sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

A ideia e o seu ônus


Na agenda das comemorações anuais dos integrantes dos “Filhos de Candinha”, houve visita ao túmulo da patrona do grupo, tendo sido exposta foto do local e a sua publicação no Face da turma.
A impressão que eu tive foi a de que o túmulo da venerável e sempre amada Candinha é representado, composto, por singelo monte de areias, com uma cruz encimada, cercado por grade de ferro.
Diante disso, eu escrevi, se isso é verdade, porque eu posso ter me enganado, à primeira vista, proponho que seja erguida ali uma construção digna do que ela representa para o povo de Uiraúna.
          Eu me proponho a contribuir para o fundo constituído com essa finalidade, tendo esclarecido que, como eu não tenho condições de administrá-lo, convém que alguém se ofereça, de forma espontânea e generosa, para esse ato de caridade cristã, que até pode ser membro do Face ou pessoa da família dela, que cuidará de providenciar a arrecadação, em conta própria, e a construção da obra, o que se torna possível tirar aquele cercado pouco representativo para pessoa que eu já defendi que seja considerada heroína de Uiraúna, pelo tanto de trabalho de amor dedicado ao seu semelhante, tendo sido pessoa da maior importância para uma geração (agora acrescento: literalmente) de uiraunenses.
De imediato, a querida prima Vescijudith Fernandes Moreira disse que, “primeiro, precisamos conversar com a família de Madrinha Candinha sobre isso. Inclusive, há um filho dela que é proprietário de uma funerária em nossa cidade.
Em resposta, eu lhe disse o seguinte: Muito bem, prezada prima Vescijudith, penso que se trata de algo justo, por Candinha ter sido pessoa pública da maior expressão para a nossa geração.
Nessa minha linha de pensamento, caso seja a aceitação dos conterrâneos, em forma de apoio, em que cada um pode contribuir na conhecida forma de que, de grão em grão, a galinha enche o papo, tenho em mente, em igual situação, a singeleza do túmulo da ex-professora Jovelina Gomes, que também poderia merecer obra arquitetônica à altura da sua importância para a comunidade uiraunense, com a substituição do atual túmulo por outro igualmente à altura da sua simbologia educacional de um povo.
De igual modo, agora já com maior atribuição, já seria talvez o caso de se criar comissão para cuidar dessa importante missão cristã, porque eu proponho, por questão de isonomia de tratamento, que outras pessoas importantes para a cidade também tenham esse cuidado especial, em termos de se retribuir em carinho a sua importância de amor ao seu semelhante, evidenciado assim uma forma de reconhecimento por seu verdadeiro valor.
Por até estar imbuído do sentimento de exagero, propondo algo que pode envolver apenas um pouco de boa vontade, em nome do que pode ser justo e merecido, em divisão participativa que certamente não fará falta.
Agradeço pela compreensão sobre as minhas sensatas sugestões, evidentemente, na minha opinião.
A querida prima Vescijudit esclarece que éJusto, mas diferente do caso de Jovelina. Não podemos invadir a vontade íntima da família de Candinha. Que está sempre presente em nossa cidade.”.
Nesse ínterim, a prezada senhora Ubaldina Fernandes declarou que adere à minha proposta, dizendo que “faço minhas as suas palavras. Também tive a mesma impressão, ao ver imagem tão ‘simplória’ do túmulo, em detrimento da grandeza de alma de Mãe Candinha... Salvo se houver decisão em contrário da família, creio que a situação requer uma campanha urgente.”.
Por sua vez a senhora Naná Aquino declarou que “Concordo plenamente! Mais que merecida a essa grande pessoa Mãe Candinha.”.
Novamente a querida prima Vescijudith disse que “A família de Madrinha Candinha é quem tem que decidir, da mesma maneira que decidimos os túmulos de nossos parentes. Não podemos modificar a vontade deles, especialmente porque tem condições de edificar um túmulo.”.
Nessa parte, foi suscitada a questão de ordem se já havia sido consultada à família sobre a autorização para a realização da obra pretendida, quando o meu nome foi lembrado para se encarregar das tratativas pertinentes.
Nesse ponto, eu disse que agradecia imensamente o apoio da senhora Ubaldina Fernandes ao pleito que considero muito representativo para a cidade, por se tratar de pessoa que, como a conheci, por seu belíssimo trabalho humanitário, merece o nosso reconhecimento.
Eu confesso que já tinha até me arrependido da ideia, depois de pessoas ilustres se manifestarem contrariamente ao pleito, que respeito, mas mantenho minha sugestão, por entender que seria apenas pequena contribuição daqueles que concordassem com a essa medida que considero justíssima, evidentemente que tudo seria promovido com o devido consentimento da família.
Esclareço que essa questão da participação da família não foi abordada na inicial, porque isso seria resolvido se realmente as pessoas achassem que a medida é razoável e merecida, ou seja, em momento algum insinuei que a obra seria feita à revelia da família, diante da presença da insensatez da minha parte.
Caso eu tenha me expressado nesse sentido, que não foi, aproveito o ensejo para dizer apenas que, naquele momento, fui tocado por uma situação e nesse sentido sugeri sobre a possibilidade desse mutirão para homenagear uma das mais importantes mulheres de Uiraúna, evidentemente não desmerecendo tantas outras mulheres da cidade, igualmente importantes, mas, em termos de sentimento humanitário, só conheci ela, que tem o meu mais sagrado respeito e tenho certeza que, se a família dela consentir, há de haver entendimento para a construção de obra de melhor aparência do que aquela que é mostrada na foto, não que ele não fosse simples, porque ela era a irmã Santa Tereza de Calcutá de Uiraúna, guardadas, obviamente, as devidas proporções, em termos de assistência aos partos por ela realizados, a toda hora e todo momento, até mesmo na superação do sacrifício humano.
Ou seja, a simplicidade, que era símbolo da sua personalidade, não impede que ela seja devidamente homenageada por quem achar que ela merece algo à altura da sua importância como pessoa.
A querida prima Vescijudith se manifesta no sentido de que eu cuidasse do entendimento com a família de Candinha, nestes termos: “caro primo, ficaríamos felizes se tomasse à frente essa conversa com a família dela.”.
Foi quando a senhora Ubaldina Fernandes lembrou que “Na verdade, os integrantes que têm participado mais ativamente das comemorações do Grupo são os mais legitimados a fazerem uma visita a esses familiares e fazerem essa consulta... Quem sabe, aproveitando, agora, esse período festivo, quando muitos estão reunidos em Uiraúna. Nada mais oportuno e próprio para integrar a pauta das decisões...”.
Nessa vertente das conversas, eu fui muito infeliz na colocação, quando disse, impensadamente, que “não que eu queira tirar a minha responsabilidade nessa empreitada, mas eu, sinceramente, sou a pessoa menos qualificada para encabeçar as tratativas pertinentes,” porque não é assim que se faz, com tanta simplicidade, quando se é autor da ideia, que precisa assumir as suas consequências, nada justificando que eu tivesse dado a ideia e simplesmente me omitisse dos compromissos inerentes a ela, sendo absolutamente injusto que eu exigisse que outrem arcasse com o ônus decorrente, salvo se alguma alma generosa e de boa vontade se dignasse a ressalvar esse fato.
Daí a motivação essencial da elaboração desta crônica, para me desculpar com os amigos que foram levados a discutir e se manifestar sobre algo que deveria ter sido previamente melhor estudado e pensado para, somente depois, ser lançado como sugestão, já se conhecendo sobre a sua viabilidade de implementação.
Já agora, com base nas opiniões das pessoas, pensando melhor, não valeu pela tentativa, porque eu imaginava que a euforia que se faz em torno do nome da sempre veneranda Candinha valesse a pena o mínimo de sacrifício para a realização de obra de valorização do local onde ela se encontra sepultada.
Quem já leu o que escrevo, teve oportunidade de observar que eu fiz menção ao nome dela como verdadeira heroína de Uiraúna, pelo tanto que ela contribuiu em benefício para os filhos da cidade, incomparavelmente em dedicação ao seu oficio de cunho humanitário, que certamente teve o merecimento divino de salvar muitas vidas no seu diuturno trabalho que exercia em nome e com as graças de Deus.
Essa, talvez, tenha sido minha singela forma de tributo a pessoa sempre lembrada com carinho e amor especiais.
Para finalizar, agradeço a sensibilidade da prezada prima Vescijudith que, com muita sapiência, falou o que precisava ser realmente dito, na forma mais clara possível, tendo concluído que, verbis: “(...). Ficaremos muito contentes que quem tenha levantado essa bandeira mais uma vez, faça as vezes para essa campanha e conversa.”, porque ela se houve com a melhor clareza possível.
Ela mostrou, de maneira insistente, até eu entender, como não poderia ser diferente, que eu, sendo o pai da ideia, i.e., o pai da criança, cuidasse dela, sendo que eu tinha a obrigação de cuidar de tudo, sem empurrar o trabalho para os outros, inclusive de buscar os meios necessários para a implementação dela, com o que ela está coberta de razão, a qual trata da melhor lição de cidadania, posto que eu jamais deveria ter criado situação sem assumir a responsabilidade sobre as consequências, dedicando-se aos cuidados e às resoluções das questões e dos trabalhos pertinentes.
Com as minhas escusas e muito obrigado a todos.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 11 de janeiro de 2019

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