Logo após o presidente dos Estados Unidos da
América ter assinado o decreto da liberação dos recursos para a construção do
muro na fronteira com o México, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil
publicou nota para demonstrar sua preocupação com tal medida.
O Itamaraty, mesmo sem ser consultado oficialmente,
disse que “a grande maioria dos países da
América Latina mantém estreitos laços de amizade com o povo dos Estados Unidos.
Por isso, o governo brasileiro recebeu com preocupação a ideia da construção de
um muro para separar nações irmãs do nosso continente, sem que haja consenso
entre ambas. O Brasil sempre se
conduziu com base na firme crença de que as questões entre povos amigos – como
é o caso de Estados Unidos e México – devem ser solucionadas pelo diálogo e
pela construção de espaços de entendimento”.
Em princípio, até parece que o Itamaraty se
antecipa aos fatos para se manifestar sobre algo que foge completamente dos
interesses do Brasil, em se tratando que a questão envolve dois países
absolutamente desinteressados da opinião ou preocupação que não vai contribuir
para coisa alguma senão para chamar atenção para algo completamente descabido.
Em termos diplomáticos, o Brasil precisa crescer e
aprender, para saber que cada nação, por sua autonomia e independência, deve
equacionar e solucionar as suas questões, sem a interferência de quem quer que
seja, muito menos da "potência" tupiniquim, que já tem problemas além
da conta para ficar se preocupando com as querelas envolvendo a maior e
verdadeira potência mundial.
Antes de o Itamaraty imaginar opinar sobre as
questões de outros países, sem ao menos ser chamado a opinar, precisa se voltar
para a devassidão das fronteiras brasileiras, onde passam carradas de drogas,
armas e outros contrabandos que alimentam o crime organizado e contribuem para
infernizar a vida dos brasileiros de bem, que trabalham e pagam muitos tributos,
em escala mundialmente incomparável com a situação tupiniquim.
O Itamaraty precisa atentar para o fato de que o
salutar princípio da diplomacia bem-sucedida começa com o respeito à autonomia
das nações amigas e não opinar senão quando for consultado pela via
diplomática, sempre preservando o direito de cada país em adotar as medidas que
ele achar conveniente para os seus interesses.
Ou seja, o Brasil perdeu excelente oportunidade para
ficar quietinho e calado no seu banquinho, deixando que os EUA e o México
encontrem os caminhos adequados para solucionar esse baita imbróglio do muro da
vergonha, sem embargo de se colocar à disposição para possível fornecimento de
material metalúrgico, que deve ser a matéria-prima para a construção dele, cujas
exportações poderão render milhões de dólares e contribuir para o superávit da
balança comercial brasileira.
Enquanto isso, o país tupiniquim precisa se
preocupar de alguma maneira para a construção de barreiras (muros) na sua extensa
fronteira, para impedir a incontrolável e vergonhosa importação ilegal de
drogas, armas e outras excrescências que apenas contribuem para a desmoralização
das autoridades brasileiras e a insegurança dos brasileiros, em face da
escancarada prova da incompetência administrativa, pela existência de fronteira
(brasileira) absolutamente devassa, cuidada apenas por medidas paliativas que contribuem
para facilitar a ação da criminalidade, que se robustece à medida que elas ficam
mais escancaradas e liberadas para as ações ilegais.
Ao invés de o Brasil mostrar preocupação com a
questão do muro americano, ele deveria se voltar para o seu interior e perceber
que ele já tem problemas alarmantes para ficar opinando sobre situação que não
lhe diz respeito, nem remotamente.
Além do mais, não se pode desprezar o adágio
segundo o qual quem fica olhando para os problemas dos outros, termina se
esquecendo dos seus, e é exatamente o que está acontecendo com o Brasil.
O Brasil precisa, com urgência, enxergar primeiro
seus infindáveis problemas, para depois se preocupar e opinar sobre as questões
ao redor do mundo, mas somente quando for consultado para tanto e se tiver
condições para fazê-lo, porque não é de bom tom, em termos diplomáticos, ficar
se imiscuindo em assunto onde não é chamado, quanto mais em relação à primeira
potência econômica mundial, que normalmente dá pesado troco, à sua moda
truculenta. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 31 de janeiro de 2017
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