segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

O sentido de patriotismo

Circula, na mídia, estranha mensagem na tentativa de apelo ao patriotismo diferenciado do professor, mais ou menos com o sentimento de que o militar não é patriota tanto quanto o pessoal docente, que mesmo sem receber salário, por mais de mês, continua ali no batente, fato que põe em questionamento o patriotismo do militar.  
Diante desse fato, entendi de elaborar o texto a seguir, para enaltecer a necessidade de melhor compreensão sobre o exercício profissional do servidor público, dando destaque para texto específico sobre a importância do militar, não que ele seja melhor do que nenhum outro servidor público, mas para lembrar que tanto o militar quanto os demais servidores são extremamente importantes para o país.
Por considerar oportuno e bastante esclarecedor, transcrevo aqui sábia citação que fez parte, certa feita, de discurso de Barack Obama, ex-presidente norte-americano, de poema escrito por Charles M. Province, em 1970, que diz o seguinte: “Para que servem os militares?” “É graças aos soldados, e não aos sacerdotes, que podemos ter a religião que desejamos. É graças aos soldados, e não aos jornalistas, que temos liberdade de imprensa. É graças aos soldados, e não aos poetas, que podemos falar em público. É graças aos soldados, e não aos professores, que existe liberdade de ensino. É graças aos soldados, e não aos advogados, que existe o direito a um julgamento justo. “É graças aos soldados, e não aos políticos que podemos votar”.
É lamentável que o militar ainda possa servir de parâmetro para avaliação sobre as dificuldades por que passam as demais classes profissionais.
Não há a menor dúvida de que nenhuma classe profissional é mais importante do que a outra, porque o trabalho do conjunto delas é que somente se torna possível a prestação dos serviços de incumbência constitucional do Estado, que precisa valorizar a todas por igual, obviamente sem distinção de quem é pior ou melhor.
É preferível se afirmar que não existe essa de dizer quem é mais ou menos patriótico, porque o brasileiro, qualquer profissão que exerça na esfera pública, precisa ter forte sentimento de patriotismo, em quaisquer circunstâncias.
Nunca vou me esquecer de frase lapidar dita por um dos mais importantes militares do Brasil, o Tenente Brigadeiro do Ar Délio Jardim de Mattos (in memoriam), que justificou, muito bem fundamentado, o seu ato que me autorizou a ser licenciado do serviço militar, antes do tempo regulamentar, ou seja, bem antes de eu ter atingido o tempo mínimo de cinco anos para ser licenciado da Força Aérea Brasileira.
Com suas peculiares experiência militar e sapiência civil, o ilustre brigadeiro se pronunciou sabiamente mais ou menos assim: "Não importa o tempo de serviço, porque, no caso, ele (se referindo a mim), como patriota, vai servir na vida civil tão bem como serve como militar".
Aproveito o ensejo para manifestar o me preito de gratidão ao Tenente Brigadeiro Délio Jardim de Mattos, que, à época, exercia o cargo de Ministro da Aeronáutica, em reconhecimento a seu ato ímpar de ter quebrado a regra tradicional da instituição, ao permitir a minha baixa da vida militar, para assumir cargo público na vida civil, que, para ele, ambas funções tinham a mesma importância, em termos de patriotismo e valorização do serviço destinado a servir à população.  
Essa atitude do militar de escol serve, com muitas clareza e propriedade, para exemplificar o verdadeiro sentido do que seja autêntico patriotismo.
Na vida civil, eu trabalhei por mais de 31 anos, tendo exercido importantes cargos, a justificar plenamente o pensamento de um dos mais ilustres militares da FAB, que tinha a sabedoria e a inteligência que muitos brasileiros, na atualidade, precisam apreciar e cultuar como importante lição de vida, para que muitas comparações insensatas sejam evitadas.
Os brasileiros têm o dever de respeitar todas as classes profissionais, não importando se elas são militares ou civis, porque todas são importantíssimas, no contexto e no conjunto das suas responsabilidades funcionais, institucionais, cívicas e patrióticas, por serem exercidas em nome do Brasil.
Brasil: apenas o ame.
Brasília, em 7 de janeiro de 2019

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