O PT pretende lançar a pré-candidatura do seu maior
líder à Presidência da República logo no início do fluente ano, cuja estratégia
objetiva aproveitar politicamente a baixa popularidade do governo federal e o
reforçar a defesa jurídica dele, que já é réu em cinco processos penais, sendo quatro
deles provenientes da Operação Lava-Jato e seus desdobramentos.
O PT defende formalmente a antecipação da eleição
presidencial em caso de cassação da chapa petista da última eleição pelo
Tribunal Superior Eleitoral.
Alguns líderes petistas defendem o lançamento da
candidatura do todo-poderoso logo no começo do ano, em antecipação a possíveis
condenações na Justiça, que possam ter reflexo no processo pertinente ou até levá-lo
à prisão em 2017.
A pré-candidatura em questão reforçaria o discurso do partido,
que acusa a Lava-Jato de tentar criminalizar as ações de seu líder máximo e do
partido.
Ao ser lançado publicamente como candidato, segundo os
defensores dessa ideia, o político poderá ser blindado parcialmente da citada
operação.
O raciocínio em questão leva à ilação de que a
pré-candidatura já lançada teria o condão de se facilitar a disseminação da
tese segundo a qual se encontra em curso tentativa de interditar judicialmente
a possibilidade de o político disputar a Presidência da República.
As lideranças petistas estão se valendo do bom
desempenho do político nas pesquisas de opinião, a respaldar o esforço para a
execução dessa estratégia política.
Na avaliação do coordenador do setorial jurídico do
PT, “A necessidade de condenar Lula
cresce na medida em que ele assume protagonismo nas eleições de 2018. Ao que
parece a população começa a fazer a comparação entre os projetos”.
A
possível antecipação da candidatura do maior líder do partido é direito que
ninguém pode questionar, em se tratando de país cujos princípios republicanos estão
assentados no Estado Democrático de Direito, onde a liberdade é ampla, geral e
irrestrita e os partidos simplesmente podem sim exercê-la na sua plenitude e na
forma como bem desejar.
Ao
revés, não se pode ignorar que o dito Estado Democrático de Direito é
importante via dupla, onde também prevalece o interesse público, que precisa
ser considerado e levado em conta, em se tratando de candidatura notadamente ao
cargo mais importante do país, cujo pretendente precisa satisfazer,
previamente, os requisitos de conduta ilibada, compreendendo, entre múltiplos
requisitos, a comprovação da honestidade, probidade, moralidade, legalidade
etc.
No
caso do todo-poderoso do partido, existem sérios obstáculos para a satisfação
desses importantes requisitos, à vista de a sua atual condição de réu em cinco
processos na Justiça, onde se encontra incurso nos crimes de corrupção passiva,
tráfico de influência, organização criminosa e outro, todos da maior gravidade
contra a administração pública, fato que, à luz da decência política, jamais
pode ser desprezado, por mais poderoso que seja o político envolvido, porque,
em qualquer hipótese, sempre deve prevalecer o interesse público.
À
toda evidência, essa histórica incongruência do pensamento petista não passaria
de tremenda piada de péssimo gosto se ela fosse idealizada em um país com o
mínimo de seriedade, cujos políticos sejam cônscios da responsabilidade cívica,
diante da visível precariedade moral que se apresenta, no momento, o possível
candidato ao mais importante cargo da República.
A
estratégia se torna tão vexatória quanto emblemática por haver translúcida
intenção de se evitar que as ações da Lava-Jato sejam resvaladas do alvo
principal, no caso o maior político brasileiro, que aceita a realização de
manobra política, como se já não estivesse completamente encalacrado, ao invés
de encarar a Justiça, com a apresentação da sua defesa quanto às denúncias já aceitas
por ela, que nada mais seria a devida e regular prestação de contas sobre suas
atividades na vida pública.
Não
há a menor legitimidade se houver o lançamento da candidatura de forma
prematura, sem antes o político provar a sua inculpabilidade quanto aos fatos
irregulares cuja autoria é atribuída a ele, pois a mácula permanece sobre suas
costas e a população não perdoa quem foge da Justiça por meios ardilosos, como
essa famigerada estratégia de candidatura a mais de ano antes da data legalmente
prevista, ficando mais do que cristalino que ela não passa de mais uma das
presepadas do partido campeão de patrocinar situações dantescas e degenerativas
dos princípios da dignidade, legalidade, moralidade e honestidade, entre outros,
a exemplo do mensalão e petrolão.
Caso
o PT quisesse demonstrar os mínimos respeito e apreço não somente aos
brasileiros, mas também aos princípios da legalidade, da moralidade e
dignidade, antes do lançamento de absurda, escandalosa e precipitada candidatura
prematura, nas atuais condições de questionamento sobre a lisura do
pretendente, conviria que o partido se esforçasse e se empenhasse ao máximo no
sentido de comprovar a inculpabilidade de quem já responde a cinco processos na
Justiça.
Trata-se
de indiscutível afronta à dignidade dos brasileiros, à vista de oportunista jogada
política, porque o inusitado lançamento pode acontecer a destempo, em antecipação
ao prazo legalmente estabelecido para todos os candidatos.
Embora
não se trata ainda de condenação por nenhuma das denúncias aceitas pela
Justiça, os fatos investigados pela Operação Lava-Jato e denunciados às instâncias próprias exigem, no
mínimo, as devidas justificativas não somente perante o poder Judiciário, mas em
especial à sociedade, por dizer respeito a atos públicos questionados, como
forma de prestação de contas que todo homem público tem o dever constitucional
e legal de assim proceder, a exemplo do que é feito com naturalidade nos países
sérios e evoluídos democraticamente. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 16 de janeiro de 2017
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