segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Lastimável história

Antes do falecimento do ditador cubano, que já estava afastado do poder, por motivo de doença, o presidente da França se encontrou com ele em Havana, que disse à comunidade francesa residente na Ilha que "desejava viver este momento histórico".
O presidente francês disse que "Tive diante de mim um homem que fez história. Há, evidentemente, debates sobre o lugar que ocupa, suas responsabilidades, mas estando em Cuba queria me reunir com Fidel Castro".
O líder da França qualificou como histórica sua visita à Ilha, por tratar-se da primeira viagem a Cuba de um chefe de estado francês e a primeira também de um governante europeu em quase três décadas, o que demonstra o total isolamento daquele país do resto do mundo, exatamente graças ao seu retrógrado sistema comunista de maus-tratos aos seres humanos, que perderam por completo a sua individualidade e as liberdades como pessoa, além do pleno usufruto do princípio democrático.
Causa perplexidade o ávido interesse demonstrado, à época, pelo presidente francês de se encontrar com o então tirano cubano, que foi responsável, entre outras atrocidades, por milhares de mortes, por fuzilamento no paredão, diante da oposição ao regime comunista, mas aquele estadista não demonstrou a menor vontade de se encontrar com qualquer dissidente na Ilha, em que pese ele ter afirmado que a questão dos direitos humanos seria "necessariamente" tratada durante a visita, conquanto não houve informação à imprensa com relação à possível conversa nesse sentido.
Segundo foi informado pelos meios de comunicação estatais, o ex-ditador cubano e o mandatário francês sustentaram "um interessante diálogo" sobre os laços históricos entre Cuba e França, tendo o ilhéu lembrado que, entre os primeiros textos que leu quando iniciava seu bacharelado, tinha um extenso livro tratando da Revolução Francesa, "embora então não conhecesse sequer o valor dos estudos políticos e o complexo mundo que estava por trás das ciências históricas".
Não há dúvida de que o mandatário francês esteve diante dele uma pessoa que fez história universal, porém se trata de história da pior qualidade no contexto humanitário, por sua abominável representação para o ser humano, que jamais deveria ter existido, à vista da deplorável forma como ela foi escrita, bastante carregada com tinta da negritude do horror e da crueldade, permeada com a mancha e o rastro de muito sangue humano e da destruição da dignidade do povo cubano, que foi trucidado e sacrifício com a marca da desumanidade e da truculência de ditador sanguinário que fez a triste história agora lembrada pelo líder francês, como se ela tivesse protagonizada por herói universal.
É lamentável que o presidente francês possa ter se orgulhado de ter enaltecido a figura de alguém que é pivô de história tão degradante e deprimente contra a humanidade, que foi timbrada com a marca do terror do fuzilamento de seus opositores e da prisão de muitos outros que não se submeteram aos métodos e tratamentos intimidativos e desumanos do insensato e cruel sistema comunista.
É muito difícil se acreditar que, com a evolução da humanidade e as conquistas científicas e tecnológicas, há quem ainda tenha a indignidade e a insensatez de bajular ditadores sanguinários como os irmãos cubanos, como se eles fossem verdadeiros heróis da humanidade, quando a sua história não contém absolutamente nada digna que mereça ser enaltecida como heroica, à vista do histórico de monstruosidade e destruição do país e de seu povo, que se encontram completamente destroçados, cujas estruturas fazem lembrar somente a ruína e o pesadelo do retrocesso socioeconômico.
Essa lastimável história, enaltecida pelo presidente francês, tem o condão de ser ressuscitada apenas como marco de uma tirania que precisa sim ser lembrada para servir de péssimo exemplo para as gerações, no sentido de que seus episódios terríveis e lamentáveis protagonizados por homens vis, cruentos e desumanos jamais sejam reescritos na evolução da humanidade, diante do horroroso quadro de sofrimento e maldade impingido indevida e injustamente contra um povo indefeso. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 13 de fevereiro de 2017

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