terça-feira, 5 de junho de 2018

Basta aos aproveitadores


Um pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, que já foi governador do Ceará, qualificou o seu adversário, o deputado federal carioca, ultradireitista, de “uma ameaça ao País e chamou de ‘boçal’ a promessa do parlamentar de fazer uma equipe ministerial composta, em sua metade, por generais”.
O pedetista criticou seu opositor nestes termos: “Tem um concorrente meu aí prometendo que vai botar metade de seu governo de generais, na suposição imbecil – boçal que é – de que general é capaz de entender de tudo melhor que a gente”.
O presidenciável cearense, que participou de encontro com a Associação Brasileira de Biogás e de Biometano (ABiogás), respondia a pergunta sobre como pretende montar sua equipe ministerial, caso seja eleito, tendo dito que precisará ser “contemporizador das contradições brasileiras” e que essa modulação depende do patamar de votos com que chegaria à Presidência, ou seja, na “improbabilíssima” possibilidade de vencer no primeiro turno, sua equipe ministerial teria “excelência técnica muito maior que política”.
Ele entende que “Já uma vitória no segundo turno significaria uma composição maior, notou, salientando que negociação ‘não é loteamento de cargos’”.
O pedetista ainda disse aos jornalistas que o presidenciável carioca “Ameaça ao País, por representar uma chance aprofundamento terminal da crise brasileira. Para dar um exemplo: nos últimos dias, Bolsonaro – que já apresentou projeto para punir obstrução de vias -, apoiou a manifestação dos caminhoneiros. Três dias depois, quando o governo anunciou punições aos grevistas, disse que revogaria elas caso eleito, e três dias depois está retirando o apoio aos caminhoneiros. É esse o tipo de presidente que queremos?”.
Na realidade, o que representa ameaça ao país mesmo é a absoluta falta de renovação dessa classe política, que se mostra desgastada, ultrapassada, obsoleta, retrógrada e absolutamente desconectada com a real necessidade de mudanças dessa mentalidade de cunho estritamente interesseiro e oportunista.
Percebe-se que as lideranças não conseguem demonstrar equilíbrio pessoal desvinculado do momento político, ou seja, no caso do político cearense, pode-se se inferir de suas colocações que, a depender do que acontecer no primeiro turno da eleição, poderá, conforme o caso, ter negociação ou não, nas palavras do pedetista, dando a entender claramente que, conforme a posição das nuvens, à vista da conveniência do momento, poderá haver negociatas ou não entre os políticos ou partidos.
O político de personalidade, caráter ou dignidade somente tem único propósito, ou seja, pouco importa o resultado das urnas, porque a sua mentalidade permanece a mesma: antes, durante e depois das eleições.
É preciso que ele diga agora como será a composição do seu governo, se com as negociatas próprias dos governos recentes, que envolvem, necessariamente, o loteamento de ministérios e empresas estatais, em que as políticas públicas ficam sob o comando de partidos integrantes das alianças notoriamente espúrias, em que a prestação dos serviços públicos da alçada deles é de péssima qualidade, por haver a priorização das ações incumbidas às pastas voltadas para as paróquias e os currais eleitorais de seus titulares ou dos partidos “donos” daqueles órgãos e entidades, em completa demonstração de continuidade da desorganização e da desmoralização da competência e eficiência administrativas,
Os exemplos recentes evidenciam que as práticas adotadas nessas alianças estão imbuídas com os piores propósitos da satisfação de conveniência inescrupulosa entre governo, que não funciona sem elas, e os partidos da coalizão, que somente o apoiam se forem contemplados com cargos públicos, justamente para o aproveitamento vergonhoso do poder e da sua influência, ficando mais do que cristalina a indecência na maneira de administrar o patrimônio dos brasileiros, em evidente demonstração de completa e patente promiscuidade.
Longe de defender quem diga de que forma vai governar, se eleito, com essa ou aquela composição de pessoas, mas isso demonstra, desde logo, um norte bastante diferenciado daquela maneira visivelmente de composição de governo completamente abominável, justamente por já ter demonstrado os estragos às causas da nação e dos brasileiros, na forma da incompetência, precariedade e ineficiência administrativas, absolutamente de maneira indiscutível e integrada, conforme evidenciam os indicadores das políticas absurdamente adotadas pelos últimos governos.
Os últimos presidentes caíram em desgraça justamente pela falta de políticas públicas sérias, decentes e responsáveis, destinadas exclusivamente à satisfação do interesse público, diferentemente de quem pretende se afastar dessa classe política declaradamente decadente, interesseira e com instinto agressivo ínsito dos piores aproveitadores dos cofres públicos, em beneficio de seus interesses pessoais e políticos.
Repita-se, são lamentáveis as práticas invariavelmente adotadas pelos últimos governos, em vergonhosa submissão ao capacho da incompetência, ineficiência e irresponsabilidade quanto aos zelos e cuidados que precisam ser devotados ao patrimônio dos brasileiros.
Impende ser ressaltado que não é de bom tom alguém tentar mostrar capacidade político-administrativa por meio de expediente de destruição dos concorrentes, porque isso só demonstra falta de competência para apresentar programas de governo autossustentáveis e capazes de convencimento dos eleitores quanto aos seus reais propósitos políticos, com vinculação exclusivamente à satisfação do interesse público, que é a finalidade intrínseca das atividades político-administrativas.
Ademais, é muito precipitado que determinada composição de governo possa, desde logo, ser considerada desastrosa para país, com a participação de determinadas pessoas, quando não há experiência recente sobre essa forma de prática administrativa, que se trata de antítese das terríveis e desastrosas alianças de governabilidade de coalizão, que contribuíram para conduzir os destinos do Brasil para o nefasto abismo da corrupção e da incompetência governamental, fato que se recomenda a tentativa da implantação de nova experiência que possa contribuir para a consecução de mudança da mentalidade política que somente resultou na alimentação da incontrolável ganância em busca da absoluta dominação das classes política e social e da conquista e da permanência do poder.
Diante do exposto, convém que os brasileiros honrados e dignos se conscientizem sobre a necessidade da experiência política completamente diferente das que foram adotadas nos últimos governos, que possa oferecer práticas de vanguarda de eficiente e efetiva governabilidade, cuja modernidade possa marcar o definitivo sepultamento das alianças focadas em fins espúrias, maquiavélicos e prejudiciais aos interesses nacionais, pelo claro viço de interesses e oportunismos, sempre com viés amoldado às conveniências pessoais, políticas ou partidárias, que não se ajustam à essencialidade das causas públicas, de modo que aludidas práticas possam contribuir para a abertura de novos, arejados e construtivos horizontes, por meio de mentalidades político-administrativas capazes de oferecer programas de governo com finalidade voltada para o exclusivo atendimento dos anseios do país e da sociedade, com embargo de tudo de monstruoso que somente satisfez a sanha insana de aproveitadores do poder. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 5 de junho de 2018

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