Um ministro do Supremo Tribunal Federal, conhecido
como patrono dos presos de colarinho branco, naquela corte, declarou que a
Operação Lava-Jato, por meio da sua força-tarefa, levou ao "desaparecimento da classe política",
dando a entender que ela prejudicou os políticos.
O
magistrado afirmou, em tom de ironia, que "Toda essa bem-sucedida Operação Lava Jato, que é digna de elogios,
levou também ao desaparecimento da classe política, dos partidos políticos. Por
isso, ela passou a ter uma lógica própria. Veja que a Lava Jato passou a propor
medidas legais, questionar medidas judiciais, a discutir aspectos que
transcendem de muito a sua própria competência, a sua própria atribuição, a
atribuição dessa chamada força-tarefa".
O
ministro disse ainda que a aludida operação ganhou "uma projeção talvez exagerada e claramente indevida. Parece que o
desaparecimento do Congresso com seu papel de contemporização, de moderação e
de enfrentamento muitas vezes levou que essa organização, a Operação Lava Jato,
ganhasse uma projeção talvez exagerada e claramente indevida. Mas ela ganhou
também popularidade".
O
ministro tentou justificar a estranha, absurda e exagerada quantidade de habeas
corpus concedidos a investigados na força-tarefa (diga-se criminosos que
dilapidaram cofres públicos) - de maio até agora, no tal de 21 bandidos graúdos
foram soltos por decisão do ministro -, tendo afirmado que, para solicitar a
prisão preventiva, "é necessário que
se tragam razões concretas".
O
magistrado afirmou que "As
exigências que nós fazemos para os decretos de prisão preventiva são exigências
talvez muito estritas. Não basta dizer genericamente que há interesse para a
instrução processual penal. É necessário que se tragam razões concretas. A
prisão preventiva se justifica para aquele que destrói provas, ameaça
testemunha, ameaça evadir-se. Fora daí, é preciso ter de cautela".
O
ministro também procurou justificar a relação que mantém com algumas das
pessoas beneficiadas por ele, tendo alegado a convivência com "boa parte das lideranças políticas que aí
está", durante seus anos de carreira.
Ele
acrescentou dizendo que "Não somos
amigos íntimos. Somos amigos naquela forma brasileira de ser. Eu fui subchefe
da Casa Civil desde 1996. Convivi com uma boa parte das lideranças políticas
que aí está. De vez em quando, os julgo. São pessoas que, às vezes, vêm pedir
audiência. Isso acontece. Não obstante, não estou impedido e nem suspeito".
Por
derradeiro, o ministro ainda se descreveu como "um aplicador fiel da constituição. Não estamos falando de crimes
bárbaros. Às vezes, estamos falando de furto de fita de vídeo, de bambolê. Não
é que a turma seja muito concessiva, é que há uma dureza da lei penal por aí,
por razões que às vezes se explicam: o furto do bambolê estimula essa prática.
Sabe-se lá como se avaliam esses fatos no interior".
O ministro precisa ter sensibilidade para compreender, de
forma sincera e honesta, que, se a classe política se sente arrasada e deixa
isso muito claro, como que reclamando da atuação implacável de quem tem
responsabilidade cívica, certamente que jamais tenha sido por ação ou culpa da
Operação Lava-Jato, que tem procurado desempenhar formidável trabalho de combate
à corrupção e à impunidade, que tem seu trabalho criticado por péssimos
magistrados, que têm outra mentalidade quanto ao sentimento de assepsia dos
ladrões do dinheiro público.
É
preciso que alguns magistrados se conscientizem de que a prisão preventiva se
justifica para, além dos casos mencionados pelo ministro, impedir que
criminosos de colarinho branco fiquem livres a usufruir a dinheirama roubada
dos cobres públicos.
Na verdade, a culpa por possível desmoralização da classe
política precisa ser imputada exclusivamente aos próprios políticos, que se desviaram
do rumo obrigatório do seu dever funcional e constitucional de seguir as regras
e os princípios da ética, do decoro, da moralidade, da dignidade e de outros
que são inafastáveis do exercício de cargos públicos eletivos, próprios da
representação popular, que precisa seguir os conceitos da decência e da
honorabilidade, conquanto muitos atos protagonizados pela classe política,
conforme mostram fatos investigados, confirmam a índole inescrupulosa e indecorosa
de homens públicos, que se profissionalizam
na política para defenderem interesses pessoais e partidários, em
detrimento das causas nacionais e da população.
Ou seja, se a classe política tivesse tido qualquer abalo
ou desgaste, diante das investigações levadas a efeito pela Operação Lava-Jato,
a culpa teria sido da exclusiva responsabilidade dela, que teria agido na
contramão dos princípios republicano e democrático, considerando que muitos políticos
não tiveram o menor escrúpulo de se organizarem mediante a formação de esquemas
para desviarem recursos públicos, de forma sistêmica e endêmica, conforme muito
bem retrata o famigerado petrolão, com a dilapidação do patrimônio da
Petrobras, totalmente aparelhada para a formulação de agressivas atividades criminosas.
Enquanto isso, a Operação Lava-Jato, na verdade, tem sido
instrumento de salvaguarda do patrimônio dos brasileiros, com suas
investigações competentes e eficientes, que tem sido capazes de revelar o
descaminho da conduta criminosa da classe política e de outros segmentos
degenerativo de empresários, executivos e outros abutres assemelhados, de modo
que o resultado do seu trabalho tem servido de norte capaz de contribuir senão
para a definitiva limpeza do sistema criminoso existente no seio da classe
política tupiniquim, mas para a minimização dos esquemas criminosos infestados no
âmbito da administração do país, com vistas a possibilitar que o Brasil possa retomar
o caminho do desenvolvimento socioeconômico.
O ministro e outros antipatriotas precisam se conscientizar
de que a classe política degenerativa precisa pagar por seus graves crimes cometidos
contra os brasileiros e a revelação da criminalidade política não poderia ser
possível se não fosse a magnífica atuação da Operação Lava-Jato, que, por meio
de seu árduo desempenho institucional, conseguiu levantar o grosso da sujeira
impregnada no âmago da República, protagonizada justamente por quem tem o dever
constitucional de zelar pela integridade do patrimônio dos brasileiros, ou
seja, a classe política.
A verdade é que a Lava-Jato conseguiu mostrar a degeneração
da classe política, completamente envolvida com a destruição dos princípios
republicanos, ao mostrar o altíssimo grau de podridão reinante no seio dessa
classe podre e perversa.
A
cautela que precisa ter, sob a incumbência do Poder Judiciário, é com a defesa
do interesse público e isso somente será possível se o criminoso estiver preso
e impedido de continuar tramando para se livrar das garras da Justiça e se beneficiando
da impunidade, com o beneplácito de magistrados que demonstram sentimento
incompatível com o dever de moralização do país.
É
preciso que as pessoas, inclusive os magistrados, tenham caráter, quando questionadas,
não confundindo, em oferecimento de justificativa esfarrapada, furto de bambolê
com desvios bilionários de reais dos cofres públicos, nos casos dos criminosos
liberados das prisões, todos envolvidos com desfalques astronômicos de cofres
públicos, a exemplo da máfia dos transportes do Rio de Janeiro e de outros casos
semelhantes.
O
ministro, diante do seu histórico funcional, principalmente por ter se tornado
garantista da liberdade de famosos e poderosos criminosos de colarinho branco, se apresenta com muito poucas qualidades
morais para criticar a postura de competência e eficiência imprimida pela força-tarefa
da Operação Lava-Jato, diante do disparate do posicionamento demonstrado nos
trabalhos dele e da instituição moralizadora, esta notoriamente em estrita
defesa dos interesses nacionais.
Com
a autoridade que o ministro vem demonstrando em favor dos criminosos de colarinho
branco, à vista da enormidade de habeas corpus concedidos a presos que
desviaram fortuna de contratos públicos, em verdadeiro propinoduto com recursos
públicos, as críticas dele à Operação Lava-Jato têm o sentido de elogio,
justamente porque a sua índole tem sido em contemporização com os atos
irregulares investigados e julgados no âmbito dela, o que demonstra que a sua
opinião funciona muito mais como confirmação do acerto das atividades
desempenhadas pela Lava-Jato, que têm merecido a aprovação dos brasileiros
honrados e desejosos da moralização do país, enquanto a atuação dele no Supremo
tem sido bastante criticada, por ser dissonante com os anseios da sociedade. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 17 de junho de 2018
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