Um
pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, que já foi governador do
Ceará, qualificou o seu adversário, o deputado federal carioca, ultradireitista,
de “uma ameaça ao País e chamou de ‘boçal’
a promessa do parlamentar de fazer uma equipe ministerial composta, em sua metade,
por generais”.
O
pedetista criticou seu opositor nestes termos: “Tem um concorrente meu aí prometendo que vai botar metade de seu
governo de generais, na suposição imbecil – boçal que é – de que general é
capaz de entender de tudo melhor que a gente”.
O
presidenciável cearense, que participou de encontro com a Associação Brasileira
de Biogás e de Biometano (ABiogás), respondia a pergunta sobre como pretende
montar sua equipe ministerial, caso seja eleito, tendo dito que precisará ser “contemporizador das contradições brasileiras”
e que essa modulação depende do patamar de votos com que chegaria à Presidência,
ou seja, na “improbabilíssima”
possibilidade de vencer no primeiro turno, sua equipe ministerial teria “excelência técnica muito maior que política”.
Ele
entende que “Já uma vitória no segundo
turno significaria uma composição maior, notou, salientando que negociação ‘não
é loteamento de cargos’”.
O
pedetista ainda disse aos jornalistas que o presidenciável carioca “Ameaça ao País, por representar uma chance aprofundamento
terminal da crise brasileira. Para dar um exemplo: nos últimos dias, Bolsonaro
– que já apresentou projeto para punir obstrução de vias -, apoiou a
manifestação dos caminhoneiros. Três dias depois, quando o governo anunciou
punições aos grevistas, disse que revogaria elas caso eleito, e três dias
depois está retirando o apoio aos caminhoneiros. É esse o tipo de presidente
que queremos?”.
Na
realidade, o que representa ameaça ao país mesmo é a absoluta falta de
renovação dessa classe política, que se mostra desgastada, ultrapassada,
obsoleta, retrógrada e absolutamente desconectada com a real necessidade de
mudanças dessa mentalidade de cunho estritamente interesseiro e oportunista.
Percebe-se
que as lideranças não conseguem demonstrar equilíbrio pessoal desvinculado do
momento político, ou seja, no caso do político cearense, pode-se se inferir de
suas colocações que, a depender do que acontecer no primeiro turno da eleição,
poderá, conforme o caso, ter negociação ou não, nas palavras do pedetista,
dando a entender claramente que, conforme a posição das nuvens, à vista da
conveniência do momento, poderá haver negociatas ou não entre os políticos ou
partidos.
O
político de personalidade, caráter ou dignidade somente tem único propósito, ou
seja, pouco importa o resultado das urnas, porque a sua mentalidade permanece a
mesma: antes, durante e depois das eleições.
É
preciso que ele diga agora como será a composição do seu governo, se com as
negociatas próprias dos governos recentes, que envolvem, necessariamente, o
loteamento de ministérios e empresas estatais, em que as políticas públicas
ficam sob o comando de partidos integrantes das alianças notoriamente espúrias,
em que a prestação dos serviços públicos da alçada deles é de péssima
qualidade, por haver a priorização das ações incumbidas às pastas voltadas para
as paróquias e os currais eleitorais de seus titulares ou dos partidos “donos”
daqueles órgãos e entidades, em completa demonstração de continuidade da
desorganização e da desmoralização da competência e eficiência administrativas,
Os
exemplos recentes evidenciam que as práticas adotadas nessas alianças estão imbuídas
com os piores propósitos da satisfação de conveniência inescrupulosa entre
governo, que não funciona sem elas, e os partidos da coalizão, que somente o
apoiam se forem contemplados com cargos públicos, justamente para o
aproveitamento vergonhoso do poder e da sua influência, ficando mais do que
cristalina a indecência na maneira de administrar o patrimônio dos brasileiros,
em evidente demonstração de completa e patente promiscuidade.
Longe
de defender quem diga de que forma vai governar, se eleito, com essa ou aquela
composição de pessoas, mas isso demonstra, desde logo, um norte bastante
diferenciado daquela maneira visivelmente de composição de governo
completamente abominável, justamente por já ter demonstrado os estragos às
causas da nação e dos brasileiros, na forma da incompetência, precariedade e
ineficiência administrativas, absolutamente de maneira indiscutível e
integrada, conforme evidenciam os indicadores das políticas absurdamente
adotadas pelos últimos governos.
Os
últimos presidentes caíram em desgraça justamente pela falta de políticas
públicas sérias, decentes e responsáveis, destinadas exclusivamente à
satisfação do interesse público, diferentemente de quem pretende se afastar
dessa classe política declaradamente decadente, interesseira e com instinto
agressivo ínsito dos piores aproveitadores dos cofres públicos, em beneficio de
seus interesses pessoais e políticos.
Repita-se,
são lamentáveis as práticas invariavelmente adotadas pelos últimos governos, em
vergonhosa submissão ao capacho da incompetência, ineficiência e
irresponsabilidade quanto aos zelos e cuidados que precisam ser devotados ao
patrimônio dos brasileiros.
Impende
ser ressaltado que não é de bom tom alguém tentar mostrar capacidade
político-administrativa por meio de expediente de destruição dos concorrentes,
porque isso só demonstra falta de competência para apresentar programas de
governo autossustentáveis e capazes de convencimento dos eleitores quanto aos
seus reais propósitos políticos, com vinculação exclusivamente à satisfação do
interesse público, que é a finalidade intrínseca das atividades político-administrativas.
Ademais,
é muito precipitado que determinada composição de governo possa, desde logo, ser
considerada desastrosa para país, com a participação de determinadas pessoas,
quando não há experiência recente sobre essa forma de prática administrativa,
que se trata de antítese das terríveis e desastrosas alianças de
governabilidade de coalizão, que contribuíram para conduzir os destinos do
Brasil para o nefasto abismo da corrupção e da incompetência governamental,
fato que se recomenda a tentativa da implantação de nova experiência que possa
contribuir para a consecução de mudança da mentalidade política que somente
resultou na alimentação da incontrolável ganância em busca da absoluta
dominação das classes política e social e da conquista e da permanência do
poder.
Diante
do exposto, convém que os brasileiros honrados e dignos se conscientizem sobre
a necessidade da experiência política completamente diferente das que foram
adotadas nos últimos governos, que possa oferecer práticas de vanguarda de eficiente
e efetiva governabilidade, cuja modernidade possa marcar o definitivo sepultamento
das alianças focadas em fins espúrias, maquiavélicos e prejudiciais aos
interesses nacionais, pelo claro viço de interesses e oportunismos, sempre com
viés amoldado às conveniências pessoais, políticas ou partidárias, que não se
ajustam à essencialidade das causas públicas, de modo que aludidas práticas possam
contribuir para a abertura de novos, arejados e construtivos horizontes, por
meio de mentalidades político-administrativas capazes de oferecer programas de
governo com finalidade voltada para o exclusivo atendimento dos anseios do país
e da sociedade, com embargo de tudo de monstruoso que somente satisfez a sanha
insana de aproveitadores do poder. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 5 de junho de 2018
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