sábado, 16 de junho de 2018

A definição de herói



Tem sido motivo de muita satisfação para mim as manifestações de carinho externadas por pessoas bondosas, por ocasião do anúncio da publicação de mais um livro da minha lavra, todas em apoio ao meu trabalho literário.
Fiquei muito feliz com a manifestação longa, minuciosa e precisa de meu amado irmão Francisco Cláudio Fernandes, que assim se expressou, verbis: “Querido e estimado irmão, parabéns por mais este livro. Mas eu quero felicitar por mais esta homenagem em que você está fazendo nesta edição. Antônio Olinto, ser humano de um grande coração, simples, fala mansa, tranquilo e especialmente amigo. Falar de pessoas tão queridas e que fizeram e fazem parte de nossa história, quanta alegria ter vivido e conhecido pessoas como Antônio Olinto, Bonifácio Fernandes, maestro Ariosvaldo e outros mais que deixaram um grande legado para todos nós. Você trouxe para o presente uma parte de nosso passado. Espero de coração, que com este ato sirva de alerta para que todos não esqueçam que a nossa história foi e será feita por pessoas como estas. Como podemos esquecer de Candinha, Enfermeira Rosinha, Fernandinho, cabocla, Chico Branco, Zé Campina, Zé e Raimundo Daniel, Joaquim Costa, Ananias Figueiredo, Chico Euclides, Nozinho Barbosa, Cirilo Félix, Antônio Aquino, Odeo Fernandes, Joel Vieira, Primo Fernandes e outros tantos que deixaram os seus legados. Por favor, me perdoem em deixar de citar outros nomes. Não vamos esquecer a nossa história. Infelizmente quando vou à nossa Uiraúna, tenho que ir ao cemitério para lembrar de nosso passado e ver em fotos a nossa história.”.
Em resposta ao querido irmão Cláudio, me manifestei agradecido e dizendo que suas palavras tocantes me deixaram muito sensibilizado, por elas exprimem por si sós e mostrarem o real sentimento que precisamos ter no coração, em relação às pessoas que merecem a nossa gratidão, porque elas se tornaram símbolo de amor ao povo de Uiraúna, por tudo que fizeram em seu benefício, razão pela qual o maior esforço que se faça na busca do reconhecimento de nossos heróis e heroínas é simplesmente o mínimo de demonstração de nosso eterno amor por eles.
Na ocasião, disse a ele que se eu não estivesse distante da terrinha há mais de 52 anos, quando de lá saí no limiar do ano de 1966, certamente estaria lá agora enlouquecido brigando ferozmente para que as autoridades públicas tivessem o mínimo de sensibilidade para causa da maior importância cívica para a cidade.
Também manifestei minha tristeza de perceber o pouco ou nenhum interesse dessas autoridades que, no futuro, puderam ser igualmente relegadas ao esquecimento e ao desprezo dessas gerações, na mesma proporção como acontece na atualidade, ou seja, com o total desprezo, dando a entender que elas se esquecem que seus familiares, como netos, bisnetos etc. e amigos não vão continuar e podem achar que seu legado tenha sido de somenos importância, em termos de contribuição para o bem comum da cidade, e, por isso, elas não serão merecedoras do reconhecimento.
De igual modo, afirmei que estava muito triste com a demonstração de insensibilidades para com os valores culturais da cidade, que mesmo sendo objeto de veementes alertas, na forma reiterada como tenho feito, isso não merecem sequer uma nota de esclarecimento, em se tratando que a administração pública tem o dever legal da transparência e da informação à sociedade, como forma de responder ao seu anseio quanto aos fatos de interesse público, como nesse caso do reconhecimento oficial sobre o legado de nossos construtores da cidade, que merecem o destaque nos anais da história de Uiraúna.
Ultimamente, tenho falado e enaltecido sobre a necessidade do reconhecimento do trabalho de grandes construtores do bem de Uiraúna, na forma da concessão do título de herói ou heroína, tendo citado como exemplo a extraordinária e notável obra de Bonifácio Fernandes como merecedora de honraria dessa magnitude.
          Diante disso, penso que é importante que fique acentuado que o meu propósito da criação do título de herói tem a ver exclusivamente com o reconhecimento de ser humano possuidor dos atributos excepcionais e incomparáveis, em superação sobre-humana por meio da execução de atividades indispensáveis ao bem comum, sem que precise a caracterização de coragem e bravura, mas tão somente de extremada disposição para marcar a sua presença na comunidade com seu trabalho voluntarioso e capaz de solucionar situações críticas da sociedade.
O trabalho que me refiro de puro heroísmo tem que atender ao requisito primordial do reconhecimento como genuinamente útil, generoso e singular no seu oficio, de modo que o seu desempenho possa ser caracterizado como atitude altruísta, pelo simples prazer de agir com o espírito estritamente humanista e a devoção voltada para o bem-estar de seu próximo, sem qualquer motivação egoísta de autopromoção.
Na concepção moderna, a figura do herói e da heroína se confunde com o protótipo do ser humano que se presta como referência benfazeja a sociedade e a sua obra precisa ser apontada para as gerações seguintes como padrão e modelo de atitudes que revolucionaram, no bom sentido do comportamento humano, naquilo que fizeram, tanto é verdade que o seu legado apenas precisa se consolidar no tempo.
Convém que seja reconhecido que herói da contemporaneidade pode ser caracterizadas tão somente pelo resultado de trabalhos excepcionais e extraordinários, por pessoas comuns, que apenas conseguiram ser diferentes e imprimiram, na história de uma comunidade, a sua marca de singularidade e de altruísmo, servindo de poderoso exemplo para gerações.
Fora de dúvida, o herói se eterniza no tempo, por se tornar sujeito especial, que teve oportunidade de se destacar por mera razão de seu trabalho voluntarioso, diante da sua importância e do seu valor em determinados contextos da vida da comunidade, conseguindo o reconhecimento de ser merecedor desse título exclusivamente por força da sua vocação de servir o seu semelhante, de forma voluntária, incondicional e altruísta, com a superação de dificuldades, sacrifícios e escassez de recursos materiais, pessoais e financeiros.
Na minha modéstia concepção de avaliação dos conceitos humanos, as características apontadas acima são absolutamente atendidas pelo meu indicado, em primeiro plano, que é Bonifácio Fernandes, que tem a minha preferência, como modelo exemplar a ser seguido como notável ídolo e herói, que soube como poucos honrar a sua situação de ser humano, no sentido próprio do vocábulo, e ainda mostrou aos seus pares a maneira mais elementar de como o amor cristão pode ser disseminado no dia a dia, com a multiplicação de magnânimas ações de benemerência ao seu semelhante.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de junho de 2018

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