sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

À espera de mentalidades evoluídas

Embora sempre acostumada a se passar por herói nacional, o principal político tupiniquim agora prefere protagonizar o papel de vítima, como forma de ser acolhido pelo público como o político perseguido de maneira seletiva, tendo por objetivo a destruição da sua reputação de importante homem público e assim ficar impossibilitado de continuar lutando pelo seu projeto de retorno à Presidência da República, nos braços do povo.
Em demonstração de total alienação à realidade sobre os acontecimentos, à vista dos resultados das investigações levadas a efeito pela Operação Lava-Jato e por outras operações da Justiça, o político não compreende, conforme encenação em público, as motivações pelas quais ele já se tornou réu, até agora, em cinco processos, tendo por base a indicação das práticas de corrupção, com enquadramento nos crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, organização criminosa, lavagem de dinheiro, tudo da maior gravidade contra a administração pública.
Agora, o que impressiona mesmo é a visível falta de argumentos sólidos de defesa, o que faz que o político apenas encene espetáculos circenses para mostrar aos ingênuos e fanatizados que a campanha do mal cooptou a Justiça, que, segundo ele, de forma infundada e injustificável, vem aceitando as denúncias destituídas de provas contra ele, dando a entender que um inocente poderá ser condenado, visto que o homem “mais honesto do Brasil” pode ser punido, pasmem, pelo crime de ter governado para os pobres, naturalmente com a distribuição de renda, que teve viés comprovadamente político-eleitoral, em dissonância com a essencialidade dos princípios da administração pública.
Na pior das hipóteses, o político considera que os processos em tramitação na Justiça passaram a ter a roupagem própria da politização, em que ele procurar desprezar os resultados como se os fatos levantados estivessem tão somente no cenário da normalidade, evidentemente, à luz da sua mentalidade, que demonstra naturalidade diante das fortes evidências de envolvimento dele e da sua família em uma série de episódios altamente suspeitos e comprometedores, que acenam para possíveis recebimento de benefícios, por conta do tráfico de influência, à vista do recebimento de vantagens materiais e financeiras indevidas ou pura e simplesmente de propina.
A referida estratégia tenta envolver aqueles que ainda o apoiam, por força do clima de pura emoção, que vem sendo alimentada por notícias que podem ter sido criadas de propósito sobre a iminente prisão do político, como balão de ensaio lançado para a criação de clima em defesa dele, inclusive a justificar as suspeitas de perseguição e de vitimização.
Não à toa que a Folha de S.Paulo já publicou artigo assinado pelo político, com o título muito a propósito, nestes termos: “Por que querem me condenar?”, cujo introito diz que, desde que ele ingressou na vida pública, sua vida pessoal foi “permanentemente vasculhada, mas jamais encontraram um ato desonesto de minha parte. Não posso me calar, porém, diante dos abusos cometidos por agentes do Estado que usam a lei como instrumento de perseguição política”. Não é o Lula que pretendem condenar: é o projeto político que represento junto com milhões de brasileiros. O que me preocupa, e a todos os democratas, são as contínuas violações ao Estado de Direito”.
Os fatos mostram à saciedade que a bem-sucedida trajetória política do principal homem público do país – até o surgimento da Operação Lava-Jato -, foi promovida sob os cuidados refinados do marketing político, que sempre rendeu bons frutos, e, agora, ele busca os mesmos recursos de pesado marketing pessoal para tentar se sair, a todo custo e o quanto antes possível, da terrível enrascada em que se meteu, à míngua, como se pode perceber diante dos fatos, de elementos concretos e convincentes de defesa, quando insiste em se apresentar como vítima dos “inimigos do povo”, numa linguagem bem apelativa e só.
À vista dos acontecimentos, passadas as festas de final de ano, é esperado que, doravante, as atividades da Justiça vão ser intensificadas, por meio de medidas de maior contundência por parte da contraofensiva da defesa do político, nas áreas judicial e popular.
Os especialistas afirmam que a prisão do político poderia beneficiá-lo, à medida que isso traria ingrediente que mexeria com os simpatizantes dele e poderia criar “enorme comoção nacional”, diante da manipulação em favor dos “interesses populares”.
          O político já demonstrou que suas estratégias não lá próprias da apresentação de defesas por meio de provas consistentes, mas sim tentar, por todos os meios, mostrar a invalidade das provas levantadas contra ele pela força-tarefa da Operação Lava-Jato, bem assim tentar desmoralizar a Justiça e convencer a opinião pública mundial que o Brasil não é um país sério, por utilizar métodos próprios de ditadura, por permitir que uma pessoa honesta seja perseguida e punida injustamente.
Trata-se de possível ato de desespero que o político poderá projetar em sua defesa, embora não passe de último recurso que será cobrado pela consciência cívica dos brasileiros honrados, que anseiam pela moralização do país, com o fim da impunidade.
Precisamente agora, a impressão que se tem é a de que o político-mor torce as mãos freneticamente, pedindo ao deus petista (o partido dele deve ter seu deus, que pode ser ele próprio) que lhe conceda a graça de ser preso o quanto antes, principalmente pelo juiz de Curitiba, para que ele (o petista) possa, mais uma vez, dizer que a ideia de vitimização foi confirmada, sacramentada, e agora não tem saída: ele é vítima mesmo e perseguido político, que teia sido preso injustamente, apesar dos infindáveis apelos, por não ter sido encontrada nenhuma prova contra ele.
É bem provável que o restante do acervo de fanatizados proteste, de forma alucinada, contra ato absurdo cometido contra a pessoa que se diz o suprassumo da honestidade, que nunca se beneficiou de suas atividades político-administrativas.
Os brasileiros precisam fazer acurado exame de consciência sobre a precisa realidade acerca dos acontecimentos que levaram o país ao enfrentamento de graves crises, principalmente de moralidade e de incompetência administrativa, em que as irregularidades tomaram conta da administração pública, mas assim as pessoas envolvidas, ao invés de assumir a culpa ou responsabilidade pelos fatos delituosos, preferem tentar a liderança de processo para se incutir nos incautos a ideia de que as pessoas imaculadas estão sendo destruídas e injustiçadas sem fatos que as justifiquem.
Isso dá a ideia de que os brasileiros perderam totalmente a noção da verdade e da legitimidade sobre os acontecimentos recentes, que estão estampados em transparências incontestáveis, à luz dos resultados de investigações da mais alta insuspeitabilidade, que apenas são rebatidas com falácias, palavras vazias e destituídas de conteúdo, como forma de se tentar confundir a opinião pública, que merece ser tratada com maturidade e dignidade, porque tem capacidade suficiente para entender muito bem os prejuízos causados à nação e aos brasileiros pelos nefastos fatos relacionados aos monstruosos esquemas de corrupção jamais vistos na história republicana.
É induvidoso que as denúncias contra o político têm por base resultados de investigações, enquanto a defesa procura tão somente desmerecê-las e destruí-las no grito, com argumentação inconsistente e vazia de conteúdo.
Urge que os brasileiros repudiem, com veemência, os graves atos de corrupção e se conscientizem sobre a imperiosa necessidade da renovação dos homens públicos, para que a nova geração de políticos tenha mentalidade evoluída em harmonia com os salutares avanços da humanidade, a exemplo do que fazem as nações sérias, civilizadas e desenvolvidas democraticamente, que exigem que os representantes do povo sejam capazes de atender, na sua plenitude, o interesse público, com embargo dos políticos que apenas estão preocupados com a satisfação das causas e conveniências pessoais e partidárias. Acorda, Brasil! 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 06 de janeiro de 2017

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