quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

A Casa Grande

Em região esplendorosa foi construída a Casa Grande, que também é conhecida como o Casarão, que se desponta ao longe e é vista de grande distância.
Ela se localiza no interior do Sítio Canadá, no Município de Uiraúna - Paraíba e guarda consigo a fantástica história construída por parte da família Fernandes, que foi habitada por muitos anos por gerações que se renovaram seguidamente.
Trata-se de construção antiga, singular, imponente e elegante, bem diferente dos padrões de moradia próprias das fazendas da região, pelo seu estilo colonial que marcou época.
Nessa deslumbrante casa, eu fui concebido, tendo vindo ao mundo no alvorecer do dia 28 de janeiro de 1949, com a árdua missão de lutar e desbravar horizontes nunca dantes imaginados que pudessem exigir sacrifícios e abnegação para conquistar seu topo.
A minha maternidade foi preparada no primeiro quarto situado à direita do frontispício, à base de belo sobrado que representa a pujança de uma residência bastante aconchegante no seu interior, com cômodos grandes e confortáveis, além de uma pequena capela, para as orações da família, tendo no pavimento alto cenário panorâmico encantador e invejável.
Ao lado direito do casarão, tem-se a visão das maravilhas proporcionadas pelas águas mansas e abundantes do quilométrico açude, rico em peixes, com capacidade para abastecer a região e torná-la fertilizada pela abundância da água; à frente, descortina-se maravilhosa vista, abrangendo parte do açude, as casas de familiares, bonita floresta ao fundo e o velho engenho de moagem de cana-de-açúcar; e ao lado esquerdo, avista-se fantástica e deslumbrante imagem do sítio com frondosas e variadas árvores frutíferas, que abasteciam o casarão com frutas de sabores variados, inigualáveis e de primeira qualidade.
Quis o destino que esse cantinho especial, um paraíso na terra, fosse o local escolhido por Deus para o meu nascimento e também para meus primeiros anos de vida, em uma infância eternizada pelo amor de meus pais, avós paternos e tias, que sempre dispensaram cuidados, carinhos e dedicação a mim, sentimentos esses que contribuíram, de forma afirmativa, para a minha formação como pessoa.
Também foi na casa grande que nasceram e floresceram muitos sonhos e desejos, sendo que o principal deles se harmoniza com a minha vinda para Brasília, nascido depois de ter ouvido o relato de um cidadão que trabalhava na construção da nova capital do Brasil e visitava ao meu avô, no início da década de 1960, em cuja animada e empolgante conversa eram enaltecidas as novidades, vantagens e farturas proporcionadas pela que seria a cidade do futuro, deixando os presentes embebecidos e encantados, de queixos caídos com tantos avanços e progressos da época.
A mim, em particular, essa conversa plantou a semente que faltava de avidez por aventura que logo se concretizava em plagas distantes.
Os pensamentos voltados para os bons momentos vividos na casa grande ajudam a compreender o quanto tudo aquilo era esplendoroso, porque ali foram vividos anos extraordinários da minha vida, sob as bênçãos de Deus, a contemplação das belezas da natureza e a convivência agradável e inesquecível, ao meio da exuberância, da fartura, do carinho, da confraternização, da alegria, das festas, da satisfação, da beleza, da ternura, dos sonhos e do amor, que se espargiram em mim para sempre.
Como o querido, inesquecível e saudoso casarão me proporcionou os melhores dias da minha infância, não há palavras à altura para agradecer, porque apenas obrigado é muito pouco para traduzir o meu verdadeiro sentimento de gratidão...
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
          Brasília, em 22 de fevereiro de 2017

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