Em
entrevista concedida à revista VEJA, com o semblante mais plácido possível,
evidentemente sem o menor constrangimento, um senador petista por Pernambuco
teve coragem de dizer, em bom som, que “É
hora de assumir a corrupção do PT”.
Ele
se apresenta como o primeiro político do alto escalão do partido a se dignar a aparecer
em público para reconhecer o que todo mudo já sabe e dizer que “chegou o momento de o PT admitir a corrupção
e pedir desculpas.”.
O
senador pernambucano sempre se destacou em defesa das ideias de domínio
absoluto das classes política e social e da perpetuidade do partido no poder e
marcou presença muito atuante no olho do furacão durante a prisão do ex-senador
e ex-petista preso tentando obstruir os trabalhos da Operação Lava-Jato, e
durante o emblemático processo de impeachment da correligionária ex-presidente
petista.
Ele
esteve lutando ferozmente na linha de frente das batalhas para defender o restante
dos cacos do PT, em razão das devastadoras denúncias dos delatores envolvidos
nos escândalos que arrasaram o patrimônio da Petrobras, empresa comandada pelo
governo de seu partido.
Além
de tudo isso, o senador era aguerrido líder do partido no Senado Federal até
duas semanas atrás, quando partia com disposição aguerrida para cima dos
adversários em defesa da “honradez” do nome dos governos petistas e de seus correligionários,
sem jamais ter aceitado o mínimo deslize por parte dos petistas.
Trata-se
de político alinhado visceralmente com o idealismo socialista proferido por seu
partido, que sempre admitiu, por parte de suas principais lideranças, que era
capaz de fazer qualquer coisa para se manter no poder, não importando,
evidentemente, os fins empregados para se atingir os meios e o resultado das
incompetências e irresponsabilidades é contado pelo rastro maldoso da
inigualável corrupção disseminada ao longo de seus governos populistas, a
exemplo dos famigerados mensalão - cujo julgamento pelo Supremo Tribunal
Federal resultou na punição de líderes petistas e dezenas de executivos – e o
petrolão – cujas investigações revelaram montanhas de podres que não permitem
tão cedo se saber qual será o fim de tamanha tragédia para os interesses do
Brasil.
O
senador pernambucano é o primeiro corajoso petista a assumir, em entrevista
a VEJA, que “Chegou a hora de o PT
admitir que se envolveu em corrupção, pedir desculpas à sociedade pelos erros
que cometeu, abandonar o discurso de ‘denúncia do golpe’ e apresentar propostas
econômicas para tirar o país do atoleiro. ‘A autocrítica é necessária, essencial,
mas não é suficiente’”.
Há
algo de estranho no ar com a atitude protetora do partido pelo citado político,
conquanto ele apenas reconhece que é chagado o momento do reconhecimento dos
erros praticados pelo PT, depois de todos os usufrutos e dos benefícios proporcionados
ao partido, inclusive as conquistas eleitorais, com o emprego de recursos
sujos, fruto da desonestidade da corrupção, como se a simples admissão das
falhas fosse capaz de abonar o mar de irregularidades, possibilitando a
continuidade do partido que foi capaz de destruir a dignidade de uma nação e de
seu povo, ficando impune com o mero gesto de pedido de desculpas.
O
senador precisa saber que não basta somente reconhecer o que os fatos já
mostraram há muito tempo e ficar livre das punições legais, como se nada
tivesse acontecido de desastroso, que pudesse simplesmente ficar tudo bem com
simples pedido de desculpas.
Se
o Brasil fosse um país sério e tivesse ordenamento jurídico moderno e
consentâneo com os princípios verdadeiramente moralizador e democrático, os
fatos cuja autoria é imputada ao PT seriam capazes de já ter determinado a
extinção do partido, a prisão de todos os envolvidos e responsáveis pelo
comando da agremiação e o ressarcimento dos valores compreendidos nos desvios
por meio do propinoduto da Petrobras.
Não
fosse o senador ser um dos mais ferrenhos defensores dos governos que ele agora
reconhece com a marca indelével da corrupção, até se poderia imaginar o
espírito de arrependimento de pessoa que de honesta não tem nada, porque
reconhece a canalhice praticada por seu partido contra a nação e ainda tem a
cara lisa de permanecer na agremiação, sob o argumento de simples pedido de
desculpas para algo tão grave e monstruoso, em termos político-administrativo, ante
a caracterização de afronta, entre outros, aos princípios da dignidade,
moralidade, honestidade.
Não
há a menor dúvida de que a tardia confissão de autêntico, importante e influente
petista de reconhecer a roubalheira protagonizada por seu partido, justifica a
necessidade do alinhamento à sua ideia dos demais integrantes da agremiação
corrupta, à vista dos enormes prejuízos causados ao Brasil, para o fim da imediata
extinção do partido, acompanhadas das demais medidas saneadoras cabíveis, com o
ressarcimento dos danos levantados por meio dos desvios de recursos da
Petrobras e da prisão das lideranças envolvidas e culpadas pelos crimes praticados
contra o país. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 18 de fevereiro de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário