Um
ministro do Supremo Tribunal Federal, que também é presidente do Tribunal
Superior Eleitoral, voltou a tecer duras críticas à atuação da Operação Lava-Jato,
ao condenar a longa duração das prisões determinadas pelo juiz de Curitiba, responsável
pelas investigações no âmbito dessa operação, na primeira instância.
O
ministro disse, logo após o primeiro julgamento de processos da Lava-Jato no
Supremo, sob a relatoria de novo ministro, que “Temos um encontro marcado com as alongadas
prisões que se determinam em Curitiba. Temos que nos posicionar
sobre esse tema, que conflita com a jurisprudência que construímos ao longo
desses anos”.
O
magistrado, que tem sido crítico sistemático da Lava-Jato, condenou, em
dezembro último, os “excessos” da
operação e pediu limites para as prisões preventivas, nestes termos: “Acho que deveríamos ter colocado limites
nessas prisões preventivas que não terminam. Precisamos realmente mostrar que
há limites para determinados modelos que estão se desenhando”.
Antes,
em novembro do ano passado, discutindo sobre o foro privilegiado, ele afirmou
que, “Para todo problema complexo, uma
solução simples é geralmente errada”, rebatendo opinião do juiz de
Curitiba, que que teria dito que apenas os presidentes dos Três Poderes tivessem
direito a julgamento no Supremo.
Nessa
mesma linha, em outubro de 2016, ele ressaltou que juízes e procuradores que
atacavam a proposta de lei que pune abuso de autoridades “imaginam que devam ter licença para cometer abusos”. Na ocasião,
ele disse que o combate à corrupção e a Operação Lava-Jato estão sendo usados “oportunisticamente” para a defesa de
privilégios do Judiciário, do Ministério Público e de outras corporações.
O
ministro ressaltou ainda que a Lava-Jato é um marco no combate à corrupção, mas
nem por isso “práticas ou decisões do
juiz Moro e dos procuradores” devem ser canonizadas.
Observa
que o ministro tem sido voz singular e dissonante no Supremo, dando a entender
os seus explícitos incômodo e inconformismo com os auspiciosos resultados
obtidos pela competente e eficiente Operação Lava-Jato, que realmente tem sido
implacável contra os corruptos e isso vem causando transtornos para aqueles que
preferiam que as investigações realizadas não tivessem chegado aos fatos
impactantes que revolucionaram a história do Judiciário, tão acostumado com o
marasmo da impunidade.
Não
obstante, já se sabe que o ministro demonstra contrariedade sobre as prisões preventivas
de longa duração, mas o que será que o ministro acha da extrema lentidão dos
exames e julgamentos dos processos da Operação Lato-Jato sob a incumbência
direta do Supremo Tribunal Federal, no que se refere aos criminosos de
colarinho branco, beneficiados com a excrescência do foro privilegiado?
O
ministro precisa se conscientizar de que o juiz de Curitiba já proferiu dezenas
de julgamentos e colocou outras dezenas de corruptos na cadeia, além de outras importantes
decisões determinando a devolução de recursos roubados dos cofres da Petrobras,
enquanto, depois de bastante tempo, ainda não se tem conhecimento que o Supremo
tenha condenado unzinho sequer à prisão ou determinado a devoção de dinheiro
surrupiado aos cofres da estatal.
Seria
conveniente que o ministro do Supremo, antes de se posicionar sobre as prisões
preventivas do juiz da Lava-Jato, se convencesse de que a Excelsa Corte de
Justiça precisa priorizar e agilizar o julgamento dos processos referentes aos parlamentares
corruptos que estão sob a sua jurisdição, diante da possibilidade de se operar
a prescrição dos crimes deles, por falta de julgamento em tempo hábil, com
embargo das críticas àquele que tem sido exemplo de eficiência e eficácia, em
defesa não somente da dignidade do Poder Judiciário, mas dos interesses do
patrimônio nacional.
Não
se pode fazer juízo de valor sobre a pertinência ou não do desconforto mostrado
pelo ministro, mas não é justo que ele fique criticando o trabalho do juiz da
Lava-Jato que tem sido exemplo de dinamismo e de extrema responsabilidade com
relação aos trabalhos sob a sua incumbência, que são dignos de modelo para o trabalho
da magistratura nacional, que aparece constantemente na mídia não por seus julgados,
mas sim pelas morosidade, ineficiência e ácidas críticas aos trabalhos
produtivos daqueles que fazem justamente o contrário, ou seja, mostram
resultados de seu labor e não se ocupam em criticar quem deveria trabalhar e mostrar
produtividade. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 8 de fevereiro de 2017
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