sábado, 23 de junho de 2018

Por reparações exemplares


O desembargador responsável pela Operação Lava-Jato no Tribunal Regional Federal da 4ª Região validou os depoimentos pertinentes à delação premiada de um dos principais artífices do PT e ex-ministro da Fazenda do petista-mor, conforme noticiado pela mídia.
O aludido acordo foi celebrado com a Polícia Federal, mas estava aguardando a validação daquele Tribunal, cujo conteúdo, em forma de depoimentos e provas documentais, é mantido sob segredo de Justiça.
O ex-ministro está preso desde setembro de 2016, por força de condenação no âmbito da Operação Lava-Jato, a 12 anos e dois meses de prisão, por corrupção passiva e lavagem “de mais de 10 milhões de dólares”, cujo dinheiro teria sido desviado da Petrobras, para financiar campanhas políticas e enriquecimento pessoal.
Por enquanto, ainda não se sabe se a delação premiada em causa implicará possível redução da pena aplicada ao ex-ministro, que a cumpre na sede da Polícia Federal, em Curitiba.
Em suas declarações ao juiz responsável pela Operação Lava-Jato, o ex-ministro foi bastante incisivo e corajoso, quando fez duras críticas ao até então amigo ex-presidente, ao afirmar, em audiência pública, que o petista-mor teria negociado acordos ilícitos e milionários com a empreiteira Odebrecht.
Diante das contundentes acusações, o todo-poderoso sempre negou qualquer participação em transações ilícitas, tendo partido em revide, questionando os depoimentos do seu ex-ministro, sob o argumento de que ele havia sido alvo de pressões para denunciá-lo, sem fundamento e sem provas.
A homologação dos depoimentos de importante ex-homem igualmente poderoso, inteligente, influente e mentor das principais ações políticas do partido do ex-presidente, a quem foram confiadas a criação e a execução das principais estratégias político-eleitorais da agremiação, tem certamente o peso de toneladas de preocupação colocadas sobre as cabeças, os ombros e, enfim, os corpos das lideranças do partido, porque ninguém melhor do que ele para arquivar acervo com enorme capacidade explosiva e destruidora da vida política de muita gente.
Nas circunstâncias de total confinamento nos porões do encarceramento, totalmente isolado de tudo, inclusive da família, restou ao ex-ministro, como forma capaz de, ao menos, minorar seu sofrimento, com a antecipação de liberdade, revelar às autoridades, por meio de colaboração, o denso e rico histórico das ilicitudes, falcatruas e toda espécie de maledicências protagonizadas por membros do então poderoso e influente partido, que, por certo, atingiu o poder e se manteve nele mediante o uso de procedimentos ilegítimos e censuráveis, em dissonância com os princípios republicanos e democráticos, à vista da expectativa sobre o real valor dos depoimentos prestados à polícia, que não teriam o menor interesse se eles não tivessem a relevante contribuição, em termos de preciosas informações sob a alçada da Operação Lava-Jato.
A sociedade, no âmbito da normal ansiedade, tem demonstrado o maior interesse em que as autoridades incumbidas das investigações e dos julgamentos dos casos sob a sua incumbência institucional, a par dessas valiosas informações, dinamizem os procedimentos capazes de levantar os fatos pertinentes às denúncias em comento, com vistas ao julgamento, se for o caso, dos envolvidos, o mais rapidamente possível, de modo que os beneficiários das roubalheiras possam ser condenados ao ressarcimento dos valores desviados dos cofres da Petrobras e às penas cabíveis, para que as medidas adotadas no âmbito do Judiciário possam servir de lições exemplares e pedagógicas, no sentido de serem evitados casos semelhantes aos protagonizados naquela empresa.
Os brasileiros honrados e dignos exigem que as investigações e as decisões judiciais sejam de modo tão efetivamente exemplares que, com base nos elementos apurados e levantados, com relação às denúncias oferecidas pelo ex-ministro, se verdadeiras e incontestáveis, as pessoas e os partidos envolvidos recebam as condenações proporcionais às suas práticas delitivas em detrimento dos interesses da nação e da população, de modo que haja a condenação para a devida reparação dos danos apurados e a decretação de degredo deles, em razão da gravidade de suas atuações antipatrióticas, em forma do desvio deliberado de recursos públicos para a satisfação de interesses pessoais e partidários, com vistas às espúrias dominação das classes política e social e manutenção no poder, sob o emprego de procedimentos ardilosos e ilegítimos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de junho de 2018

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