O
presidente da República disse que tem certeza que não haverá vazamentos das
delações feitas pelos executivos e ex-executivos da Odebrecht, por força das
investigações realizadas pela Operação
Lava-Jato.
As
referidas delações foram homologadas pela presidente do Supremo Tribunal
Federal, sob a chancela da manutenção do seu sigilo, em dissonância com o
salutar princípio da transparência, mantendo ocultação do seu conteúdo,
principalmente dos envolvidos, na sua expressiva maioria importantes políticos da
República, que precisam urgentemente justificar os fatos denunciados pelos
delatores.
O
presidente do país disse que “De vez em
quando sai um ou outro (vazamento), mas
eu confesso que, estando lá no Supremo, eu duvido que haja vazamento. Eu conheço a seriedade, a competência, a
exação (correção), a extraordinária capacidade administrativa e judicial da
presidente Cármen Lúcia, eu tenho certeza que vazamento não haverá“.
O
depoimento do ex-diretor de relações institucionais da empreiteira vazou e
atingiu em cheio o próprio presidente do país, que foi citado, pasmem, 43 vezes
na delação –, o qual foi acompanhado por outros políticos próximos a ele, no
caso de quase todos os ministros da proximidade de trabalho, o líder do governo
no Congresso Nacional e o presidente do Senado Federal.
O
mandatário do país afirmou que acha correta a homologação das delações pela
presidente do Supremo, após o vácuo com a morte do relator responsável pelo
caso na excelsa Corte, tendo ponderado que ela “Fez o que tinha de fazer”.
O
presidente afirmou que a manutenção do sigilo sobre as colaborações,
determinada pela presidente do Supremo que não iria opinar, porque “Ela manteve o sigilo, esta é uma decisão do
Judiciário, eu não posso dar palpite em relação a isso”.
O
presidente do país precisa saber, com o máximo de urgência, que quem não deve,
não teme e os brasileiros precisam saber, com base na Constituição, o nome e a
conduta cívica daqueles que vivem se passando por santinho (do pau oco), mas
são verdadeiros bandidos que se beneficiaram de propina e estão aí na
administração pública se passando por honestos e enganando os bestas dos
brasileiros.
A
homologação implica, em princípio, se afirmar que se trata da revelação da
verdade e ela precisa ser mostrada com toda a sua maldade contra o interesse
público, porque o povo tem direito de saber tudo sobre a roubalheira que
dilapidou o patrimônio da Petrobras, porque ele sustenta a República.
Nada
justifica manter em segredo o conteúdo das delações premiadas que têm, em
princípio, a finalidade de passar o Brasil a limpo e os envolvidos precisam sim
ser desmascarados, principalmente porque muitos deles estão ocupando indevida e
injustificavelmente cargos públicos eletivos, que, à luz dos princípios da
dignidade e da moralidade, deveriam ser afastados imediatamente deles logo após
a revelação do seu envolvimento com as falcatruas.
À
vista dos princípios da administração pública, a segurança das informações
constantes das delações continua firme, mas os envolvidos precisam urgentemente
justificar os fatos objeto das suspeitas, de modo a contestá-las, provando, com
elementos legalmente válidos, a sua inocência, para o fim de ter o direito de
gozar da confiança e credibilidade da sociedade.
É
impressionante como a hipocrisia não consegue se distanciar do mundo político,
porque, no caso das delações, muitos suspeitos defendem a sua transparência,
que diz exatamente com o princípio consagrado na Carta Magna, em harmonia com suas
afirmações, que garantem não haver qualquer envolvimento com as sujeiras
investigadas pela Operação Lava-Jato, mas, ao contrário disso, ninguém tem
sossego diante da possibilidade de vazamento das informações pertinentes às
delações, que não haveria o menor problema para aqueles que dizem não terem
nada a temer, mas, no íntimo, torcem mesmo para que o sigilo seja e seja tumular.
Isso
é muito estranho, porque o temor com a transparência não condiz com a tão
decantada afirmação de inocência com relação aos fatos investigados pela
Operação Lava-Jato, porque quem não deve não teme e aquele que não tem culpa deveria
exigir que as delações se tornassem ostensivas, exatamente assim como se
procede nas nações sérias, civilizadas e compromissadas com a verdade, a
transparência e a dignidade, à luz dos princípios da administração pública.
Os
brasileiros precisam exigir que os políticos tupiniquins sejam educados no
sentido de cultuar a dignidade, sinceridade e coerência, como forma de
valorização dos princípios ínsitos do desempenho das atividades
político-administrativas, a exemplo do entendimento consolidado e consagrado
nas nações sérias, evoluídas e compromissadas com os conceitos da ética,
moralidade, transparência, legalidade, entre outros que se impõem na
administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 12 de fevereiro de 2017
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