domingo, 19 de fevereiro de 2017

O histórico condena

A ex-presidente da República petista reaparece em público depois do seu regresso da Europa e dos Estados Unidos da América, bastante descontraída e mais disposta a falar sobre o seu futuro político, após ter sido afastada do cargo, no ano passado, pelo Senado Federal, sob a acusação de maquiar as contas públicas, à vista da prática do crime de responsabilidade, a par de ter tido seu governo marcado pelo escândalo de corrupção da Petrobras, fato que continua em plena evidência político-policial.
A ex-presidente declarou, em entrevista à agência AFP, que “Eu não serei candidata a presidente da República, se é essa a sua pergunta. Agora, atividade política nunca vou deixar de fazer (…) Eu não afasto a possibilidade de me candidatar para esse tipo de cargo: senadora, deputada, esses cargos.
Contrariando disposição constitucional, em que pese ela ter sido afastado do cargo presidencial, por via do processo de impeachment, seus direitos políticos ficaram preservados, o que a credencia para ocupar cargos públicos eletivos.
Quando perguntada como é possível não ter conhecimento da gigantesca rede de subornos que contribuíram para desviar bilhões de reais da Petrobras, para financiar campanhas políticas, a ex-presidente se mostrou menos tranquila nesse momento, tendo respondido que “Os processos são extremamente complicados (…) Ninguém no Brasil sabe de todos os processos de corrupção, hoje”.
Em termos políticos, a petista disse que não se depara com problemas ao percorrer as ruas do bairro onde vive em Porto Alegre, nem quando viaja para o Rio de Janeiro, para visitar a mãe dela, em que pese o seu impeachment.
Com relação ao impeachment, ela disse que repassa “sistematicamente” os documentos do processo que a afastou do poder e que pôs término ao ciclo de mais de 13 anos do PT no governo federal, que foi substituído pelo PMDB, na pessoa do seu vice, a quem ela acusa de ter liderado “golpe parlamentar”, que “As pedras de Brasília e as emas da Alvorada sabiam que eles estavam inventando um motivo para me afastar. Foi a chamada justiça do inimigo: não se julga, se destrói”.
Os brasileiros até que poderiam eleger seus representantes políticos com base no passado deles. No caso da ex-presidente, seu currículo é riquíssimo de fatos que ajudam muitíssimo a decidir sobre o que ela poderia realizar no Parlamento em benefício dos brasileiros.
Só para lembrar, quando ela foi afastada do governo, a economia se encontrava no fundo do poço, com galopante recessão e altíssima taxa de desemprego, atingindo os doze milhões de desempregados, além do completo descrédito internacional sobre o futuro econômico do Brasil, à luz das avaliações promovidas pelas agências de classificação de risco financeiro, que, a todo instante, rebaixavam o grau de investimento do país, mostrando os verdadeiros perigos sobre os investimentos aplicados no Brasil.
Como não bastassem os pífios resultados econômicos, convém lembrar que nunca o país tinha chegado ao nível de precariedade na prestação dos serviços públicos, quando os brasileiros eram amontoados nos hospitais, para terem tratamento médico-hospitalar de péssima qualidade e terminavam morrendo; o ensino público sucateado e desprezado a níveis desclassificáveis; a segurança pública trucidada pelo alto grau de criminalidade, deixando a população atônita e intranquila; entre muitas deficiências na gestão dos recursos públicos, a exemplo das famosas pedaladas fiscais, onde a então presidente gastava mais do que arrecadava e terminou sendo penalizada por isso, com o seu afastamento do cargo, pela reconhecida prática do crime tipificado na Constituição Federal de responsabilidade, que significa afronta a um dos princípios insculpidos na Lei Maior do país, consistente no descumprimento das normas de Administração Orçamentária e Financeira.
À toda evidência, em rápida análise do histórico administrativo da ex-presidente, à luz do bom sendo e da racionalidade, não se recomendaria que ela postulasse tão cedo exercer cargo público eletivo, considerando que o Brasil precisa, com urgência, de novas mentalidades políticas, que sejam capazes de contribuir para revolucionar a representatividade política, no sentido de ter condições de apresentar projetos e programas político-administrativos compatíveis com a produtividade tão ansiada pelos brasileiros de desenvolvimento socioeconômico, em termos de efetividade, competência e eficiência. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 19 de fevereiro de 2017

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