O
presidente dos Estados Unidos da América, que assumiu recentemente o comando da
primeira potência mundial, tem sido fidelíssimo ao seu programa de governo,
tendo procurado cumprir à risca e até de forma exagerada suas promessas de
campanha, fato que não surpreende ninguém a sequência interminável de decretos
por tudo que é canto da Casa Branca.
Em
tão pouco tempo no cargo, sem exagero, o republicano certamente já deve ter
assinado muito mais decretos que o seu antecessor em oito anos, com o detalhe de
que todos causam impacto pela profundidade de seus alcances, com poderes
transformadores absolutamente contrários aos interesses da humanidade.
O
republicano consegue reviver conceitos de cunho eminentemente discriminatório
que remontam ao famigerado nazifascismo, mas com ares de modernismo ao estilo
próprio de perseguição aos opositores, com ataques diretos aos mandatários de
estado que se posicionam contrários à sua cartilha de dominação, a exemplo do
presidente do México e do primeiro-ministro australiano, que foram alvos da sua
ira maligna, conforme mostra o noticiário internacional.
Ao
imaginar que a onipotência foi instalada na Casa Branca, com a sua chegada lá, o
republicano já teve o atrevimento de também ameaçar a Organização das Nações Unidas
com retaliações, caso ela ousasse protestar contra seus atos, sob a evidência da
predominância financeira americana sobre os cofres da ONU, que recebem
aproximadamente US$ 5 bilhões do orçamento de Tio Sam, cuja ajuda financeira
funciona quase como permanente ameaça à existência desse órgão, que tem mais da
metade do orçamento anual bancada pelo Tesouro americano, sem contar ainda a
falta de repasse de recursos pelos demais membros, em razão das crises econômicas
mundiais.
Na
verdade, o discurso do homem mais poderoso do planeta tem o poder de assustar não
somente seus conterrâneos, mas o resto da humanidade, por meio de suas deliberações
estapafúrdias e individualistas, como se somente ele fosse capaz de consertar
os desacertos da face da terra, com direito a passar por cima dos comezinhos
princípios do bom senso e da razoabilidade, à vista da relevância das medidas
já adotadas, que tiveram o condão de alterar a contextualização do Estado
americano e deixar o planeta de ponta cabeça, em total inversão de valores,
como se ele sozinho tivesse a obrigação de reinventar todos os conceitos já
aprovados pela humanidade e de editar tudo ao seu pensamento estabanado,
impensado e truculento.
Não
à toa que muitos de seus atos estão sendo imediatamente contestados, inclusive
na Justiça, como forma de tolher algumas medidas que estão interferindo de
forma prejudicial na vida das pessoas e nas relações sociais.
O
presidente norte-americano atenta contra a liberdade dos povos à medida que proíbe,
por decreto e sem consultar o Conselho de Segurança Nacional, a entrada de
estrangeiros de sete países mulçumanos nos EUA, deixando muito claro abuso de
autoridade, em razão da prática das intolerâncias racial, de credo ou de origem,
que não condizem com os avanços da humanidade, notadamente porque ela se
encaixa em modelo condenado por organismos de defesa dos direitos humanos, que
defendem as salutares práticas civilizatórias modernas, com esteio na Convenção
de Genebra e nos saudáveis princípios democráticos norte-americanos.
O
Poder Judiciário daquele país já foi despertado para agir contra práticas
retrógradas e contrárias aos direitos individuais e já passou a atender aos
anseios da sociedade, por meio de decisão suspendendo proibições arbitrárias de
entrada nos EUA de imigrantes amparada pela legislação de regência, a par dos
protestos que tomaram as ruas, demonstrando inconformismo com medidas
restritivas, em total desrespeito aos princípios humanitários.
Formou-se
nos país de Tio Sam verdadeiro clima de confronto e radicalização dos ânimos contra
as atitudes nacionalistas do presidente, que contribui com seus decretos para
subir a pressão contra ele, embora elas estão sendo formalizadas, em princípio,
em sintonia com o seu programa de campanha.
De
tudo isso, o caso mais emblemático, absurdo e chocante foi protagonizado, por
força do decreto anti-imigração, com a detenção no aeroporto de um garoto de
cinco anos, que também foi algemado, em que pese ele ter sido identificado como
cidadão americano, residente em Maryland.
Apesar
de o incidente ter sido considerado ultrajante, em razão de maus-tratos de ser
humano, o porta-voz de imprensa da Casa Branca justificou o ato em tom de puro
deboche, ao afirmar que “seria um equívoco
descartar uma pessoa como ameaça apenas por sua idade ou sexo”, fato este que
muito bem demonstra o atual nível do governo, que não se dispõe ao esforço para
evidenciar o mínimo de sensibilidade e sensatez quanto à resolução das questões
sociais.
À
toda evidência, o presidente norte-americano se encaminha, em passos gigantescos,
para se isolar na Casa Branca, principalmente se continuar agindo de forma
insensata e sem a devida orientação sensata sobre os verdadeiros princípios de
civilidade, à vista do seu completo desprezo aos sentimentos de racionalidade
que sempre orientaram a condução dos negócios americanos e contribuíram para a
consolidação e a firmeza de suas instituições, que primavam pela valorização histórica
daquela nação, consagrada que é como potência mundial graças à sua
voluntariedade de ampla integração com os povos das demais nações, com absoluto
respeito aos princípios humanitários. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 7 de fevereiro de 2017
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