Um senador do PMDB do Maranhão, que é investigado
na Operação Lava-Jato e preside a Comissão de Constituição e Justiça do Senado
Federal, disse que pensa em dar celeridade ao projeto de abuso de autoridade,
aquele que tem claro e indiscutível objetivo de retaliação e de amordaçamento das
atuações dos juízes e promotores da referida operação.
O mencionado parlamentar disse que “Esse projeto já estava no plenário com
regime de urgência e com um relator nomeado, que é o Roberto Requião (PMDB-PR).
O relator é aquele que diz ao presidente que está com o seu parecer pronto ou
não e pede pauta. Então, nessa decisão aí, valerá muito mais a posição do
relator do que a minha. A relatoria diz que está em condições de votar e pede
para que seja incluída na pauta.”.
O senador declarou que colocará o projeto em
votação, sem que a matéria tenha sido sequer discutida pelos senadores na CCJ,
ou seja, nada nele foi alterado depois do seu envio a essa comissão pelo
plenário do Senado, em dezembro último.
Com relação ao
questionado caixa 2, no financiamento de campanhas eleitorais, o senador maranhense
declarou, sem corar a face do rosto, que não há inconstitucionalidade na medida
que propõe anistiar tal procedimento, bem assim de perdoar os crimes de
corrupção dos políticos.
Ele justificou seus entendimentos jurídicos sobre
os temas polêmicos, pronunciando essa pérola: “Eu quero dizer que é constitucional a figura da anistia, qualquer que
ela seja”.
O senador também defendeu mudanças na legislação
que trata das colaborações premiadas, afirmando que “Delação só deve ser admitida com o delator solto.”.
À toda evidência, o pensamento de homem público
exposto com cristalina clareza pelo senador maranhense não condiz com o atual
momento brasileiro, em que a nação anseia e clama, de forma desesperada, pela
urgente moralização das práticas político-administrativas, diante da
degeneração havida no âmbito de homens públicos que estão muito mais
preocupados em defender seus interesses, à luz das declarações do mencionado
parlamentar.
As convicções esposadas pelo senador demonstram
completa aversão a esse saudável pensamento de saneamento das abomináveis
práticas devassadoras de corrupção e impunidade, em clara afirmação de defesa
corporativista e de suas causas e conveniências, em absoluto desprezo ao
interesse público, principalmente com o manifesto desejo da aprovação de normas
que tenham por objetivo contribuir para dificultar as investigações das
denúncias sobre irregularidades na administração pública, quase sempre
envolvendo parlamentares ou pessoas da sua intimidade.
Certamente
que o Brasil não merece parlamentares com nível extremamente contrário aos
interesses da sociedade, haja vista que eles defendem exatamente a manutenção e
a continuidade da impunidade, bem como o status
da soberania da corrupção, à vista de suas cristalinas intenções de aprovar
projetos que têm por finalidade dificultar as investigações pertinentes à busca
da verdade sobre turbilhão de fatos irregulares denunciados.
Causa
perplexidade que, quase sempre, as denúncias envolvem, com raríssima exceção,
dezenas de maus políticos em atividades irregulares, inclusive, conforme
mostram os fatos, aqueles que se debatem desesperadamente contra a eficiência e
a competência da força-tarefa da Lava-Jato, que já foi capaz de condenar e
punir diversos inescrupulosos e criminosos políticos, ex-executivos e
empreiteiros, que se beneficiaram de imensurável montanha de recursos desviados
da Petrobras.
Os
brasileiros precisam repudiar, com veemência, as pretensões maléficas de insensatos
e degenerados políticos, que aproveitam o poder para manipular situações em seu favor, às claras e
sem qualquer temor, no sentido de prejudicar seriamente o importante trabalho
da Polícia Federal, dos procuradores do Ministério Público e dos juízes, por
meio de medidas legislativas de cunho absolutamente absurdo, destinado a barrar
e impedir a continuidade das frutíferas investigações voltadas para as tão
ansiadas moralização da administração pública e punição dos corruptos de
colarinho branco. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 22 de fevereiro de 2017
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