terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Zelo pelos bons princípios

Conforme notícia publicada no site da revista VEJA, foi vazado que pelo menos o nome de um ministro do Superior Tribunal de Justiça, cotadíssimo para assumir, no Supremo Tribunal Federal, a vaga aberta após a morte do relator da Operação Lava-Jato, naquela corte, era motivo de extrema preocupação, além de causar calafrios em certos integrantes do Supremo, talvez por não concordarem com a simples ideia da ida dele para lá.
Segundo a aludida notícia, a presidente do Supremo teria cuidado de transmitir ao presidente do país o horror que estava causado naquela Casa, tendo informado a ele que a indicação do ministro do STJ para o Supremo tinha forte resistência por parte de alguns componentes deste órgão.
Em seguida à notícia em apreço, o ministro cujo nome teria sido motivo de rejeição por ministros do Supremo informou ao colunista de VEJA que a presidente do Supremo o procurou para dizer que não havia qualquer restrição ao nome dele, ou seja, bem depois da indicação de outro nome para o cargo de ministro da Excelsa Corte de Justiça.
Possivelmente a maioria dos ministros temia a ida para o Supremo de um dos cogitados por ele ser bastante competente, com capacidade e coragem para exigir celeridade nos julgamentos do Supremo, ou por que ele seria mais um a se compor com os interesses e as conveniências políticas próprias da desgastada República dos conchavos, ao concordar em pôr panos quentes, por exemplo, na hora de afastar de cargo relevante da República alguém com rabo preso em falcatruas?
Não importa muito, agora, a motivação pela qual ele não foi indicado, mas sim a necessidade de se levar em conta que a pessoa indicada para ocupar cargo de ministro de Tribunais Superiores recaia sempre sobre alguém que tenha compromisso exclusivamente com os interesses nacionais e causas públicas, evitando-se que fulano ou ciclano fique dando sugestão de dezenas de nomes, que, nem sempre, estão à altura do desempenho do espinhoso cargo pertinente.
Desta feita, em situação inusitada, foi visto que todo mundo se achou no direito de mandar relações de nomes para o Palácio do Planalto, desde porteiro de edifício, sindicato, organização religiosa, entidades de defesa dos magistrados, entre tantos que simplesmente deram a entender que aquele que tem competência constitucional para fazê-lo não estaria em condição para indicar a pessoa adequada e possuidora dos requisitos exigidos para o desempenho de tão importante função de zelar pela fiel integridade da Constituição Federal e pelo estrito cumprimento da integridade dos princípios da dignidade, moralidade, legalidade, probidade etc., na administração do país.
Enfim, espera-se que a lição agora demanda tenha sido aprendida e que, doravante, a indicação de nome para ocupar cargo de ministro nos Tribunais Superiores seja feita exclusivamente sem a influência de opiniões e sugestões certamente sempre interesseiras e tendenciosas, que normalmente levam em conta algo que possa não satisfazer a vontade dos autores das indicações, mas sim levando-se em conta, necessariamente, os reais atributos de conduta ilibada e notórios conhecimentos técnico-especializados, tais como são exigidos pela Carta Magna.
É preciso se atentar, quando da indicação de nome para ocupar cargo de ministro dos Tribunais Superiores, para o atendimento dos requisitos essenciais sobre o preenchimento dos elementos imprescindíveis ao bom desempenho da função, como forma de bem servir aos interesses públicos, que precisam da certeza de que o país nunca seguirá na trilha correta enquanto aqueles que são responsáveis pelos negócios da pátria ficarem sendo eternamente tutelados por segmentos que nem sempre estão alinhados com as causas nacionais.
Urge que os brasileiros se conscientizem sobre a necessidade da eliminação das arraigadas ideias político-administrativas demandadas por homens públicos, normalmente com viés voltados para a defesa de interesses pessoais ou de entidades partidárias ou sociais, em detrimento do conjunto dos objetivos da sociedade, que anseia por que a nação se desenvolva levando em conta os eternos binômios econômico e social, com embargo de quaisquer outras motivações contrárias às causas públicas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 14 de fevereiro de 2017

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