segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Corpos amordaçados

O governo de Cuba decidiu pôr em prática a última vontade do ex-ditador que comandou com mão-de-ferro a Revolução daquele país, com a aprovação de lei que proíbe, entre outros, estátuas, monumentos, ruas ou praças com o nome dele.
Como não poderia ser diferente, a lei que veda o uso do nome do ex-ditador foi adotada por unanimidade e tem a seguinte proibição: “para denominar instituições, praças, parques, avenidas, ruas e outros locais públicos, assim como qualquer tipo de condecoração, reconhecimento ou título honorífico” e também “para erguer monumentos, bustos, estátuas, faixas comemorativas e outras formas de homenagem” em locais públicos da ilha.
A lei ainda estabelece que o nome do ex-ditador não poderá aparecer em “marcas e outros signos distintivos, nome de domínio e desenhos com finalidades comerciais ou publicitárias”.
O atual ditador da ilha ressaltou que “ele rejeitava qualquer manifestação de culto à personalidade e foi consequente com esta posição até nas últimas horas de sua vida” e, por isso, não gostaria de ter seu nome utilizado para diversas finalidades.
A lei abre exceção para permitir que o nome do ex-ditador possa ser utilizado para denominar instituição de estudos sobre sua “trajetória na história” de Cuba e também não exclui que artistas se inspirem no ex-líder cubano para criar uma obra.
A imprensa oficial não informou se haverá sanções para quem violar a lei em comento.
Em suma, trata-se de medida extremamente sensata e de bom sendo da parte da rude ditadura cubana, em não permitir que o nome ou a imagem do ditador sanguinário e cruel sejam perpetuados no país, tendo em vista a necessidade de o legado dele ser sepultado o mais rapidamente possível, para que as suas monstruosidades também fiquem no passado triste e melancólico, embora elas jamais serão esquecidas, porque atrocidades contra a humanidade não se apagam nunca.
Seria verdadeira esculhambação e maldade se não houvesse proibição nesse sentido, porquanto qualquer lugar, rua, avenida, logradouro etc. iria se empanturrar de monumentos, estátuas, nomes tudo para perpetuar a memória de estadista que foi capaz de destruir aquela nação e enterrar o sonho dos cubanos, à exceção da casta que se encontra encastelada no poder e tem acesso às melhores benesses e regalias existentes nos países civilizados e evoluídos econômico e democraticamente.
Pelo menos, uma desgraça foi poupada para evitar que os cubanos fiquem dispensados de venerar eternamente a imagem de pessoa ingrata, cruel, insensata e desumana, que não teve o mínimo de piedade quando comandou o brutal fuzilamento seus opositores e manteve os cubanos em completo estado de escravidão, sob o seu jugo e a sua dominação, em condições sub-humanas, diante da privação dos direitos à liberdade e ao usufruto dos salutares princípios democráticos, quanto à necessidade de agir na plenitude das liberdades civis.
Convém que o atual governo ditatorial de Cuba, ao ensejo da sensata proibição do uso do nome do exponencial ex-ditador, nas condições supracitadas, tenha igual sensibilidade humanitária para também reconhecer as atrocidades praticadas contra a população cubana, como forma de conceder-lhe tratamento digno e humano que toda pessoa merece, por meio da liberação dos grilhões que amordaçam corpos e almas do povo sofrido da ilha. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 16 de janeiro de 2017

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