terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

A marca da promiscuidade

O ex-governador do Rio de Janeiro, que se encontra preso no presídio de Banco, utilizou os helicópteros do Estado, para fins particulares, em 1.481 voos para Mangaratiba, onde ele tem casa de veraneio, no período de sete anos.
Segundo o Ministério Público, somente em janeiro e fevereiro de 2015, o ex-governador pagou, com dinheiro de propina, o valor de R$ 13.500,00.
Com base no referido valor e levando-se em consideração a quantidade dos voos realizados nos helicópteros, o ex-governador teria jogado nos ralos do desperdício e da irresponsabilidade o valor aproximado de R$ 20 milhões, caso ele tivesse optado pelo pagamento das questionadas viagens com recursos próprios.
De acordo com o empresário dono das aeronaves alugadas para o ex-governador, os serviços aéreos eram pagos em dinheiro vivo ou por meio de depósito bancário.
Segundo o Ministério Público, o dinheiro vinha do "caixa" mantido por doleiros, que firmaram delação premiada e contaram que administravam parte da propina arrecadada.
Conforme levantamento realizado pela Folha de S. Paulo, a lista de pousos e decolagens feitos na gestão do ex-governador, produzida pela Subsecretaria Militar, não apresenta nomes dos tripulantes, ou seja, nem precisava de controle pelo Estado.
Recentemente, o político admitiu que, em muitos casos, aeronaves oficiais eram usadas para fins particulares, transportando amigos, familiares, sem a companhia dele, e até o cachorrinho.
A lista dos voos mostra a concentração de várias aeronaves em um mesmo dia, realizando o mesmo trajeto, fato que evidencia descontrole do uso de bens públicos e desperdício de dinheiro do contribuinte, como se aquele governo não tivesse qualquer responsabilidade não somente quanto à economia dos escassos recursos, mas de priorizar o seu emprego em serviços públicos essenciais.
Como justificativa para o uso abusivo e descontrolado de aeronaves, o peemedebista afirmou à Justiça do Estado que o fez sob a orientação da Subsecretaria Militar, que vislumbrava possíveis ameaças à segurança do ex-governador e da sua família.
É evidente que o fator segurança das autoridades não pode ser confundido e muito menos justificado para a prática desregrada e descontrolada da aplicação de recursos públicos, que precisam de rigorosa parcimônia, principalmente em épocas de vacas magras, como forma primordial de priorização da prestação dos serviços públicos, quanto mais que os desperdícios de recursos contribuíram para o estado falimentar do Estado, que se encontra na lona, à procura de ajuda externa para conseguir pagar suas astronômicas dívidas. 
O abuso com o dinheiro do contribuinte, como no caso em referência, precisa ser punido com pena máxima, em dosagem dura e exemplar, para que o administrador inescrupuloso evite desviar recursos públicos tão necessários em uma variedade de serviços públicos, que deixam de ser realizados pelo Estado exatamente pelo uso excessivo e abusivo por quem tem o dever de dar o exemplo de economicidade e de boas maneiras, em termos da aplicação desses recursos, em consonância com as normas de administração orçamentária e financeira.
          Os órgãos de controle e fiscalização precisam apurar os fatos relacionados não somente com o indevido uso de aeronaves oficiais, mas com as despesas em geral, porque certamente elas não merecem a chancela da legitimidade, para o fim de responsabilização dos envolvidos nos danos causados ao erário, com vistas ao ressarcimento dos valores apurados e à aplicação severa das penalidades cabíveis, inclusive quanto à definitiva proibição do exercício de cargos públicos pelos culpados, para servir de lição pedagógica e disciplinar, visando à coibição da reincidência de fatos lastimáveis semelhantes por outros péssimos administradores públicos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 28 de fevereiro de 2017

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