O
pai do senador eleito pelo Rio de Janeiro, que exerce a cargo de presidente da
República, demonstrou bom senso e sensatez quando afirmou que, “se ficar provado” se seu filho “errou”, ele “terá que pagar por essas ações, que não podemos aceitar”.
O
presidente do país precisava demonstrar, de forma clara e incisiva, exatamente
o que seja sensatez no exercício do principal cargo do país, no sentido de
repudiar, nas circunstâncias, atos não condizentes com a moralidade, posto que
qualquer atitude que sinalizasse na proteção do filho, que se envolveu no furacão
de escândalo financeiro, poderia comprometer os atos dele na administração do
país, que não pode se misturar com assuntos alheios ao interesse público, que
já exige o máximo da sua atenção, sob pena de prejudicar o bom desempenho da
nobre missão de cuidar das políticas públicas e dos graves problemas herdados
de outros governos.
Caso
o presidente quisesse se envolver nesse imbróglio que se meteu seu filho, que
se encontra completamente encalacrado em escândalo cada vez mais complicado, ele
simplesmente demonstraria perda do controle da situação e contribuiria para
suscitar mais desgaste político para o seu governo, quando, ao contrário, o
momento exige que a personalidade do presidente esteja voltada exclusivamente
para as graves questões nacionais, ou seja, acima de tudo, ele precisa demonstrar
muito equilíbrio nas decisões de governo.
Além
disso, para enfrentar os embates pertinentes às negociações políticas com o
Congresso Nacional, com a finalidade da aprovação das reformas e medidas consideradas
urgentes e essenciais para o país, o presidente tem que demonstrar extrema
firmeza e sensatez, focando a sua atenção exclusivamente para nas matérias
relacionadas com o seu cargo presidencial, ficando à distância de questões
familiares, mesmo que elas sejam da maior gravidade, mas cabe ao principal
envolvido prestar os esclarecimentos pertinentes, já que ele sozinho deu causa
ao episódio que não pode arrastar mais ninguém, nem mesmo seu pai, para igualmente servir de interlocutor nesse lamentável
episódio.
Pelo
visto, faltou equilíbrio e racionalidade por parte do presidente, que, embora
tivesse agido com bom senso, no início dos questionamentos, logo depois do que
havia afirmado, ele declarou que “não é
justo atingir um garoto, fazer o que estão fazendo com ele, para tentar me
atingir”, em clara evidência de que o presidente, de forma imprudente, estaria
se relacionando às estripulias do filho, ou seja, o mandatário do país dá a entender
que o caso do senador eleito pelo Rio de Janeiro pode estar sendo explorado
para atingir e comprometer o próprio governo.
O
principal envolvido e maior interessado nessa questão é o filho do presidente,
mas ele tem agido, evidentemente por conveniência, na tentativa de se salvar politicamente,
diante da total incapacidade de explicar e justificar, de forma plausível, as várias
suspeitas sobre a prática de irregularidades, que, na sua santa “ingenuidade”, insinua
que o episódio vem sendo alimentado com o firme propósito de desestabilizar a
Presidência da República, comandada por seu pai.
Por
envolver o filho do presidente e ainda pelo fato de que ambos são muito próximos
um do outro, uma vez que o primogênito tem costume de opinar em tudo que diz
respeito ao governo no qual ele nem deveria se imiscuir, por não fazer parte dele
e ainda por ter sido eleito para outro cargo da República e não exercer nenhuma
função nela, não tendo qualquer autoridade para tanto, fica difícil para desentranhar
a vinculação o presidente desse escândalo, que tem enorme potencial para causar
danos ao governo, se ele não distinguir o público do privado, ou seja, o Estado
e a família.
Daí
a premência natural sobre a maior motivação para que o senador eleito preste, o
mais rapidamente possível, os devidos e completos esclarecimentos e
justificativas acerca de rumorosas suspeitas sobre transações milionárias.
O
pior é que as suspeitas surgem quando outras nem tenham sido ainda detalhadas,
o que contribuem para complicar ainda mais o cenário político e aumentar a
gravidade da situação do senador eleito, que apenas tenta se esconder da imprensa,
ficando cada vez exposto aos questionamentos, diante da potencialização das
suspeitas, que ficam sem as necessárias justificativa não somente perante a
opinião pública, mas o seu eleitorado, que acreditou na conduta de correção
como homem público.
O
caso envolvendo o filho do presidente do país deixa de ser mero indício, porque,
no gabinete dele, ainda no exercício de deputado estadual pelo Rio de Janeiro, havia
a prática do chamado “rachid” - forma de esquema de devolução ao titular do
gabinete de parte do salário que recebem os servidores ali lotados – e ainda a
estranha movimentação na sua conta de depósitos fracionados, com intervalos um
e outro, no total de R$ 96 mil, porque agora apareceu a acusação do
envolvimento dele com elementos ligados à organização criminosa, o que aumenta
o perigoso político acerca das suspeitas e acusações.
Como
visto, há notícia de que o então deputado estadual, por via do seu gabinete na
Assembleia do Rio de Janeiro, contratou a mulher e a mãe do chefe do chamado “Escritório do Crime”, uma das principais
milícias do Rio, onde elas trabalharam até novembro último.
Diante
disso, o senador eleito se considera “vítima
de uma campanha difamatória com o objetivo de atingir o governo de Jair
Bolsonaro”, tendo afirmado que as duas funcionárias foram contratadas “por indicação do ex-assessor Fabrício
Queiroz”, que teria sido mero e modestamente motorista, mas, nesse caso,
pasmem, ele tinha poder para a indicação de funcionários para trabalhar no
gabinete do parlamentar, fato esse que bem demonstra o nível desse político,
que não tem a mínima dignidade para assumir seus atos na vida pública.
É
bastante estranho que, apesar do salário de motorista, aquele assessor chegou a
movimentar o montante de R$ 1,2 milhão em sua conta, fato este que despertou a
atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), cuja
desconfiança deu origem ao escândalo que parece estar apenas começando, no
torvelinho de histórias que se adensam em fatos nebulosos, que se encaminham
para rumos nada alentadores, quando o seu principal envolvido apenas demonstra ter
buscado o melhor jeito para nada esclarecer e impedir que outros o façam, só que
que os fatos mostram que ele pode sugar, de forma inevitável, o governo para o epicentro
da cachorrada e complicar a vida política do presidente brasileiro, que já
demonstrou que também não leva muito jeito para administrar situações complicadas.
Como
nesse angu de carroço agora tem ingrediente explosivo, com a comprovada participação
de integrantes de organização criminosa com sede nas terríveis milícias do Rio
de Janeiro - grupos de extermínio formados por ex-policiais travestidos de
justiceiros - que foram seguidamente homenageados pelo então deputado estadual,
a situação do senador eleito passa a ser de pura nitroglicerina, com capacidade
para explosão a qualquer momento, conforme mostram os fatos.
O
pior é que o filho do presidente, quando ainda era deputado estadual, disse que
as milícias se dedicam a “expurgar do
seio da comunidade o que há de pior: os criminosos” e que “há uma série de
benefícios nisso”, na verdade, todos sabem as reais atividades truculentas,
devastadoras, enfim, criminosas protagonizadas pelos integrantes das milícias, em
total desarmonia com os princípios humanitários e de civilidade, que jamais
poderia ter a aproximação de homens públicos, diante do saudável entendimento
segundo o qual a sua precípua função é justamente a defesa do interesse público,
que não condiz com os objetivos espúrios dos milicianos.
Os
fatos mostram o altíssimo grau complicador engendrado pelo senador eleito pelo
Rio de Janeiro, que, na qualidade de homem público, precisa, com a devida urgência,
esclarecê-los e justificá-los, da melhor forma possível, com a devida minúcia e
de modo que as suas explicações sejam capazes não somente de evidenciar a sua
inocência nesse imbróglio, mas, em especial, de imunizar seu pai de qualquer
envolvimento neles, mesmo que minimamente, diante da urgente distinção que
precisa e convém ser feita, como forma imperativa de que as atividades públicas
devam ser praticadas sob a fiel observância dos salutares princípios da dignidade,
da moralidade, do decoro, da transparência e sobretudo da honestidade, para que
não pairem dúvidas sobre a sua conduta e a do seu pai, que precisa se
concentrar nas pletoras questões inerentes às políticas de Estado.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 27 de janeiro de 2019
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