sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Necessidade de moralização


Uma famosa atriz global que apoiou o presidente da República, na última eleição, e declarou voto quando ele era candidato, agora demonstra que não estar satisfeita com o governo.
Nas suas redes sociais, a atriz demonstrou revolta com a possibilidade de o senador por Alagoas ser eleito para o comando do Senado Federal, tendo o apoio do partido do presidente da República.
A atriz global declarou, em tom de protesto, que “Precisamos saber quem é quem no novo time de Brasília”, dando a entender que ela gostaria que fosse colocada ordem na casa, de modo que a esculhambação na política ficasse apenas no passado.
Ela ainda convocou os internautas para uma manifestação, marcada para ocorrer no próximo (20), na Avenida Paulista, em São Paulo, contra a eleição do senador alagoano.
Durante a campanha de outubro, a atriz deixou clara a sua simpatia pelo então candidato, que hoje preside o país, tendo chegado até mesmo a visitá-lo, na residência dele, após o atentado à faca que o político sofreu em Juiz de Fora (MG).
Ela também postou fotos, nas redes sociais, e, no dia da cerimônia de posse do presidente da República, em 1º de janeiro último, fazendo questão de torcer e acompanhar tudo, inclusive, verbis: "Desejando saúde, fé e força à família Bolsonaro na grandiosa missão de gerenciar o destino do Brasil junto com os brasileiros".
Ocorre que o senador alagoano está no pleno direito de se candidatar à Presidência do Senado Federal, embora, na qualidade de político que já é réu no Supremo Tribunal Federal e ainda respondendo a mais de uma dezena de inquéritos nessa Casa, ele tem mínimas condições morais para sequer representar o povo, quanto mais para ser presidente da Câmara Alta brasileira, porque isso é simplesmente o reconhecimento da completa falta de dignidade por parte de quem vota em político dessa espécie de desqualificação moral para, agora, dirigir seus eleitores no Senado e também os relevantes projetos de interesse da nação.
A verdade é que, se isso realmente acontecer e ainda mais com o apoio o mínimo que seja do presidente da República ou até mesmo por sua omissão ao processo eleitoral no Senado, por questão de conveniência política, diante da possibilidade de o senador alagoano garantir magnanimidade com o encaminhamento dos projetos referentes às reformas do governo, aí sim estar-se-ia configurada tremenda e inadmissível esculhambação no cenário político brasileiro.
Isso apenas se confirmaria a situação caótica que grassa no Parlamento, que funciona sob a influência dos interesses e das conveniências dos congressistas, conforme mostra a vergonhosa relação deles com os governos do passado, que não tiveram a dignidade de dizer em alto e bom tom que é preciso que os políticos criem vergonha na cara e parem de hipocrisia e demagogia, porque os brasileiros já não aguentam mais esse sistema político podre, seboso, fedorento e insuportável, de repugnável fisiologismo prejudicial ao interesse público e que é próprio das republiquetas, que não primam pela moralidade da sua administração.
Muitos brasileiros com a alma limpa e a mente sadia não concebem como político sem as mínimas condições morais, para participar da vida pública, ainda tem o disparate de insistir na sua aceitação por seus pares, quando ele deveria se conscientizar de que as ansiadas mudanças de moralidade impõem limpeza também na representatividade política, não cabendo mais que homens públicos investigados pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pela Justiça possam imaginar que podem representar condignamente o povo, quando isso deveria simplesmente ser sentimento do passado vergonhoso do mundo político, onde a promiscuidade predominava sem o menor escrúpulo.
Urge que tenha fim, em definitivo, esse sistema inaceitável, por ser visivelmente ilegítimo, de ainda se permitir que homens públicos envolvidos com atos suspeitos de irregularidades, como no caso do senador alagoano, participem de atividades políticas, e, o pior, em forma de representação do povo, porque isso é absolutamente incompatível com os princípios democrático e republicano, onde se exige o preenchimento dos requisitos de idoneidade moral e conduta moral ilibada, para o exercício de cargos e funções na administração do país.
A toda evidência, nos países sérios, civilizados e evoluídos, em termos políticos e democráticos, jamais alguém com a ficha-suja, vale dizer sendo suspeito da prática de atos irregulares, seria aceito como participante da vida pública, diante dos claros sentimentos de degeneração dos princípios morais e do decoro, cuja forma natural de irresponsabilidade com a coisa pública haveria de impede, necessariamente, a cumplicidade do povo desinformado nesses casos de indignidade e desonestidade incompatíveis com as atividades públicas, o que teria evitado essa desastrosa escolha do povo alagoano.
É preciso que, com a devida urgência, o povo entenda que não pode ser normal, à luz desse horroroso caso do senador alagoano, que pessoa sob investigação sobre a prática de ato delituoso seja transformado em seu lídimo representante; o Poder Legislativo aprove norma jurídica proibindo que político nessas situações recrimináveis tenha condições de ser eleito; e o Poder Judiciário atue com a devida celeridade no julgamento das ações pertinentes aos suspeitos da prática de atos irregulares.
Tudo isso mostra que o Brasil se encontra ano-luz da modernidade também na política, diante de aberrações há muito tempo ultrapassadas e sepultadas nos países sérios e desenvolvidos, que conseguiram captar as conquistas e os avanços obtidos pela humanidade, que não pode pagar por mentalidades atrofiadas de homens públicos que atuam sob os efeitos de seus interesses e suas conveniências políticos, em detrimento das causas do povo, em dissonância com as verdadeiras finalidades preconizadas pelas Ciências Políticas.
Convém que o novo governo, no âmbito da imperiosa necessidade de  moralização da administração do Brasil, providencie a aprovação de normas jurídicas proibindo a participação na vida pública, ou seja, vetando práticas de atividades políticas por cidadão que estiver sob suspeita da autoria de ato irregular com recursos públicos, sendo obrigatório o atestado de idoneidade moral e conduta ilibada, como exigência para a candidatura ao exercício de cargos ou funções públicos, de modo que essa medida seja extensiva também aos ocupantes de cargos públicos eletivos, caso em que o seu afastamento se dá imediatamente ao suscitamento das investigações pertinentes, permitindo-se o seu retorno ao cargo quando forem aclarados os motivos objeto das suspeitas de irregularidades.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 18 de janeiro de 2019

Nenhum comentário:

Postar um comentário