segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Enfim, alívio do Leão?

A baixíssima popularidade do presidente da República já preocupa o Palácio do Planalto e o governo estuda mudança radical nas regras do Imposto de Renda (Pessoa Física), que seria capaz de beneficiar até 15 milhões de contribuintes e também de contribuir para melhorar a opinião pública sobre o desempenho presidencial.
Até agora, a marca principal do governo tem sido o estabelecimento de metas e ações impopulares, com destaque para a reforma da Previdência Social, com absoluta restrição à aposentadoria, tudo contribuindo para desgastar a imagem do presidente.
Diante de cenário adverso, o governo, segundo informações da revista Época, estuda medidas palatáveis, visando agradar e angariar a simpatia popular, que consiste na isenção do Imposto de Renda para os contribuintes que recebem salários mensais até R$ 8 mil, evidentemente na tentativa de reverter a situação caótica de momento.
Aliás, a 'bondade' do governo contribuía para liberar parte expressiva da renda das famílias, que resultará aumento do consumo, com enorme possibilidade de aquecer a economia, que ainda se encontra debatendo em recessão, além de incrementar a popularidade do presidente, que acumula rejeição altíssima, nas pesquisas de opinião, beirando os 50% de desempenho considerado péssimo.
Quem poderia contrariar os planos do presidente seria o ministro da Fazenda, mas ele já sinalizou que aceita discutir a matéria, desde que haja a indicação de outra fonte de receita para compensar a perda de arrecadação.
Aproveitando o aceno favorável, o governo já se antecipou e já disse que pretende compensar a diminuição da arrecadação do Imposto de Renda com o aumento da alíquota sobre os ganhos de capital.
O ministro da Casa Civil disse que “Nós tributamos muito o consumo e muito pouco a renda e os ganhos de capital. Quem paga mais imposto no Brasil é o mais pobre”.
Nesse caso, não se trata de nenhuma bondade do governo, mas sim de medida que se impõe como forma de reparação do longo tempo que a tabela não é reajustada em conformidade com os índices oficiais, ou seja, os contribuintes estão pagando Imposto de Renda com base em tabela defasada em percentual superior a 70%.
Na prática, caso o governo se digne a tributar o salário a partir de R$ 8 mil, ele praticamente compensa o longo período em que os contribuintes foram sacrificados com o pagamento de escorchante tributo, muito acima do que era devido.
Aliás, por se tratar de salário decorrente do suado trabalho e não de rendimentos de aplicação do capital, o assalariado deveria ser dispensado de Imposto de Renda, mesmo por que, praticamente, não há contraprestação por parte do governo, em termos de prestação de serviços públicos à população, à vista da sua péssima qualidade, quando existentes, conforme mostram os fatos do quotidiano.  
Convém que o governo, nessa linha de se corrigir injustiça histórica, aproveite o ensejo para estudar a incidência de muitos tributos sobre produtos que a população pobre, que é a grande parcela dos brasileiros, vem pagando igualmente de forma injusta e em absoluto sacrifício do seu bolso, por exemplo os tributos aplicados sobre os remédios, que variam na faixa acima de 30%, cujo percentual encarece em muito os preços de produtos essenciais à população.
O governo precisa saber que, em países desenvolvidos, o tributo sobre medicamento varia entre percentual simbólico de até 2%, sendo que outros mais sensibilizados e conscientes sobre a importância dos remédios para a vida humana nada cobram sobre a venda de medicamentos, ou seja, o índice é zero.
É evidente que isso não é nenhuma mágica, porque basta se tributar mais em bebida alcóolica, cigarros e outros produtos prejudiciais à vida humana, para compensar a dispensa do tributo na venda de remédios, que tem a finalidade de contribuir para algo saudável, com o alívio ou a cura da dor e do sofrimento humanos, além de ainda contribuir para desafogar as unidades de saúde.
Embora a medida pretendida pelo governo, de redução do Imposto de Renda – Pessoa Física, se harmonize com os anseios dos contribuintes, vinda em momento mais que oportuno, que certamente irá contribuir para incrementar o consumo e a produção, com enorme reflexo no combate à recessão econômica e ao desemprego, é lamentável que isso somente venha a ocorrer com o objetivo de melhorar a difícil avaliação do presidente da República, que deveria estar preocupado, independentemente da sua impopularidade, com a drástica redução da pesada carga tributária, que sacrifica não somente os contribuintes, que não suportam mais pagar pelas incompetência e ineficiência administrativas, mas, sobretudo, o desenvolvimento socioeconômico. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 20 de fevereiro de 2017

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