vescijudith me mandou a seguinte
mensagem: “Recebemos seu livro Fatos em Crônicas e
lhe agradecemos por tamanha consideração e apreço que você tem à nossa família,
especialmente dedicado a nosso Bonifácio. Ficamos emocionados com suas
palavras, mas, sobretudo, com seu gesto. É uma injeção de ânimo para seguir os
ensinamentos que ele nos deixou para a prática do bem; empregar nossos
conhecimentos, nossa vocação aos mais necessitados. Muitos chegavam tristes,
doentes e tomavam doses não só dos medicamentos em si, senão de alegrias com
seus contos e anedotas. Por oportuno, lhe parabenizamos por essa valiosa obra,
composta de textos que remete aos problemas enfrentados por nosso povo, nosso
País. Que o Divino Espírito derrame sobre você os sete dons e, assim, cumpra
essa linda missão de escrever, informar e colaborar para um mundo fraterno.”.
A minha resposta foi escrita
nestes termos: “Ficou muito feliz em
saber que meu sentimento (eternizado em poucas palavras) de gratidão a pessoa
maravilhosa possa ter ressoado com as melhores interpretações, a justificar o
real sentido do que eu disse sobre ela com toda sinceridade d'alma. O legado de
Bonifácio é tão majestoso que encheria muitos livros e ainda faltaria espaço
para dizer o quanto ele soube amar o seu próximo. Esta é minha visão sobre o
querido Bonifácio de minha infância, que tanto demonstrava amor à sua
profissão, sempre colocada a serviço de seu semelhante. Também fico honrado
pelo reconhecimento sobre as minhas crônicas, que as faço com o melhor
propósito de transmitir um pouco de minha experiência de vida...”.
Em
razão do compartilhamento da dedicatória em tela na página da internet de
Vescijudith, acompanhada de agradecimento, eu pus a mensagem a seguir:
“... com toda sinceridade, sinto-me honrado em
ter a oportunidade de homenagear uma pessoa que recebeu de Deus uma das mais
nobres missões nesta terra, que foi de sentir e tratar a doença de seu
semelhante. Sinto-me muito feliz de saber que minha mensagem retrata um pouco
do ser humano de Bonifácio - que compreendia seu semelhante de corpo e alma,
porque a dor é tudo isso - e põe em evidência as suas maravilhosas qualidades
de pessoa que merece toda gratidão e isso eu procurei fazer com muita
sinceridade e autenticidade.”.

À
luz de tudo que foi dito sobre o querido homenageado, na minha visão
humanitária, e tendo em vista o conjunto de tão magnífica obra social
empreendida, Bonifácio merece ser considerado autêntico “Herói de Uiraúna”, como
forma de ter seu trabalho reconhecido e valorizado por todos aqueles que
tiveram a sorte de contar com a sua assistência médico-farmacológica de notória
qualidade e de presteza inigualáveis, que seriam capazes de operar verdadeiros milagres,
diante das precárias condições da época, quando praticamente se dispunha de
mínimos recursos adequados ao atendimento da sua profissão, principalmente se
comparados aos avanços científico e tecnológico da atualidade.
O
reconhecimento público do importante legado da pessoa precisa ser demonstrado
em ato público, para que sua história deva ser preservada em um “Panteão Simbólico”
e o seu feito seja sempre enaltecido e disseminado nas escolas, nas repartições
públicas e especialmente nos momentos cívicos, como forma de sublinhar as
qualidades marcantes de todos aqueles que prestaram relevantes serviços ao
interesse público, como no caso de Bonifácio, que seria, a meu ver, o primeiro
a ser homenageado, entre tantos que deram a sua contribuição em benefício da
comunidade, a exemplo de Zéu Fernandes, que conseguia fazer funcionar e gerar
energia, em condições precárias, o motor para iluminar a cidade, e tantos
outros ilustres uiraunenses que são igualmente merecedores de reconhecimento
público, como bons exemplos a serem seguidos pelas gerações que os sucederam.
Diante
desse contexto de indiscutível necessidade de se resgatar o legado de notória
importância para história político-social de Uiraúna, concito os homens
públicos dessa cidade a concederem o título de “Herói de Uiraúna” a Bonifácio
Fernandes, pioneiro e emérito farmacêutico prático da cidade, cujo ato tem por
finalidade enaltecer a grande relevância de seu profícuo trabalho em benefício
da população, como forma de servir de modelo de pessoa responsável, competente,
atenciosa, amorosa etc., que dedicou sua vida à prática do bem comum e do amor
ao próximo.
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 25 de janeiro de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário