O ex-presidente da República tucano esteve no
hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para prestar solidariedade ao seu sucessor,
que acompanha a esposa, a ex-primeira-dama, internada desde quando foi
acometida de acidente vascular cerebral (AVC).
É a primeira vez que os dois ex-presidentes se
encontram em mais de três anos, desde dezembro de 2013, quando fizeram
parte da comitiva brasileira que esteve no velório do ex-presidente da África
do Sul, líder da luta contra o apartheid, regime de separação entre
brancos e negros que vigorava no país.
A equipe de médicos do aludido hospital, que cuida
da ex-primeira-dama, informou que o caso dela é gravíssimo e irreversível,
porque houve parada no fluxo cerebral, e, em consequência disso, a família já
autorizou o hospital a preparar os procedimentos para a doação de órgãos dela,
que foram colocados à disposição de interessados.
Um senador do PT disse que a visita do tucano ao
petista-mor foi um “gesto bonito”,
tendo lembrado que o petista esteve no velório da ex-esposa do peessedebista, em
junho de 2008.
Não
se pode olvidar que o ex-presidente petista praticamente passou a vida política
agredindo e ofendendo o tucano, principalmente o governo dele, embora é notório
que o possível sucesso da gestão do petista se deve às bases das reformas
econômicas elaboradas pelo tucano, cujos resultados floresceram anos depois da
sua implantação.
Não há dúvida de que o ex-presidente tucano surpreende
com gesto de educação e solidariedade ao adversário político, em momento em que
este se encontra fragilizado com a dor da perda de sua esposa, fato que bem
demonstra a grandeza humana do tucano.
É evidente que, em se tratando de político, muitos
preferem se comportar sem o menor sentimento de polidez, que tem sido próprio dos
políticos tupiniquins, que também, via de regra, preferem ignorar os princípios
humanitários, que são a base da piedade e do amor.
Na
atualidade, a luta renhida pela competitividade política tem contribuído para
dificultar a separação de humanismo das atividades políticas, onde impera
disputa nem sempre leal e cordial, como deveria ser, ao contrário, entre
pessoas civilizadas, mas a verdade é que tem sido difícil a separação entre urbanidade
e agressividade, embora aquela tem o condão de contribuir para melhoraria das
relações sociais.
Convém lembrar que, durante a internação da ex-primeira-dama,
desfilaram manifestações na mídia de muito ódio e rancor nos corações das
pessoas, demonstrando a sua índole má contra um ser humano que se encontrava em
estado gravíssimo e merecia compaixão e compreensão humanas.
Os que desfiaram seu ódio e sua intolerância
precisam se conscientizar de que uma coisa é a política e outra é a vida humana,
que não pode se submeter à perversidade dos sentimentos malignos e desumanos.
O
reencontro de rivais na política, em momento delicado da perda de ente querido,
é a sublime materialização do espírito de solidariedade que precisa prevalecer
sempre nas mentalidades dos homens de bem e isso é muito importante, porque serve
de exemplo para muitas pessoas de coração duro e frio, que mesmo no momento da
maior gravidade, em termos de sentimento humano, não conseguem minimizar suas
ácidas críticas contra pessoas que não gostam.
A
atitude do ex-presidente tucano, em prestar solidariedade ao ex-presidente
petista, que não se cansava de o atacar, demonstra cristalino sentimento de
civilidade e de grandeza que se coaduna com as pessoas de princípios, que sabem
perfeitamente valorizar os conceitos humanitários e diferenciá-los das práticas
políticas, que ainda estão distantes das almejadas disputas saudáveis e
revestidas do bom senso e da razoabilidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 3 de janeiro de 2017
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