segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Considerável complicador

Um personagem que estampa a capa da última edição da revista ISTOÉ se diz que era amigo do ex-acionista majoritário da empreiteira Camargo Corrêa, que morreu em acidente de avião, há cinco anos.
Ele disse àquela revista que, entre 2011 e 2012, passou a privar da intimidade da cúpula da empreiteira Camargo Corrêa, tendo participado de reuniões com a presença do então presidente da construtora e acompanhado de perto as atividades cotidianas da família, no resort da empresa em Itirapina (SP).
Segundo ele, os estreitos laços de amizade com o homem forte da referida empreiteira o credenciaram ao cumprimento de missões especiais comandadas por ele.
          Em entrevista à ISTOÉ, publicada na última revista em circulação nacional, o personagem da capa revelou a sua mais delicada das tarefas delegadas pelo ex-acionista da construtora Camargo Corrêa, que consistiu no transporte de uma mala recheada de dinheiro, tendo como destinatário o ex-presidente da República petista.
A afirmação dele à ISTOÉ foi de que “Levei uma mala de dólares para Lula”. A revista atesta que o mensageiro é a primeira testemunha ligada à empreiteira a reconhecer ter servido de ligação para pagamento de propina ao político.
O mensageiro não informou os valores exatos transportados, mas adiantou que o dinheiro foi conduzido por ele no início de fevereiro de 2012, do hangar da Camargo Corrêa, em São Carlos (SP), até a sede da Morro Vermelho Táxi Aéreo em Congonhas, também de propriedade da empreiteira.
O mensageiro afirmou que o dinheiro foi entregue por ele nas mãos de um funcionário da Morro Vermelho (tendo declinado o nome dele na entrevista), que ficou encarregado de efetuar o repasse da propina ao político.
Segundo ele, “O dinheiro estava dentro de um saco, na mala. Deixei o saco com o dinheiro, mas a mala está comigo até hoje”.
Ele esclareceu à ISTOÉ que, dias depois, o próprio político compareceu ao local, acompanhado de segurança, para buscar a encomenda.
O mensageiro disse que “Lula ficou de ajudar a fechar um contrato com a Petrobras. Um negócio de R$ 100 milhões”.
Na entrevista à ISTOÉ, o mensageiro disse que o transporte dos dólares ao político não foi cota única, porque ele já teria sido designado para a entrega outras malas recheadas de dinheiro de propina para funcionários da Petrobras.
Trata-se de mais uma denúncia explosiva envolvendo o nome do político, que vem sendo acusado de ter se beneficiado de gordas propinas, em troca do tráfico de influência junto a órgãos públicos, como no caso à Petrobras, conforme é declarado pelo mensageiro.
Esse é mais um caso que precisa ser devidamente investigado, com vistas ao esclarecimento da verdade, sabendo-se que a principal peça desse jogo de xadrez, o corruptor, não mais existe, o que pode contribuir para dificultar a elucidação dos fatos e isso pode conspirar a favor do denunciado.
Não obstante, a situação parece se complicar ainda mais para o político, pelo inesperado aparecimento de mais um enorme estorvo no seu caminho à Presidência da República, por ser considerável complicador que se junta a muitos outros fatos também com suspeita de irregularidade, cuja autoria lhe é atribuída, tendo o peso de poderoso pesadelo que precisa ser urgentemente esclarecido e justificado perante a sociedade, como forma de prestação de contas sobre os atos da sua vida pública, não com meras retóricas e falácias vazias, sob a alegação de injustiça e perseguição, mas sim com provas consubstanciadas em elementos juridicamente válidos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 20 de fevereiro de 2017

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