domingo, 22 de janeiro de 2017

Grito de socorro!

A Assembleia Nacional da Venezuela, como quem malha em ferro frio, aprovou infrutífera declaração de abandono do cargo por parte do presidente daquele país, sob o argumento de que ele deixou de cumprir suas funções constitucionais de bem governá-lo.
Ato contínuo, o Tribunal Supremo de Justiça, órgão controlado pelo presidente do país, já se manifestou contrário à decisão do Parlamento, que é controlado pela oposição.
O referido tribunal havia se antecipado à decisão do Parlamento, ao pedir que os deputados se abstivessem de qualquer ato contrário às suas atribuições constitucionais, mas, mesmo assim, a maioria da bancada opositora aprovou, por 106 votos a favor, a declaração de que o presidente do país estar “à margem do desenho e das funções constitucionais da presidência”.
A clareza da mensagem falava na exigência da imediata saída eleitoral para solucionar a crise política e fazer com que “o povo se expresse através do voto”, que é “A única forma de resolver os graves problemas que afligem o país é devolver o poder ao povo da Venezuela e, portanto, convocar a realização de eleições livres e plurais”.
No caso, a Assembleia Nacional tem poder constitucional para declarar o abandono de cargo de presidente, mas o Tribunal Supremo de Justiça já determinou, por sentença, a perda do efeito do processo em apreço.
A Venezuela vem se arrastando e se diluindo em profundas crises social, política, econômica, administrativa, entre outras, que deteriora progressivamente a vida de seu povo, que tem sido massacrado e vilipendiado por força da acentuada escassez de alimentos e de consequente fome, em níveis preocupante e insanável, a curto prazo.
Esse lamentável episódio levou famílias inteiras a sair em desespero à procura de restos de alimentos nos lixões e onde mais houver, o que, por vezes, há disputas entre pessoas sem recursos, na tentativa de se conseguir algo para o seu alimento, a sua sobrevivência ou algum material reciclável para ser vendido.
Os pontos mais disputados, onde aparecem “comida boa”, são os que recebem as sobras de restaurantes, padarias e mercados, e são justamente esses os “territórios” mais movimentados e disputados pelos necessitados, que já não recebem alimentos do governo o suficiente para viver.
É visível a degeneração social, econômica e administrativa do país, decorrente das políticas adotadas pelo governo bolivariano, que conseguiu levá-lo à bancarrota, sobretudo por causa da má gestão e da incompetência generalizadas, a ponto de a galopante inflação ter atingido, em 2016, o alarmante patamar de mais de 450%, fazendo com que o poder aquisitivo do povo tenha se diluído ao sabor de severa escassez de produtos básicos de todos os tipos, especialmente alimentos e até remédios.
Diante desse quadro de enormes dificuldades, aquela nação se tornou a mais violenta do mundo, conforme as estatísticas de criminalidade, a demonstrar que se trata de uma República absolutamente acéfala, à vista do desgoverno que é visível em todo país, exigindo a adoção de urgentes medidas, capazes não somente de frear a completa degeneração dos princípios administrativos, mas de se promover imediata mudança de governo, uma vez que o atual já ter demonstrado a sua total incompetência para solucionar as graves crises, cuja continuidade tem o condão de destruir ainda mais a Venezuela e seu povo.
Urge que os venezuelanos se despertem dessa terrível letargia, para perceber, enquanto seja possível, que o país e seu povo foram atropelados e massacrados pela mediocridade da Revolução Bolivariana, sendo culpada pelas mazelas enfrentadas no momento naquela nação, cujas crises social, moral, política, econômica, administrativa, entre outas, além de não ser debeláveis, diante das circunstâncias de precariedades, tenderão a se agravar, de forma progressiva, à vista da completa degeneração das condições de governança, que estão exauridas e incapacitadas para a retomada do caminho da recuperação socioeconômica.
À luz dos princípios humanitários, convém que as entidades e os organismos que cuidam dos direitos humanos, em especial aqueles com sede na Organização das Nações Unidas, manifestem-se com a força da sua autoridade, em termos humanitários, não somente no sentido de condenar e repudiar, com veemência, as cristalinas atrocidades perpetradas pelo governo Venezuelano contra a população fragilizada, impotente e indefesa, mas de exigir tratamento digno para a gente dilacerada pelos maus-tratos, inclusive sob a ameaça quanto ao imediato isolamento diplomático daquele país das demais nações civilizadas e evoluídas democraticamente. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 22 de janeiro de 2017

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