Circula, na mídia, estranha mensagem na tentativa de
apelo ao patriotismo diferenciado do professor, mais ou menos com o sentimento
de que o militar não é patriota tanto quanto o pessoal docente, que mesmo sem
receber salário, por mais de mês, continua ali no batente, fato que põe em questionamento
o patriotismo do militar.
Diante desse fato, entendi de elaborar o texto a
seguir, para enaltecer a necessidade de melhor compreensão sobre o exercício
profissional do servidor público, dando destaque para texto específico sobre a
importância do militar, não que ele seja melhor do que nenhum outro servidor
público, mas para lembrar que tanto o militar quanto os demais servidores são
extremamente importantes para o país.
Por considerar oportuno e bastante esclarecedor,
transcrevo aqui sábia citação que fez parte, certa feita, de discurso de Barack
Obama, ex-presidente norte-americano, de poema escrito por Charles M. Province,
em 1970, que diz o seguinte: “Para que servem os militares?” “É graças aos
soldados, e não aos sacerdotes, que podemos ter a religião que desejamos. É
graças aos soldados, e não aos jornalistas, que temos liberdade de imprensa. É
graças aos soldados, e não aos poetas, que podemos falar em público. É graças
aos soldados, e não aos professores, que existe liberdade de ensino. É graças
aos soldados, e não aos advogados, que existe o direito a um julgamento justo.
“É graças aos soldados, e não aos políticos que podemos votar”.
É lamentável que o militar ainda possa servir de
parâmetro para avaliação sobre as dificuldades por que passam as demais classes
profissionais.
Não há a menor dúvida de que nenhuma classe
profissional é mais importante do que a outra, porque o trabalho do conjunto
delas é que somente se torna possível a prestação dos serviços de incumbência
constitucional do Estado, que precisa valorizar a todas por igual, obviamente
sem distinção de quem é pior ou melhor.
É preferível se afirmar que não existe essa de dizer
quem é mais ou menos patriótico, porque o brasileiro, qualquer profissão que
exerça na esfera pública, precisa ter forte sentimento de patriotismo, em
quaisquer circunstâncias.
Nunca vou me esquecer de frase lapidar dita por um dos
mais importantes militares do Brasil, o Tenente Brigadeiro do Ar Délio Jardim
de Mattos (in memoriam), que justificou, muito bem fundamentado, o seu ato que
me autorizou a ser licenciado do serviço militar, antes do tempo regulamentar,
ou seja, bem antes de eu ter atingido o tempo mínimo de cinco anos para ser
licenciado da Força Aérea Brasileira.
Com suas peculiares experiência militar e sapiência
civil, o ilustre brigadeiro se pronunciou sabiamente mais ou menos assim:
"Não importa o tempo de serviço, porque, no caso, ele (se referindo a
mim), como patriota, vai servir na vida civil tão bem como serve como
militar".
Aproveito o ensejo para manifestar o me preito de
gratidão ao Tenente Brigadeiro Délio Jardim de Mattos, que, à época, exercia o
cargo de Ministro da Aeronáutica, em reconhecimento a seu ato ímpar de ter
quebrado a regra tradicional da instituição, ao permitir a minha baixa da vida
militar, para assumir cargo público na vida civil, que, para ele, ambas funções
tinham a mesma importância, em termos de patriotismo e valorização do serviço
destinado a servir à população.
Essa atitude do militar de escol serve, com muitas
clareza e propriedade, para exemplificar o verdadeiro sentido do que seja
autêntico patriotismo.
Na vida civil, eu trabalhei por mais de 31 anos, tendo
exercido importantes cargos, a justificar plenamente o pensamento de um dos
mais ilustres militares da FAB, que tinha a sabedoria e a inteligência que
muitos brasileiros, na atualidade, precisam apreciar e cultuar como importante
lição de vida, para que muitas comparações insensatas sejam evitadas.
Os brasileiros têm o dever de respeitar todas as
classes profissionais, não importando se elas são militares ou civis, porque
todas são importantíssimas, no contexto e no conjunto das suas
responsabilidades funcionais, institucionais, cívicas e patrióticas, por serem
exercidas em nome do Brasil.
Brasil: apenas o ame.
Brasília, em 7 de janeiro de 2019
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