domingo, 3 de junho de 2018

Subsídio: sinônimo de retrocesso


Na estrita interpretação dos especialistas, o Brasil teve importante derrota na violenta batalha travada entre o país e as forças do atraso e do antipatriotismo, evidenciada com a surpreendente saída do presidente da Petrobras, que, diante das pressões de toda ordem e das circunstâncias dos acontecimentos decorrentes da greve dos caminhoneiros, não poderia haver desfecho diferente.
Não se trata de simples perda de competente e primoroso administrador, que vinha prestando eficientes serviços ao governo e ao país, à vista do indiscutível soerguimento da petrolífera, mas, em especial, pela evidente vitória daqueles que vegetam nos palácios, contribuindo para o retrocesso ou a paralisia do Estado, em verdadeira contraposição àqueles que mostraram competência e trabalho exitoso na busca da racionalidade administrativa e na melhor operacionalidade da empresa estatal, encontrada em situação crítica e cambaleante, quando da assunção do atual governo.
Venceram as forças contrárias à eficiência e ao trabalho produtivo e de bons resultados, próprios das empresas com vocação privada, nos moldes planejados para a Petrobrás, que ainda tem o monopólio em diversos setores essenciais da sua área de atuação, que é estrategicamente importante para os interesses nacionais.
À toda evidência, o ex-presidente da empresa demonstrou caráter, competência administrativa, retidão moral e capacidade profissional inexistentes entre os principais assessores do presidente da República, o que evidencia enorme prejuízo para o interesse público e o país, porque a saída dele do governo e da Petrobras é prova incontestável da fragilidade do Palácio do Planalto, que se curva facilmente às pressões da incompetência e da falta de amor às causas essenciais do país.
Ao ex-presidente da Petrobras foi creditada a notável recuperação econômico-financeira da empresa, que se encontrava em estado de visível destroço e desestruturação na passagem do governo petista para o atual, em razão da devastação do seu patrimônio pelo desastroso estratégico processo de rapinagem ali perpetrado, cuja esculhambação campeava principalmente na má gestão administrativa, em que muitos investimentos foram feitos por bel-prazer e irresponsabilidade do Palácio do Planalto, exclusivamente para o atendimento de capricho político, sem quaisquer estudos técnicos sobre viabilidades econômica e comercial, a exemplo da criação de refinarias que não tiveram continuidade ou que estão sendo construídas para se evitar prejuízos ainda maiores.
          A consequência da gestão desastrosa foi tanta que a estatal, que se situava no ranking mundial como uma das maiores do seu ramo, foi transformada na petrolífera mais endividada do planeta, tendo chegado à beira do abismo operacional, diante do estrangulamento econômico, por ter sido usada como verdadeira máquina de dinheiro para financiar o populismo do governo que a destruiu, sob a forma de subsídio para os combustíveis como na participação da empresa em empreendimentos controvertidos e planejamentos duvidosos e contrários aos resultados lucrativos próprios da sua finalidade econômica.
A única hipótese de saneamento da estatal era encerrar imediata e definitivamente que os injustificáveis e prejudiciais interesses políticos ditassem os rumos da sua gestão, tendo sido escolhido exatamente o ex-presidente, que teve a garantia da total autonomia para administrar a Petrobras sob o ritmo empresarial de resultado econômico-financeiro de eficiência e competividade.
O que se viu, na gestão do ex-presidente, foi a implementação e a efetividade de trabalho com a marca da austeridade e da dinâmica que resultaram, ao longo da sua administração, no reequilíbrio das finanças da Petrobras, graças à venda de ativos e à implantação de política de preços que fugia dos subsídios e respeitava as variações de mercado, principalmente da valorização internacional do petróleo.
Não obstante, no seu glorioso e promissor caminho, surgiu a greve dos caminhoneiros, que cuidou de travar a bem-sucedida política que vinha dando excelentes resultados econômicos e a pôs em definitivo na berlinda, uma vez que a principal reivindicação do movimento tinha exatamente como cerne o restabelecimento do famigerado subsídio.
Não há a menor dúvida de que a decisão do governo de restabelecer o subsídio, sem dar suporte firme para manter a política de preços implementada na Petrobras teria sido o principal motivo que o levar a pedir o chapéu, sendo o real motivo para a sua saída, a se perceber do seguinte trecho da sua carta, nestes termos: “Diante desse quadro, fica claro que a minha permanência na presidência da Petrobrás deixou de ser positiva”.
Quando foi aceita a demissão em apreço, o governo sinalizava para também patentear a vitória dos petroleiros, que tinham deflagrado greve de cunho estritamente político, na qual se incluía, como principal reivindicação, a saída do executivo, fato que comemorado e mereceu os aplausos à decisão por aqueles que são favoráveis ao subdesenvolvimento com o viés da defesa da “justiça social”, nas pessoas declaradamente esquerdistas e assemelhadas que se comprazem com a estagnação e a precariedade administrativas, porque assim melhor satisfazem aos seus interesses pessoais e partidários, em evidente desfavor das causas nacionais e dos brasileiros.
Embora o Brasil ressinta-se de bons quadros de executivos, com competência e eficiência a serviço da pátria, há que se lamentar a força dos sabotadores dos interesses nacionais, que trabalham dentro do governo, prestigiando políticas retrógradas que somente contribuem para atravancar o desenvolvimento da nação, porquanto a volta às políticas de subsídio na economia é demonstração de que o povo passa a arcar com o ônus da incompetência da gestão pública, em clara demonstração de desprezo à vanguarda das desejáveis políticas de saneamento das contas públicas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 3 de junho de 2018

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