Conforme
reportagem especial publicada na revista ISTOÉ, o ex-ministro da Fazenda e da
Casa Civil de governos e ex-todo-poderoso do PT, já condenado pela Operação
Lava-Jato a 12 anos de prisão, denunciado mais três vezes pelo Ministério
Público Federal, com sucessivos pedidos de habeas corpus negados pela Justiça,
além de se encontrar preso sem a menor perspectiva de saída da cadeia, entrou
em desespero, emagreceu dez quilos e mergulhou em depressão profunda.
Diante
desse quadro desolador e um tanto devastador, para quem já foi considerado o principal
artífice do partido que revolucionou a história político-brasileira, ele
decidiu dizer à Polícia Federal, em forma de delação premiada, a verdade sobre
fatos escabrosos e criminosos relacionados com o desvio de dinheiro da
Petrobras.
Aquela
revista disse que apurou que “a delação
contém elementos suficientes para dinamitar o PT, partido que ele ajudou a
fundar. Suas revelações, feitas em longos depoimentos à PF em abril, envolvem
principalmente os ex-presidentes Lula e Dilma, a quem acusa de práticas de
corrupção estratosféricas.”.
Consta
da reportagem que um delegado da Polícia Federal, que participou das oitivas do
ex-ministro, afirmou que “A delação de
Palocci destrói o PT”, cujo roteiro foi concluído e servirá de fundamento para
novas investigações e condenações dos protagonistas do esquema criminoso.
A
reportagem ressalta que, como coordenador das campanhas presidenciais dos
petistas, o ex-ministro detalhou, na delação, como eles se beneficiaram dos
recursos repassados pelas empreiteiras, ilegalmente desviados da Petrobras,
para o financiamento das milionárias campanhas eleitorais e a utilização do “dinheiro sujo para o enriquecimento pessoal.
E tudo armado dentro do gabinete presidencial no Palácio do Planalto.”.
O
texto esclarece que “o ex-ministro
apresentou datas, horários e locais onde o dinheiro era entregue. Um pacote
chegou a ser deixado na sede do Instituto Lula em São Paulo por “Brani” ou
Branislav Kontic, assessor direto do ex-ministro, num final de semana, fora do
horário do expediente. No total, o ex-presidente, segundo Palocci, recebeu mais
de R$ 10 milhões em dinheiro vivo das mãos de Brani. No apagar das luzes de
2010, quando Lula estava na iminência de deixar o Palácio do Planalto, o
assessor transportou várias remessas de dinheiro vivo ao petista, em quantias
que somavam R$ 50 mil cada pacote. Lula demonstrava discrição. Às vezes,
mandava deixar o malote num local previamente combinado.”.
Segundo
a reportagem, o ex-ministro disse que “o dinheiro
servia para o ex-presidente custear suas próprias despesas. Todos os valores
milionários estavam ‘depositados’ na conta ‘Amigo’, mantida no departamento de
propinas da Odebrecht. A conta chegou a ter R$ 40 milhões para atender às
necessidades do ex-presidente. Os valores só podiam ser movimentados com
autorização de Palocci, o ‘italiano’. O dinheiro era uma contrapartida à facilitação
das operações da Odebrecht no governo Dilma, com quem Marcelo não tinha boa
relação.”.
Na
delação, o ex-ministro conta que, “entre
o final de 2013 e início de 2014, sacou da conta “Amigo” R$ 4 milhões para
cobrir um rombo nas contas do Instituto Lula. Dessa vez, o ex-presidente
designou Okamotto para cumprir a tarefa. Não teria sido a primeira nem a
última. As expressões ‘resolve com o Okamotto’ ou ‘o Okamotto vai lhe procurar’
eram a senha para o recebimento da propina. ‘O Paulo Okamotto (presidente do
instituto) me disse que tinha um buraco nas contas e me pediu ajuda para
resolver’, explicou Palocci. Okamotto falava em nome de Lula. Autorizado por
ele. Sempre”.
Além
desses valores, o ex-ministro revelou que “Lula
fechou com o patriarca da empreiteira, Emílio Odebrecht, um “pacote de
propinas” no valor de R$ 300 milhões para que o ex-presidente e Dilma
utilizassem sempre que fosse preciso. O dinheiro foi usado nas campanhas
petistas, sobretudo na de 2014. Os recursos eram usados ainda para pagar
palestras fictícias de Lula. Sua empresa de palestras, a LILS, recebeu pelo
menos R$ 30 milhões de empreiteiras a título de conferências não realizadas. Somente
durante a criação da Sete Brasil, em 2010, foram desviados R$ 153 milhões, dos
quais 50% foram para atender Lula.”.
Consta
da revista que o ex-ministro teria dito que “o esquema foi discutido dentro do Palácio do Planalto, no gabinete
presidencial.” e que a “A Sete Brasil
foi constituída para produzir sondas de exploração de petróleo para a Petrobras,
com a participação da Odebrecht, OAS e UTC. Somente seis sondas da Sete Brasil
custariam US$ 4,8 bilhões, com o pagamento de 1% dos contratos em propinas,
inclusive para o bolso de Lula, identificado nessa operação como ‘sapo barbudo’
por Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras e dirigente da Sete Brasil. Já
tornada pública, a chamada operação Kadafi foi confirmada por Palocci, segundo
apurou ISTOÉ. O ex-ministro ratificou que o líder líbio Muamar Kadafi, morto em
2011, enviou ilegalmente R$ 1 milhão para a campanha de Lula em 2002.”.
A
revista disse que “O ex-ministro
confessou ter participado de um esquema que escoou R$ 50 milhões da Braskem
(empresa do grupo Odebrecht), no processo de renegociação de dívidas com a
União. A propina foi acertada em 2009, num negócio envolvendo o então
presidente Lula e o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, nos gabinetes
palacianos. O dinheiro foi usado na campanha que elegeu Dilma em 2010. Palocci
disse que o acerto foi detalhado num encontro, com a presença de Dilma, no qual
Lula teria falado abertamente sobre a arrecadação de valores ilícitos para a
campanha da sua sucessora. Dilma não impunha resistência. Agia naturalmente.
Dava aval aos ilícitos. Lula também pediu propinas do pré-sal para campanha de
Dilma, segundo Palocci ‘Ele (Lula) disse: ‘o Palocci está aqui, Gabrielli,
porque ele vai lhe acompanhar nesse projeto, porque ele vai ter total sucesso e
para que garanta que uma parcela desses projetos financie a campanha da Dilma’.”.
A
reportagem ressaltou que, de acordo com o ex-ministro, “o PT havia recebido R$ 50 milhões para ajudar na anulação das provas da
Operação Castelo de Areia no Superior Tribunal de Justiça. O dinheiro foi
repassado ao partido pela empreiteira Camargo Corrêa, a principal encrencada na
operação. Parte da propina foi destinada à campanha da senadora Gleisi.”.
Junto
com a delação, obviamente para a obtenção da redução de pena e se livrar da
cadeia, o ex-ministro se compromete a devolver aos cofres da Petrobras o valor
de R$ 50 milhões dos R$ 81 milhões que sua empresa Projeto teria recebido
irregularmente, embora ela tenha faturado mais de R$ 200 milhões, de 47
clientes.
A
delação em causa foi acertada com delegados da Polícia Federal, sem a
participação do Ministério Público Federal, que considerou insuficientes as
confissões do ex-ministro, mas a PF entendeu que os fatos são consistentes e as
provas substanciais, que mostram, com elementos valiosos, os caminhos por onde teriam
percorrido os dinheiros irregulares desviados da Petrobras.
A
situação do ex-ministro pende da homologação da sua delação por desembargador
do Tribunal Regional de Justiça da 4ª Região, ficando a perspectiva de que a liberdade
dele vai depender, em muito, da avaliação sobre os elementos por ele
fornecidos, em termos de consistência de seus relatos, que podem azedar a já
complicada situação de muitos petistas, principalmente aqueles que se
beneficiaram do dinheiro sujo com a lama podre da corrupção instituída e
mantida nos palácios comandados por eles, que precisam pagar por seus pecados,
a depender da confirmação dos fatos objeto da delação em apreço.
Se
realmente o que o ex-companheiro e o ex-escudeiro fiel dos dois ex-presidentes
da República petistas disse à Polícia Federal, na forma da sua delação
premiada, conforme relatado por ele com minuciosos detalhes sobre o gigantesco
esquema criminoso comandado pelo Palácio do Planalto, for verdadeiro e se ele
também tiver como provar todos os fatos bombásticos vindos à tona, essas
revelações têm a força explosiva de uma bomba nuclear em quantidade imensurável
de megatons, com capacidade destrutiva tal para implodir não somente as
estruturas da agremiação política, mas todos os sentimentos de defesa da alma
mais pura do planeta, que ainda tenta se sustentar em uma inocência nunca
comprovada, que poderá se ruir, em definitivo, com a transparência das
revelações em referência.
É
inacreditável que, se verdadeiros os fatos denunciados pelo ex-ministro,
conforme reportagem especial, densa e contundente da revista ISTOÉ, também publicada
no seu site, o Brasil tenha sido comandado por quadrilha poderosíssima,
estrategicamente organizada e gerenciada no núcleo central do governo, no seio
de palácio presidencial, em clara demonstração de que o país fora transformado
numa gigantesca máquina de delinquência suprema, destinada a desviar recursos
públicos com a finalidade de saciar interesses pessoais, partidários e
políticos, tendo como principal objetivo a permanência no poder e a absoluta
dominação das classes política e social, por meio de incrível e imaginável
esquema criminoso que foi capaz de enganar até mesmo a ingenuidade de milhões
de idólatras, completamente cegos e iludidos pela veneração, que certamente não
se afastarão do sentimento nutrido na forte crença na inocência do
todo-poderoso, mesmo que as provas e a materialidade sobre a autoria dos crimes
atribuídos a ele foram escancaradas, porque é preciso que prevaleça intocável o
seu inquestionável endeusamento.
O
poder de persuasão da organização criminosa é tão forte que mesmo sendo
verdadeiros os fatos, os fãs daquele que é considerado o seu comandante, segundo
o Ministério Público Federal, vão continuar intocavelmente acreditando que
pessoas tão “boazinhas” e “honestas” são absolutamente incapazes de
protagonizar "deslizes tão insignificantes", de desviar recursos
públicos para si ou partidos, como no caso desses fatos objeto da delação do
ex-ministro, que, para eles, não deveria ter perdido seu tempo denunciando
justamente pessoas imaculadas, insuspeitas e imunes a acusações de
irregularidades.
Os
seguidores dos políticos, por certo, vão apenas lamentar mais denúncias contra
seus veneráveis e inatingíveis ídolos, justamente por acreditarem na inocência
deles, à vista do tanto que eles se sacrificaram pela pobreza e se esforçaram ao
máximo na vida pública em benefício de causas justas, em defesa dos desvalidos,
com o assistencialismo transvestido de fins eleitoreiros, conforme mostram os
fatos noticiados na mídia.
Convém
salientar, por último, que ninguém é maluco ou totalmente insano em expor fatos
tão marcantes e expressivos sobre gigantesco mar de irregularidades, cuja
transparência pode ter o condão de destruir, em definitivo, carreiras políticas
de extrema relevância nos cenários nacional e internacional, se eles não
tivessem a devida consistência probante, tendo em vista que a sua primordial
finalidade é tão somente a liberdade do delator, que somente será possível
diante da confirmação de que são realmente valiosas as informações constantes
da colaboração, considerada premiada justamente porque elas fornecem os
fundamentos para o aprofundamento das investigações e diligências
indispensáveis ao seguro julgamento das pessoas envolvidas.
É
decepcionante se perceber que, diante dos gigantescos e extraordinários avanços
científicos e tecnológicos, em que a humanidade conseguiu alcançar excelentes
níveis de modernidade, propiciando a maior amplidão possível para o homem poder
facilmente descortinar o que seja realmente razoável e racional, ainda existem
homens que preferem permanecer na escuridão, deixando de acreditar nos fatos
verdadeiros, além de preferir se apegarem à versão de algo absolutamente
destituído de plausibilidade e de consistência, a exemplo do que possa se
transformar materializada a maior farsa da história republicana, em que
ex-presidentes da República possam estar implicados com sujeira mais pútrida da
face da terra, caso venham a ser comprovados os fatos denunciados pelo ex-ministro
e ex-homem forte da íntima confiança de seus denunciados, o que robustece a
credibilidade sobre a possível veracidade dos acontecimentos apontados na
reportagem em comento. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 7 de junho de 2018
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