quinta-feira, 28 de junho de 2018

À espera do futebol mágico


A acachapante e surpreendente derrota da Seleção Alemã de Futebol por 2 a 0 para a Seleção de Futebol da Correia do Sul soou como se tivesse sido verdadeira vingança sobre a humilhante e inesquecível surra de 7 a 1 sofrida pelo Brasil, na Copa do Mundo de 2014, cujo resultado interrompeu, naquela ocasião, o caminho da seleção canarinha rumo ao hexacampeonato, posto que se tratava da semifinal.
O nosso algoz certamente jamais imaginaria que aquele dia aziago de 8 de julho da Copa de 2014, no Brasil, pudesse ser de igual forma experimentado com o requinte de estarrecedora crueldade, porque a vexatória derrota acontecida hoje teve como algoz senão uma seleção classificada no ranking da Fifa em 56ª lugar, ou seja, a surra se torna ainda mais humilhante, com sabor ainda mais decepcionante porque até seria natural que a atual seleção campeã de futebol tivesse perdido para outro time da sua paridade, do seu quilate, mas não, trata-se de seleção bastante longe do convívio das famosas, que se encontra naquele lugar exatamente porque não desfruta do conceito das grandes seleções mundiais.
Convém que seja enaltecido que, no mesmo dia da fragorosa derrota da Alemanha, o Brasil teve a alegria de comemorar importante vitória nos gramados russos, quando se classificou, com mérito, para disputar a próxima fase, conhecida por mata-mata, na qual avança somente o time que tiver competência para trucidar seus adversários, i.e., ganhar deles.
À toda evidência, o Brasil não vem jogando ainda o futebol nada excepcional, mas o suficiente para superar as dificuldades próprias da disputa de jogos da Copa do Mundo, tendo derrotado a Seleção de Futebol da Sérvia, por 2 a 0, o necessário para continuar no campeonato e se manter vivo na disputa em rumo ao tão ansiado hexacampeonato de futebol.
É evidente que os deuses do futebol sabem muito bem o que é melhor para o futebol tupiniquim, porque eles perceberam a tempo, para o bem da seleção verde-amarela, que o precoce duelo entre as duas seleções brasileira e alemã estaria selando a sorte antecipada de uma das seleções para a conquista do hexa ou do pentacampeonato, respectivamente para o Brasil ou a Alemanha, uma vez que esta era a única que poderia se igualar ao Brasil, eis que a outra seleção nas mesmas condições seria a italiana, haja vista que ambas já conquistaram o tetracampeonato mundial de futebol.
A derrota da Seleção de Futebol Alemã mostrou a grande diferença de sentimentos dos povos brasileiro e alemão, enquanto o nosso derramou rios de lágrimas, que encheram os mananciais brasileiros em 2014, diante da histórica paulada representada pela derrota imposta pelos alemães, hoje se viu que essa de chorar não faz parte da cultura daquele país, porque foram vistos casos isolados, em demonstração de que tem muito mais coisas importantes para se preocupar, porquanto lá não é como no Brasil, que considera a seleção canarinha a pátria de chuteiras, que, aliás, deve ser o único país do mundo que torce de forma ensandecida e apaixonada.
É preciso se atentar para o fato de que, não fosse a eliminação da Alemanha, conforme o resultado da classificação dela, o Brasil já poderia disputar o próximo jogo contra os alemães, o que poderia se transformar em algo bastante traumático para a seleção canarinha, que certamente seria levado para o gramado, ainda nesse fase inicial o duelo do século, esperado para tira-teima, em forma de revanche dos mais disputados da história do futebol mundial, porque o Brasil, por certo, não gostaria de perder oportunidade especial para se vingar diretamente, sem necessidade de ter agradecido pelos “serviços” mais do que especiais prestados pelo excelente time da Coreia do Sul, evidentemente pelo obséquio, em forma de façanha, protagonizada hoje, em nome de uma nação chamada Brasil, que certamente lavou a alma com a derrota da todo-poderosa Seleção Alemã de Futebol.
A verdade é que a Seleção de Futebol do Brasil, em cada jogo, precisa mostrar que, enfim, conseguiu superar aquela desmoralizante derrota ocorrida no Mineirão, para que, aos poucos, o demolidor tratoraço que a atropelou, de forma impiedosa, passe a figurar apenas como derrota acontecida como desvio de percurso, que precisa ser esquecida o mais rapidamente possível, com o acúmulo de grandes vitórias conquistadas sobre seleções de prestígio, no cenário mundial, ou seja, que o vergonhoso constrangimento seja transformado em retumbantes vitórias, em demonstração de que a desgraça daquela copa teve o mérito de unir os jogadores atuais para propósito capaz de contribuir com algo especial que possibilite a volta por cima e a recuperação do prestígio do brilhante futebol brasileiro, desfilado com muita graça nos campos mundiais, a merecer não somente os aplausos dos brasileiros, mas de todos que valorizam a boa arte do futebol mágico.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de junho de 2018

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